tag:blogger.com,1999:blog-38591860092273051272024-03-06T19:34:57.074-08:00Gene RepórterUnknownnoreply@blogger.comBlogger651125tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-61017771202593369862023-12-21T22:10:00.000-08:002023-12-31T12:03:17.446-08:00Quiz de Natal: Quem disse a frase?<p>Quem é o autor do trecho abaixo reproduzido? E quando foi enunciado?</p><p>"<i>Compreende-se aliás perfeitamente o grande interesse dos cientistas e das instituições de pesquisa pelo trabalho de divulgação. É que a ciência, seja amparada diretamente pelos governos, seja patrocinada por entidades particulares, depende em última instância do apoio do público para sua manutenção, e tanto mais quanto mais dependente se torna ela de apurados meios de trabalho e caras instalações. Ora, aquele apoio só pode ser sinceramente dado quando haja, da parte do doador, profunda compreensão do valor da pesquisa científica; de outro modo seria ele precário, sujeito mais ao capricho ou à vaidade dos doadores do que à sua determinação de efetivamente servir à comunidade. E então os cientistas não passariam de casta apenas tolerada, sempre incerta quanto ao apoio dos eventuais mecenas e, pior ainda, insegura quanto ao verdadeiro conceito que de seu trabalho fizessem.</i>"</p><p>a) José Reis, 1954;</p><p>b) Carl Sagan, 1980;</p><div>c) Walter Bodmer, 1985;</div><p>d) Maria da Graça Mascarenhas, 1999;</p><p>e) Ennio Candotti, 2009.</p><p>-----------</p><p>A resposta será colocada na atualização desta postagem.</p><p>==========</p><p><b>Upideite(31/dez/2023): </b>O trecho é de autoria de José Reis, em contribuição para a revista <a href="https://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=003069&pagfis=1646">Ciência e Cultura</a>, da SBPC, em 1954. O discurso poderia ter sido feito hoje de manhã em praticamente qualquer país e, possivelmente, será atual ainda por um certo tempo - ao menos na parte sobre para que a DC seria importante; a parte do interesse e valorização da atividade pela academia tem sido um tanto variável.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-63202661980894175022023-12-14T08:42:00.000-08:002023-12-14T08:42:25.329-08:00A DC à luz das conferências estaduais preparatórias para a 4a Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia<p>Destaco aqui as citações relativas à divulgação científica nas <a href="https://drive.google.com/file/d/1OTufN9oU3BjSO8LjSjz3fQK2bH_DcHfE/view?usp=drive_link">memórias das conferências estaduais de ciência e tecnologia</a> preparatórias para a 4a Conferência Nacional de Ciência Tecnologia em 2010. (A 5a Conferência será realizada <a href="https://www.cgee.org.br/-/convocada-a-5-conferencia-nacional-de-ciencia-tecnologia-e-inovacao">ano que vem</a>.)</p><p><b>AC:<br /></b>Eixo IV – Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social<br />Difusão e popularização da Ciência em todo o Estado do Acre.</p><p><b>AP:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>AM:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>BA:<br /></b>"Popularizar a ciência, a tecnologia e a inovação, a melhoria do ensino básico, fundamental e, mais notadamente, do ensino das matérias diretamente relacionadas com a Ciência, juntamente com a criação e o aperfeiçoamento de tecnologias para o desenvolvimento social."</p><p><b>CE:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>DF:<br /></b>Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social<br />Difusão do conhecimento científico e tecnológico e de inovações</p><p><b>ES:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>GO:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>MA:<br /></b>Eixo IV - C,T&I para o Desenvolvimento Social<br />Construção de uma cultura científica<br /></p><p><b>MT:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>MS:<br /></b>Eixo 1: Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação<br />Ausência de políticas eficientes locais e regionais de estímulo, discussão* e divulgação de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e cultura científica.<br />Eixo 4: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social<br />Ineficiência dos meios de comunicação da CT&I, de espaços científico-culturais e de eventos públicos de divulgação científica.<br />Reduzida integração entre instituições que fomentam e promovem a cultura científica (agências, institutos, universidades, escolas etc.).</p><p><b>MG:<br /></b>Cuidando da Terceira Missão das Universidades</p><p><b>PA:<br /></b>Eixo 4<br />Construção e Manutenção da Cultura Científica: linguagens indígenas do estado</p><p><b>PB:<br /></b>P,D&I EM ÁREAS ESTRATÉGICAS<br />Estimular a formação e capacitação de profissionais, técnicos, pesquisadores, professores e gestores nas várias áreas associadas a Mudanças Climáticas e Desertificação, bem como o fomento à pesquisa e à difusão de conhecimentos nessa área, em uma visão contextual, transdisciplinar, interinstitucional e regional/nacional. Complementarmente, institucionalizar e garantir a implementação dos PAES enquanto integrantes do conjunto das políticas de governo;</p><p><b>PR:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>PE:<br /></b>Ciência e Educação Superior<br />Construção da Cultura Científica</p><p><b>RJ:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>RS:<br /></b>Eixo IV) Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social (Produção de Conhecimento, Educação e CT&I, Democratização e Cidadania)<br />Construção da Cultura Científica;<br />popularização, difusão e apropriação da C&T;<br />patrimônio Histórico: dinâmicas, memória, preservação e difusão;<br />conhecimento científico e diversidade de saberes</p><p><b>RR:<br /></b>sem menção explícita</p><p><b>SC:<br /></b>Eixo A: Sistema Catarinense de CT&I - consolidação e expansão Diretrizes básicas:<br />Consolidação da infraestrutura de pesquisa em centros de pesquisa e institutos tecnológicos; disseminação do conhecimento científico e tecnológico.<br /><br /></p><p>ht: <a href="https://www.linkedin.com/in/luiz-bento/?originalSubdomain=br">Luiz Bento</a></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-85265422139759768162023-07-01T22:06:00.036-07:002024-02-05T22:58:38.905-08:00Toot buona gente: Pequeno diretório de cientistas e divulgadores no fediverso (especialmente em instâncias Mastodon)*Fediverso é o nome dado ao conjunto de servidores (computadores dedicados) independentes e interconectados que hospedam plataformas de mídias sociais. Não há nenhum dono dessa rede, mas qualquer um que tenha conta em um servidor, em princípio, pode conversar com qualquer outra pessoa que esteja em qualquer servidor dessa rede.<div><br /></div><div>Uma das plataformas mais conhecidas é o Mastodon, que permite configurar serviços de microblogging. Mas há outras como o Peertube (de hospedagem e exibição de vídeos), o Pixelfed (de hospedagem de fotografias e outras imagens estáticas) e várias mais.</div><div><br /></div><div>Abaixo segue uma lista (que será atualizada constantemente) de perfis de cientistas/divulgadores científicos (brasileiros e estrangeiros) em alguma instância do fediverso.</div><div><br /></div><div><b>Brasil (brasileiros e/ou baseados no Brasil):</b></div><div><ul style="text-align: left;"><li>Adolfo Neto (Fronteiras da Engenharia de Software): <a href="https://bertha.social/@adolfoneto">https://bertha.social/@adolfoneto</a>;</li><li>Adriana Lippi (Espraiada): <a href="https://ursal.zone/@drilippi">https://ursal.zone/@drilippi</a>;</li><li>Alessandro Nascimento (Biologia): <a href="https://mstdn.science/@asnascimento">https://mstdn.science/@asnascimento</a>;</li><li>Ana Arnt (Blogs de Ciência da Unicamp): <a href="https://bertha.social/@ntsnaleatorias">https://bertha.social/@ntsnaleatorias</a>;</li><li>André Thieme (Dragões de Garagem): <a href="https://bertha.social/@althieme">https://bertha.social/@althieme</a>;</li><li>Bárbara Rocha (linguística): <a href="https://mastodon.com.br/@not_that_barb">https://mastodon.com.br/@not_that_barb</a>;</li><li>Blogs de Ciência da Unicamp: <a href="https://bertha.social/@blogsunicamp">https://bertha.social/@blogsunicamp</a>;</li><li>Carlos Hotta (Cientista no Jardim): <a href="https://mastodon.social/@hotta">https://mastodon.social/@hotta</a>;</li><li>Carlos Orsi (IQC): <a href="https://toot.community/@carlosorsi">https://toot.community/@carlosorsi</a>;</li><li>Carol Frandsen (biologia/design): <a href="https://bertha.social/@clorofreela">https://bertha.social/@clorofreela</a>;</li><li>Carolina Landi (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@carol_landi">https://bertha.social/@carol_landi</a>;</li><li>ccult.org: <a href="https://bertha.social/@siteccult">https://bertha.social/@siteccult</a>;</li><li>Claus Aranha (computação): <a href="https://scholar.social/@caranha">https://scholar.social/@caranha</a>;</li><li>Cleanto Fernandes (biologia): <a href="https://bertha.social/@cleanto">https://bertha.social/@cleanto</a>;</li><li>Daniel Bezerra (física): <a href="https://mastodon.com.br/@Dbohr">https://mastodon.com.br/@Dbohr</a>;</li><li>Dayane Machado (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@Dayftmachado">https://bertha.social/@Dayftmachado</a>;</li><li>Dragões de Garagem: <a href="https://mastodon.social/@dragoesdegaragem">https://mastodon.social/@dragoesdegaragem</a>;</li><li>Dri Cabanelas (Microbiando): <a href="https://bertha.social/@dri_cabanelas">https://bertha.social/@dri_cabanelas</a>;</li><li>Eduardo Walter (física): <a href="https://bertha.social/@procrastiwalter">https://bertha.social/@procrastiwalter</a>;</li><li>Elton Carvalho (física): <a href="https://bertha.social/@eltonfc">https://bertha.social/@eltonfc</a>;</li><li>Erica Mariosa (Blogs de Ciência da Unicamp): <a href="https://bertha.social/@ericamariosa">https://bertha.social/@ericamariosa</a>;</li><li>Felipe Campelo (engenharia): <a href="https://bertha.social/@fcampelo">https://bertha.social/@fcampelo</a>;</li><li>Felipe Siles (musicologia): <a href="https://ayom.media/@felipesiles">https://ayom.media/@felipesiles</a>;</li><li>Francisco Sassi (biologia): <a href="https://bertha.social/@sassichico">https://bertha.social/@sassichico</a>;</li><li>Gabriel Brejão (ecologia): <a href="https://ecoevo.social/@gbrejao">https://ecoevo.social/@gbrejao</a>;</li><li>Gabriela Sobral (biologia): <a href="https://mastodon.social/@gabisobral">https://mastodon.social/@gabisobral</a>;</li><li>Gene Repórter: <a href="https://bertha.social/@genereporter">https://bertha.social/@genereporter</a>;</li><li>Giane Higino (química): <a href="https://mastodon.social/@higinogiane">https://mastodon.social/@higinogiane</a>;</li><li>Graciele de Oliveira (química): <a href="https://bertha.social/@gracidade">https://bertha.social/@gracidade</a>;</li><li>Guilherme Ximenes (Olá, Ciência!): <a href="https://bertha.social/@guiximenes">https://bertha.social/@guiximenes</a>;</li><li>Gustavo Ogasawara (agronomia/em inglês): <a href="https://qoto.org/@gojonnes">https://qoto.org/@gojonnes</a>;</li><li>Iara Souza (biblioteconomia): <a href="https://conversafiada.net/@iaravps">https://conversafiada.net/@iaravps</a>;</li><li>Julia Brazolim (Missão Exoplaneta): <a href="https://bertha.social/@juliabrazolim">https://bertha.social/@juliabrazolim</a>;</li><li>Karine Kavalco (Rock com Ciência): <a href="https://bertha.social/@kfkavalco">https://bertha.social/@kfkavalco</a>;</li><li>Leandro Tessler (Cultura Científica): <a href="https://bertha.social/@lrtessler">https://bertha.social/@lrtessler</a>;</li><li>Leonardo Ferreira Fontenelle (medicina): <a href="https://mastodon.social/@lffontenelle">https://mastodon.social/@lffontenelle</a>;</li><li>Letícia Magpali (Rainha das Baleias): <a href="https://bertha.social/@leticiamagpali">https://bertha.social/@leticiamagpali</a>;</li><li>Lucas Lattari (Universo Discreto): <a href="https://bertha.social/@universodiscreto">https://bertha.social/@universodiscreto</a>;</li><li>Luiz Picolo (computação): <a href="https://social.luizpicolo.com.br/@luizpicolo">https://social.luizpicolo.com.br/@luizpicolo</a>;</li><li>Marcelo Pereira (DDC/UFMG): <a href="https://komuna.digital/@marcelopereira">https://komuna.digital/@marcelopereira</a>;</li><li>Marcelo Soares (jornalismo): <a href="https://journa.host/@msoares">https://journa.host/@msoares</a>;</li><li>Marcelo Valério (educação): <a href="https://bertha.social/@profmvalerio">https://bertha.social/@profmvalerio</a>;</li><li>Marco Castro (engenharia): <a href="https://bertha.social/@marcocastro">https://bertha.social/@marcocastro</a>;</li><li>Mariana Lenharo (jornalista): <a href="https://bertha.social/@marilenharo">https://bertha.social/@marilenharo</a>;</li><li>Marina Monteiro (Dragões de Garagem): <a href="https://bertha.social/@mahideia">https://bertha.social/@mahideia</a>;</li><li>Masashi Inoue (patrono): <a href="https://bertha.social/@Inoue">https://bertha.social/@Inoue</a>;</li><li>Matemático fã do Euler (matemática): <a href="https://social.linux.pizza/@matematico314">https://social.linux.pizza/@matematico314</a>;</li><li>Meclycia Shamara (ciências forenses): <a href="https://bertha.social/@meclycia">https://bertha.social/@meclycia</a>;</li><li>Mirna Tonus (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@mtonus">https://bertha.social/@mtonus</a>;</li><li>Monique Oliveira (jornalismo): <a href="https://fediscience.org/@moniqueoliveira">https://fediscience.org/@moniqueoliveira</a>;</li><li>Moura Netto (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@mlnetto">https://bertha.social/@mlnetto</a>;</li><li>Nelson Sant'Ana (matemática): <a href="https://bertha.social/@nelsonsantana">https://bertha.social/@nelsonsantana</a>;</li><li>Nina da Hora (computação): <a href="https://social.linux.pizza/@ninadhora">https://social.linux.pizza/@ninadhora</a>;</li><li>Olga Chaim (farmácia): <a href="https://bertha.social/@olgachaim">https://bertha.social/@olgachaim</a>;</li><li>Pablo Moço (Instante Biotech): <a href="https://fim.social/@pablomoco">https://fim.social/@pablomoco</a>;</li><li>Paulina Arce (biologia): <a href="https://bertha.social/@Paulina">https://bertha.social/@Paulina</a>;</li><li>Piter Keo (biologia): <a href="https://bertha.social/@piterkeo">https://bertha.social/@piterkeo</a>;</li><li>Quilombo Ciência: <a href="https://mastodon.social/@QuilomboCiencia">https://mastodon.social/@QuilomboCiencia</a>;</li><li>Rádio Colibri: <a href="https://bertha.social/@radiocolibri">https://bertha.social/@radiocolibri</a>;</li><li>Rafael Calsaverini (física): <a href="https://bertha.social/@rcalsaverini">https://bertha.social/@rcalsaverini</a>;</li><li>Raissa Melo (veterinária): <a href="https://bertha.social/@raissamelo">https://bertha.social/@raissamelo</a>;</li><li>Rogério Bittencourt (enfermagem): <a href="https://bertha.social/@rogbitt">https://bertha.social/@rogbitt</a>;</li><li>Rubens Pasa (Rock com Ciência): <a href="https://bertha.social/@rpasa">https://bertha.social/@rpasa</a>;</li><li>Sabrina Carmo (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@sbrinacarmo">https://bertha.social/@sbrinacarmo</a>;</li><li>Sarah Schmidt (jornalismo): <a href="https://bertha.social/@sarah_cschmidt">https://bertha.social/@sarah_cschmidt</a>;</li><li>Tassio Denker (direito): <a href="https://bertha.social/@tassiodenker">https://bertha.social/@tassiodenker</a>;</li><li>Tavos Silva (literatura): <a href="https://masto.donte.com.br/@tavosmm">https://masto.donte.com.br/@tavosmm</a>;</li><li>Victor Guida (Arqueologia e Pré-História): <a href="https://bertha.social/@vguida">https://bertha.social/@vguida</a>;</li><li>Victor Hugo (análise de sistema): <a href="https://bertha.social/@VITOWSKI40">https://bertha.social/@VITOWSKI40</a>;</li></ul></div><div><br /></div><div><b>Exterior (estrangeiros baseados no exterior):</b></div><div><ul style="text-align: left;"><li>Alex Wild (entomologia, USA): <a href="https://mastodon.online/@alexwild">https://mastodon.online/@alexwild</a>;</li><li>Alice Roberts (antropologia, GBR): <a href="https://mastodonapp.uk/@aliceroberts">https://mastodonapp.uk/@aliceroberts</a>;</li><li>Brian Cox (física, GBR): <a href="https://universeodon.com/@profbriancox">https://universeodon.com/@profbriancox</a>;</li><li>Carl T Bergstrom (biologia, USA): <a href="https://fediscience.org/@ct_bergstrom">https://fediscience.org/@ct_bergstrom</a>;</li><li>Erik Conway (história da ciência, USA): <a href="https://mstdn.social/@erikconway">https://mstdn.social/@erikconway</a>; </li><li>Evolution Letters: <a href="https://ecoevo.social/@EvolLetters">https://ecoevo.social/@EvolLetters</a>;</li><li>GrrlScientis: <a href="https://newsie.social/@GrrlScientist">https://newsie.social/@GrrlScientist</a>;</li><li>JobRxiv: <a href="https://mas.to/@jobRxiv">https://mas.to/@jobRxiv</a>;</li><li>Lucky Tran (meio ambiente, USA): <a href="https://med-mastodon.com/@luckytran">https://med-mastodon.com/@luckytran</a>;</li><li>Popular Science: <a href="https://universeodon.com/@popsci">https://universeodon.com/@popsci</a>;</li><li>The Conversation US: <a href="https://newsie.social/@TheConversationUS">https://newsie.social/@TheConversationUS</a>;</li><li>Thomaz Holtz (paleontologia, USA): <a href="https://sciencemastodon.com/@Arctomet">https://sciencemastodon.com/@Arctomet</a>;</li><li>Trends in Cell Biology (biologia celular, USA): <a href="https://mstdn.science/@TrendsCellBio">https://mstdn.science/@TrendsCellBio</a>;</li></ul></div><div><br /></div><div><b>Instâncias dedicadas à ciência:</b></div><div><i>Brasil</i><br />bertha.social: <a href="https://bertha.social/about">https://bertha.social/about</a></div><div><i>Exterior</i></div><div>Fediscience: <a href="https://fediscience.org/about">https://fediscience.org/about</a></div><div>sciencemastodon.com: <a href="https://sciencemastodon.com/about">https://sciencemastodon.com/about</a> </div><div>Scholar Social: <a href="https://scholar.social/about">https://scholar.social/about</a></div><div>mstdn.science (microbiologia); <a href="https://mstdn.science/about">https://mstdn.science/about</a></div><div><br /></div><div>Lista de perfis de ciência no Mastodon:</div><div><a href="https://find-masto-folks.vercel.app/">https://find-masto-folks.vercel.app/</a> (ht <a href="https://bertha.social/@ntsnaleatorias">Ana Arnt</a>)</div><div><br /></div><div>*Trocadilho com o nome ('toot') das postagens no Mastodon.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-15199319956836894972023-06-11T12:36:00.004-07:002023-06-11T12:45:14.919-07:00Nem tudo o que doureja é lúzio 9Mais uma rodada da <a href="http://genereporter.blogspot.com.br/2009/10/nem-tudo-o-que-doureja-e-luzio.html">gaiata ciência</a>.<br />
<ul>
<li>Hall, N. 2014. <a href="http://genomebiology.biomedcentral.com/articles/10.1186/s13059-014-0424-0">The Kardashian index: a measure of discrepant social media profile for scientists</a>. Genome Biology 15:424. <span style="font-size: x-small;">Índice proposto para medir a discrepância entre a popularidade de um cientista e sua importância acadêmica. via <a href="https://twitter.com/alesscar/status/791048129277812737">@alesscar</a>.</span></li>
<li>Hamilton, A.J.; May, R.M & Waters, E.K. 2015. <a href="https://www.nature.com/articles/520042a">Here be dragons</a>. Nature 520: 42-3. <span style="font-size: x-small;">Os autores sugerem em brincadeira em torno de 1o de abril que os padrões de temperaturas globais são indícios da existência de dragões. via <a href="https://www.facebook.com/leandro.tessler/posts/1172175662951700">Leandro Tessler</a> fb.</span></li>
<li>Hopkinson, J.A. & Hopkinson, M.A. 2013. <a href="https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.5694/mja13.10218">The hobbit — an unexpected deficiency</a>. The Medical Journal of Australia 199(11): 805-6. <span style="font-size: xx-small;">Uma análise do possível papel da falta de vitamina D na vitória do bem contra o mal em The Hobbit, romance de J.R.R. Tolkien.</span></li>
<li>Kane, SR. & Selsis, K. 2014. <a href="https://arxiv.org/abs/1403.8146">A Necro-Biological Explanation for the Fermi Paradox</a>. preprint no arXiv. <span style="font-size: x-small;">Os autores analisam os riscos da psicose espontânea necroanimadora se espalhar pelo universo junto com a vida elaborando uma equação de Drake modificada para calcular a prevalência de planetas tomados por zumbis e responder ao paradoxo de Fermi. via <a href="https://www.facebook.com/rodrigo.veras.96/posts/1150381941724346">Rodrigo Veras</a> fb.</span></li>
<li>Lystad, RP & Brown, BT. 2019. <a href="https://injepijournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40621-018-0174-7">“Death is certain, the time is not”: mortality and survival in Game of Thrones</a>. Injury Epidemiology 5:44. <span style="font-size: x-small;">Análise das causas de morte na série Game of Thrones. via <a href="https://www.facebook.com/ruthhelena.bellinghini/posts/2085784608178708">Ruth Helena Bellinghini</a>.</span></li>
<li>Trump, D. 2016. Proof of the Riemann Hypothesis utilizing the theory of Alternative Facts. <span style="font-size: x-small;">David Johnson brinca com o conceito de "<a href="https://www.theguardian.com/commentisfree/2017/jan/23/kellyanne-conway-alternative-facts-lies">fatos alternativos</a>" (aka '<i>mentira deslavada</i>') avançado por Kellyanne Conway assessora do presidente americano Donald Trump para apresentar uma visão da equipe a respeito do público que acompanhou a cerimônia de posse presidencial, notadamente menor do que as cerimônias de inauguração das presidências de Barack Obama. via <a href="https://www.facebook.com/carlos.orsi.m/posts/1340841905955664">Carlos Orsi</a> fb.</span></li><li><span>Habgood-Coote et al. 2023. <a href="https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/meta.12599">Can a good philosophical contribution be made just by asking a question?</a> Metaphilosophu 54(1): 54.</span><span style="font-size: x-small;"> O artigo consiste unicamente no título e dados de autoria. Pelo menos está em Open Access. (Uma pergunta que suscita é se os autores pagaram alguma coisa.) Mas o método da <a href="https://www.harvard.com/book/the_socratic_method/">maiêutica socrática</a> consiste basicamente em fazer uma série de perguntas, de modo que o próprio interlocutor desenvolva seu pensamento ao respondâ-las. via Éverton Fernandes fb.*</span></li>
</ul>
<br />
*<b>Upideite(11/jun/2023):</b> O artigo vem com um <a href="https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/meta.12600">comentário à parte</a> dos próprios autores (exigência dos editores para a publicação do outro "artigo". Curiosamente, os autores não citam Sócrates.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-39259604628640058442023-04-16T09:43:00.002-07:002023-04-20T09:17:15.661-07:00Pequeno diretório de boletins de e sobre DC<p><b>Boletins, newsletters, informativos sobre DC (voltada para os divulgadores científicos, discute questões sobre o pensar e o fazer da divulgação de ciências)</b>:</p><p>*<a href="https://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/busca?searchword=Boletim%20Ci%C3%AAncia%20&Sociedade=&searchphrase=all">Ciência & Sociedade</a> (Museu da Vida/Fiocruz). Mensal. Gratuito. "<i>informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz)</i>"<br />*<a href="https://genereporter.substack.com/">Coaxo Caixeiro</a> (Gene Repórter). Aperiódico (domingos, 0h). Gratuito. "<i>boletim aperiódico do mundo da divulgação científica brasilo-mundial (artigos e estudos, eventos e curss)os, ferramentas, opiniões e análises…)</i>"<br />*Newsletter da RedeComCiência (<a href="https://www.redecomciencia.org/">RedeComCiência</a>). Aperiódico. Apenas para membros da rede. "<i>newsletter com dicas de eventos, ferramentas e outros insights que possam interessar a nossa comunidade</i>"</p><p><b>Boletins, newsletters, informativos de DC (fala sobre temas relacionados às ciências para o público não especialista)</b>:</p><p>*<a href="https://agencia.fapesp.br/subscribe/">Agência FAPESP Newsletter</a> (Agência Fapesp). Gratuito.<br />*<a href="https://ccult.org/newsletter/">Cesta Científica</a> (ccult.org). Aperiódico (sextas-feiras). Gratuito. "<i>uma curadoria especial de conteúdos sobre a cultura científica e ensino de ciências gratuitamente em seu e-mail</i>"<br />*<a href="http://portal.sbpcnet.org.br/jornal-da-ciencia/">Jornal da Ciência</a> (SBPC). Diário (por volta das 13h). Gratuito. "<i>publicação de divulgação científica da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)</i>"<br />*<a href="https://mahideia.substack.com/">Mahideia</a> (Marina Monteiro). Quinzenal (quartas-feiras). Gratuito. "<i>a newsletter about COISAS</i>"<br />*<a href="https://nucleo.jor.br/newsletters/poligono/">Polígono</a> (Núcleo Jornalismo). Semanal (terças-feira, por volta das 10h). Gratuita. "<i>traz os principais assuntos e debates de ciência nas redes sociais</i>"<br />*<a href="https://revistapesquisa.fapesp.br/newsletter/">Revista Pesquisa FAPESP</a> (Revista Pesquisa). Gratuito.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-4894908488357784232023-04-06T15:19:00.002-07:002023-05-24T19:08:17.852-07:00Divagação Científica - divulgando ciências cientificamente 40: revisões de terminologias e conceitos<p>Pequena lista de artigos com revisões terminológicas e conceituais.</p><p>*<b>Bueno, WC. 1985.</b> <a href="https://biopibid.paginas.ufsc.br/files/2013/12/Jornalismo-cient%C3%ADfico-conceito-e-fun%C3%A7%C3%A3o.pdf">Jornalismo científico: conceito e funções</a>. Ciência e Cultura 37(9): 1420-7.<br /><i>Conceitos:</i> Difusão científica, Disseminação científica, Divulgação científica, Jornalismo científico.</p><p>*<b>Burns, TW; O'Connor, DJ & Stocklmayer, SM. 2003.</b> <a href="https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/09636625030122004">Science communication: a contemporary definition</a>. PUS 12(2): 183-202.<br /><i>Conceitos:</i> Science communication/Communication, Public awareness of science/Awareness, Public understanding of science/Understanding, Scientific culture, Scientific literacy, Public(s) (lay public, science community/science practioners), Participants, Outcomes and responses, Science. (adido a 07.abr.2023)</p><p>*<b>Germano, MG & Kulesza, WA. 2007.</b> <a href="https://periodicos.ufsc.br/index.php/fisica/article/view/1546">Popularização da ciência: uma revisão conceitual</a>. Caderno Brasileiro de Ensino de Física 24(1): 7-25.<br /><i>Conceitos:</i> Vulgarização da ciência, Alfabetização científica, Divulgação científica, Popularização da ciência.</p><p>*<b>Caribé, RCV. 2015.</b> <a href="https://brapci.inf.br/index.php/res/v/93078">Comunicação científica: reflexões sobre o conceito</a>. Informação & Sociedade: Estudos 25(3):89-104.<br /><i>Conceitos:</i> Comunicação científica, Difusão científica, Disseminação da ciência (intrapares, extrapares), Divulgação científica, Popularização da ciência/científica, Alfabetização científica/em ciências, Comunicação pública da ciência, Cultura científica (da ciência, pela ciência, para a ciência).</p><p>*<b>Bucchi, M & Trench, B. 2016.</b> <a href="http://www.tecnoscienza.net/index.php/tsj/article/view/277">Science Communication and Science in Society: A Conceptual Review in Ten Keywords</a>. Tecnoscienza 7(2): 151-68.<br /><i>Conceitos:</i> Popularisation, Model of communication, Deficit, Dialogue, Engagement, Participation, Publics, Expertise, Visible scientists, Scientific culture/Culture of science.</p><p>*<b>Cunha, RB. 2017. </b><a href="https://www.scielo.br/j/rbedu/a/cWsmkrWxxvcm9RFvvQBWm5s/">Alfabetização científica ou letramento científico?: interesses envolvidos nas interpretações da noção de scientific literacy</a>. Rev. Bras. Educ. 22(68): 169-86.<br /><i>Conceitos:</i> Alfabetização científica, letramento científico, scientific literacy.</p><p>*<b>Rocha, M; Massarani, L & Constanza, P. 2017.</b> <a href="http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/120620">La divulgación de la ciencia en América Latina: términos, definiciones y campo académico</a>. In Massarani, L et al. 2017. Aproximaciones a la investigación en divulgación de la ciencia en América Latina a partir de sus artículos académicos. Fiocruz. 208 pp. Pp: 39-58.<br /><i>Conceitos:</i> Vulgarización de la ciencia, Divulgación de la ciencia/científica, Comunicación de la ciencia, Educación formal/no formal/informal en ciencia, Popularización de la ciencia, Alfabetización científica, Comunicación pública de la ciencia, Percepción social de la ciencia, Democratización de la ciencia, Apropriación social del conocimiento científico/apropriación de la ciencia.</p><p>*<b>Santos-d'Amorin, K & Miranda, MFO. 2019.</b> <a href="https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/view/76900">Informação incorreta, desinformação e má informação: Esclarecendo definições e exemplos em tempos de desinfodemia</a>. Encontros Bibli 26: 1-23.<br /><i>Conceitos:</i> Information, misinformation, disinformation, malinformation. (1)</p><p><b>(1) Upideite(24.mai.2023): </b>adido a esta data.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-27322684788194276122023-03-27T17:34:00.004-07:002023-07-27T16:03:06.589-07:00A DC visita o ChatGPT: O que a comunidade de divulgação científica tem falado sobre a ferramenta?<p>Irei atualizando a lista conforme tomo conhecimento de mais textos, áudios e vídeos a respeito do GPT-3 e ChatGPT (e eventualmente temas correlacionados) produzidos pelos divulgadores científicos brasileiros.</p><p><b>Blogs e outros textos:</b></p><p>09.fev.2023: <b>Univates (Mateus Roveda):</b> <a href="https://www.univates.br/noticia/33004-chatgpt-o-que-e-e-quais-sao-seus-impactos">ChatGPT: o que é e quais são seus impactos</a> (via Lucas Wendt)*</p><p>07.mar.2023. <b>Portal Deviante</b> (Michelle Mantovani): <a href="https://www.deviante.com.br/noticias/quimica-verde-sustentabilidade-e-o-chatgpt/">Química Verde, Sustentabilidade e o ChatGPT</a></p><p>08.mar.2023. <b>Portal Deviante</b> (Andre Trapani): <a href="https://www.deviante.com.br/noticias/descomplicando-a-ciencia-como-o-chat-gpt-pode-te-ajudar-a-entender-tudo-sobre-tecnologia-inovacao-e-muito-mais/">Descomplicando a ciência: como o Chat GPT pode te ajudar a entender tudo sobre tecnologia, inovação e muito mais!</a></p><p>08.mar.2023. <b>Portal Deviante</b> (Lênin Machado Lopes): <a href="https://www.deviante.com.br/noticias/a-ciencia-de-alimentos-e-o-chatgpt/">A ciência de alimentos e o ChatGPT</a></p><p>10.mar.2023. <b>Portal Deviante</b> (Andre Trapani): <a href="https://www.deviante.com.br/noticias/o-chat-gpt-e-o-futuro/">O chat GPT e o futuro</a></p><p>13.mar.2023. <b>Portal Deviante </b>(Samantha Martins): <a href="https://www.deviante.com.br/noticias/o-chatgpt-no-planejamento-de-aulas-de-geografia/">O ChatGPT no planejamento de aulas de Geografia</a></p><p><b>Podcasts:</b></p><p>14.fev.2023. <b>Dragões de Garagem</b>: <a href="https://dragoesdegaragem.com/podcast/dragoes-de-garagem/humanas/chatgpt-dragoes-de-garagem-261/">ChatGPT #261</a></p><p><b>Vídeos:</b></p><p>11.ago.2020. <b>Peixe Babel</b> (Camila Laranjeira/Virginia Mota): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=WJJzMv4hu-A">Essa Inteligência Artificial Sabe TUDO? | Conheça a GPT-3</a></p><p>17.ago.2020. <b>Peixe Babel</b> (Camila Laranjeira/Virginia Mota): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=lHd10FYyhwY">Neurocientista comenta Inteligência Artificial #GPT3</a> </p><p>14.jun.2021. <b>Peixe Babel</b> (Camila Laranjeira/Virginia Mota): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=mg96zeFFkhI">Conversando com uma I.A. | O que a GPT-3 sabe fazer?</a></p><p>30.jan.2023. <b>Universo Discreto</b> (Lucas Lattari): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=bsGfrL3KypU">Entenda como ChatGPT funciona de maneira SIMPLES! 🤖</a></p><p>31.jan.2023. <b>Manual do Mundo</b> (Iberê Thenório/Mari Fulfaro): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=4IgCdR--FIc">Colocamos Inteligência artificial pra fazer ENEM: Olha no que deu!</a></p><p>07.fev.2023. <b>Universo Discreto</b> (Lucas Lattari): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=Gd8mZ_-twuk">O impacto de ChatGPT no trabalho ()e na educação</a></p><p>24.fev.2023. <b>Ponto em Comum</b> (Davi Calazans): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=YyX7heVf7F4">como o ChatGPT vai ROUBAR seu EMPREGO! (e você vai gostar)</a></p><p>09.mar.2023. <b>Prazer, Karnal </b>(Leandro Karnal): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=OONpZy0sTqo">Leandro Karnal desafia o ChatGPT</a></p><p>21.mar.023. <b>Universo Discreto</b> (Lucas Lattari): <a href="https://www.youtube.com/watch?v=zyQ3oGk_CSY">ChatGPT faz TCC? O segredo para a formatura perfeita!</a> </p><p>27.mar.2023. <b>Atila Iamarino</b>: <a href="https://www.youtube.com/watch?v=zKO_plZ28t0">Este vídeo não foi feito pelo ChatGPT</a></p><p>25.jul.2023. <b>Chutando a Escada</b>: <a href="https://www.deviante.com.br/podcasts/chute-314-chatgpt/">Chute 314 – Papagaios probabilísticos e alucinações</a></p><p>*<b>Upideite(29.mar.2023):</b> incluído a esta data.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-82292957944210395472023-03-07T17:13:00.003-08:002023-03-08T08:30:59.553-08:00Como é que é? - Aranha-armadeira é a aranha mais letal do mundo?<p>No twitter, o <a href="https://twitter.com/iberethenorio/status/1633229292850106371">Iberê Thenório</a>, do Manual do Mundo, questionou uma reportagem sobre a captura de um exemplar de aranha-armadeira em uma cidade catarinense.</p><p>O título original da reportagem parece ter sido: "Aranha mais letal do mundo é capturada em casa em Santa Catarina".</p><p>O título atual é "<a href="https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/03/07/aranha-mais-letal-do-mundo-e-capturada-em-casa-em-santa-catarina.htm">Aranha com veneno mais letal do mundo é capturada em casa em Santa Catarina</a>".</p><p>E no primeiro parágrafo da reportagem está escrito: "Foi capturada em uma casa em Vitor Meireles (270 km de Florianópolis) uma aranha-armadeira —considerada a mais perigosa do planeta, segundo informes do Instituto Butantan."</p><p>Antes de mais nada, como notado por Iberê, o encontro de aranhas-armadeiras é algo bastante comum - mesmo que seja uma aranha perigosa (e logo analisaremos se é mesmo a "mais perigosa", "mais letal", com "veneno mais letal" e as diferenças dessas expressões") - a ponto de ser bastante questionável o alarde do título da notícia - e mesmo se merece ser notícia. Meio como publicar uma notícia como: "Encontrado o mosquito mais letal no mundo em casa de Santa Catarina [ou qualquer outro local do Brasil]" para se referir a focos de <i>Aedes aegypti</i>.</p><p>Um segundo ponto a se notar é que, apesar do título sensacionalista, a reportagem em si acaba prestando um bom serviço ao enfatizar o modo como o caso foi solucionado: chamaram-se os bombeiros, a aranha foi capturada com segurança e depois solta em local em que teria menos chances de causar problemas a alguém. Armadeiras têm um papel importante tanto como predador de pequenos vertebrados (como rãs e sapos) quando como presa de outros vertebrados (como quatis e gambás) e invertebrados (como vespas caçadoras).</p><p>Mas é motivo para alarde? Não. Embora, sim, a picada seja um acidente grave e que mereça cuidados médicos - o paciente deve ser levado rapidamente a uma unidade de saúde -, a letalidade é baixa. Pelo <a href="https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2022/boletim-epidemiologico-vol-53-no31">boletim epidemiológico no. 31 v. 53 de agosto de 2022</a>, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, dos casos registrados de 2017 a 2021, dos 23.016 <strike>casos de</strike> acidente<span style="color: #2b00fe;">s</span> com a armadeira, houve 11 mortes, uma taxa de letalidade de 0,05%. Ela é menor do que a taxa de letalidade da aranha-marrom: de 0,09% e da viúva-negra: de 0,12%. Então, certamente não é a aranha mais letal do mundo.</p><p>Seria o veneno dela o mais letal do mundo? Aí teríamos que comparar a dose necessária para causar um dado nível de letalidade. Um padrão para compostos tóxicos é a dose letal 50 (DL50), que é a dose que provoca a morte de 50% dos organismos em que foi aplicado. Certamente não é algo que se faça em humanos experimentalmente: normalmente se utilizam organismos modelos como ratos e camundongos. (Eventualmente é possível se calcular em humanos se houver registros adequados de acidentes, mas é bastante complicado avaliar qual a dose injetada, por exemplo.).</p><p>Em camundongos, a DL50 do veneno da armadeira da espécie <i>Phoneutria nigriventer</i> foi de 0,63 <span face="arial, sans-serif" style="color: #4d5156;"><span style="background-color: white; font-size: 14px;">m</span></span>g de veneno/kg de massa corporal do roedor para aranhas fêmeas e 1,57 <span face="arial, sans-serif" style="color: #4d5156;"><span style="background-color: white; font-size: 14px;">m</span></span>g/kg para veneno de machos (em injeção intravenosa). (<a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0041010102001368">Herzig et al. 2002</a>.) Já para a aranha-marrom da espécie <i>Loxosceles similis</i>, a DL50 para camundongo foi estimada em 0,32 mg/kg. (<a href="https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/BUOS-95YETX">Horta 2012</a>.) Isto é, com uma dose que é a metade da armadeira, o veneno da marrom causa estrago equivalente entre camundongos.</p><p>Então, tampouco a armadeira teria o veneno mais letal entre as aranhas. (Não necessariamente que a marrom teria, então, o veneno mais letal que todas as outras aranhas.)</p><p>Considerando o total de casos, no Brasil, tampouco a armadeira é a que causa mais mortes. Pelo boletim epidemiológico no. 31 v. 35, no período analisado foram 11 mortes no total atribuídas às picadas de armadeiras, contra 37 mortes atribuídas aos casos com aranhas marrons.</p><p>A reportagem cita como fontes o Instituto Butantan e algum artigo não especificado da revista Nature. Não cheguei a fazer uma busca mais aprofundada de se, de fato, textos do Butantan e na Nature fazem essas afirmações a respeito da armadeira. Se o fizeram, como indicado pelos números acima, estarão errados.</p><p>---------</p><p><b>Upideite(07.mar.2023):</b> Claro que a análise aqui está restrita ao Brasil. Então, o número total de casos ser<span style="background-color: #04ff00;">á</span> diferente<strike>s</strike> e possivelmente os números relativos a esses totais (mas suspeito que as aranhas do gênero da viúva-negra, de distribuição mundial mais ampla estarão na frente nesse quesito). A DL 50, porém, não deve ser afetado por isso. A letalidade da picada pode variar com as condições locais e da susceptibilidade da população (idade, estado nutricional e existência de atendimento médico adequado nas imediações, p.e.), mas não deve ser tão diferente assim.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-45267232193473219602023-01-21T12:16:00.005-08:002023-01-21T12:16:00.248-08:00Divagação Científica - divulgando ciências cientificamente 40: efeito de comunicação estática e dinâmica em mídias sociais<p>Habibi SA & Salim L 2021. Static vs. dynamic methods of delivery for science communication: A critical analysis of user engagement with science on social media. PLoS ONE 16(3): e0248507. <a href="https://doi.org/10.1371/journal.pone.0248507">https://doi.org/10.1371/journal.pone.0248507</a></p><p>----------------</p><p>As autoras analisaram o efeito de estratégias de comunicação dinâmica e estática na interação de postagens de conteúdos científicos no Instagram e Tik Tok.</p><p>No Tik Tok, foram avaliadas as interações com três tipos de vídeos, totalizando 40 publicações:<br />- vídeos longos (40 a 60 segundos de duração) do tipo aula, em que conceitos científicos específicos eram explicado primariamente por meio da fala;<br />- vídeo curtos (~15 segundos de duração) do tipo aula, com explicações dadas como fatos rápidos;<br />- vídeos longos (40 a 60 s) experimentais, como demonstrações práticas e série de passos de experimentos.</p><p>No Instagram, foram dois tipos de publicações, totalizando 20 postagens:<br />- imagens estáticas: fotos dos pesquisadores no laboratório;<br />- vídeos dinâmicos: experimentos executados em ritmo rápido fora do ambiente de laboratório.</p><p>Ambos os tipos são acompanhados de descrições de 200 a 400 palavras com mais detalhes sobre o tema científico relacionado.</p><p>Os parâmetros de interação levantados foram: total de visualizações por postagem/vídeo; número de curtidas; número de comentários; número de compartilhamentos; porcentagem da duração total do vídeo assistida; número de salvar da postagem.</p><p><b>Tabela 1.</b> Resultados obtidos de parâmetros de interação de publicações por tipo de conteúdo de ciências no Tik Tok e Instagram. (* - significativamente maior a alfa=0,05 do que os demais valores no mesmo grupo: mesmo parâmetro na mesma plataforma.)</p><div align="center"><table border="1">
<tbody><tr>
<td style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Plataforma</span></b></td>
<td style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Tipo de conteúdo</span></b></td>
<td style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Visualizações totais (média)</span></b></td>
<td><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Curtidas</span></b></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">(% de visualizações totais)</span></b></div></b></td>
<td><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Comentários</span></b></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">(% de visualizações totais)</span></b></div></b></td>
<td><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Compartilhamentos</span></b></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">(% de visualizações totais)</span></b></div></b></td>
<td><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Tempo de visualização</span></b></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">(média de % da duração total)</span></b></div></b></td>
<td><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: x-small;">Salvar</span></b></div><b><div style="text-align: center;"><b><span style="font-size: xx-small;">(% de visualizações totais)</span></b></div></b></td>
</tr>
<tr>
<td rowspan="3" style="text-align: center;">Tik Tok</td>
<td style="text-align: center;">aula longa</td>
<td style="text-align: center;">29576</td>
<td style="text-align: center;">9,86</td>
<td style="text-align: center;">0,39*</td>
<td style="text-align: center;">0,16</td>
<td style="text-align: center;">28,10</td>
<td style="text-align: center;">nd</td>
</tr>
<tr>
<td style="text-align: center;">aula curta</td>
<td style="text-align: center;">55914</td>
<td style="text-align: center;">10,74</td>
<td style="text-align: center;">0,22</td>
<td style="text-align: center;">0,16</td>
<td style="text-align: center;">68,85*</td>
<td style="text-align: center;">nd</td>
</tr>
<tr>
<td style="text-align: center;">experimental longo</td>
<td style="text-align: center;">248819*</td>
<td style="text-align: center;">13,04</td>
<td style="text-align: center;">0,20</td>
<td style="text-align: center;">0,33*</td>
<td style="text-align: center;">48,62</td>
<td style="text-align: center;">nd</td>
</tr>
<tr>
<td rowspan="2" style="text-align: center;">Instagram</td>
<td style="text-align: center;">estático</td>
<td style="text-align: center;">14834</td>
<td style="text-align: center;">7,56</td>
<td style="text-align: center;">0,32</td>
<td style="text-align: center;">0,24</td>
<td style="text-align: center;">nd</td>
<td style="text-align: center;">0,36</td>
</tr>
<tr>
<td style="text-align: center;">dinâmico</td>
<td style="text-align: center;">14598</td>
<td style="text-align: center;">9,04</td>
<td style="text-align: center;">0,72</td>
<td style="text-align: center;">2,27*</td>
<td style="text-align: center;">nd</td>
<td style="text-align: center;">1,87*</td>
</tr>
</tbody></table></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: left;">No Tik Tok:</div><div style="text-align: left;">- caso o objetivo seja alcançar o maior número de pessoas, vídeos experimentais têm mais chances de obter resultados melhores;</div><div style="text-align: left;">- para uma visualização mais completa, vídeos curtos de até 15 segundos têm maior retenção;</div><div style="text-align: left;">- para uma maior interação com comentários, vídeos de aulas mais longos de cerca de 40 a 60 segundos;</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">No Instagram:</div><div style="text-align: left;">- postagens de vídeos têm melhores resultados, em particular, em termos de compartilhamento.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;">Entre Tik Tok e Instagram:</div><div style="text-align: left;">- os vídeos têm mais alcance no Tik Tok, mas maior interação no Instagram.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><b>limitações</b>:</div><div style="text-align: left;">- as publicações foram feitas em perfis preexistentes (a conta no Instagram tinha já cerca de 2 anos e a do Tik Tok, 5 meses, no início da avaliação);</div><div style="text-align: left;">- o estudo foi feito durante o auge da pandemia de covid-19, em 2020, o que pode ter levado a um número excepcionalmente grande de acessos;</div><div style="text-align: left;">- os algoritmos de entrega das plataformas são diferentes, os perfis dos públicos não são necessariamente iguais</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-7528000910800146882023-01-06T19:03:00.193-08:002023-01-11T11:51:14.243-08:00Divagação Científica - divulgando ciências cientificamente 39: efeito de treinamento<p>Rubega, MA, Burgio, KR, MacDonald, AAM, Oeldorf-Hirsch, A, Capers, RS, & Wyss, R. 2021. Assessment by Audiences Shows Little Effect of Science Communication Training. Science Communication, 43(2), 139–169. <a href="https://doi.org/10.1177/1075547020971639" rel="noopener noreferrer nofollow" target="_blank">doi.org/10.1177/1075547020971639</a></p><p>Parte dos autores criaram um curso de comunicação pública de ciências (CPC) voltado para alunos da área de STEM - ciência, tecnologia, engenharia e matemática - (cerca de 10 por período) e de jornalismo (outros 10 alunos). A duração do treinamento foi de 4 meses. O primeiro mês dedicado à introdução à área de CPC com leituras e discussões. Os três meses seguintes foram de atividades práticas, incluindo entrevistas dos alunos de STEM para os colegas de jornalismo e análises dos vídeos das entrevistas e dos textos produzidos a partir delas. Antes e depois do curso, os estudantes gravaram um depoimento de até 3 minutos para a pergunta “como o processo científico funciona?”, tema que não era abordado no curso.</p><p>Como grupo controle foram recrutados estudantes da mesma universidade de áreas correlatas, que gravaram depoimentos sem passarem pelo treinamento.</p><p>Os vídeos com as explicações foram avaliados por outros alunos de graduação. 16 itens foram avaliados em pontos de 1 (“discordo totalmente”) a 7 (“concordo totalmente”) sobre três características: clareza (p.e. “a apresentação foi clara”), engajamento (p.e. “a pessoa parece entusiasmada com o tema”) e credibilidade do depoente (p.e. “a pessoa parece conhecer do assunto”). (Tabela 1.)</p><p>
</p><center><b>Tabela 1.</b> Itens de avaliação dos vídeos (pontuados de 1 a 7).
</center><p></p><table border="1">
<tbody><tr><td>categoria</td>
<td>número</td>
<td>item</td>
</tr>
<tr><td rowspan="6">clareza</td>
<td>1</td>
<td>a apresentação foi clara</td>
</tr>
<tr>
<td>2</td>
<td>foi fácil de acompanhar a apresentação</td>
</tr>
<tr>
<td>3</td>
<td>o(a) apresentador(a) usou de termos confusos</td>
</tr>
<tr>
<td>4</td>
<td>eu me senti confuso(a) em um ou mais pontos da apresentação</td>
</tr>
<tr>
<td>5</td>
<td>o(a) apresentador(a) usou de exemplos e/ou analogias para melhorar minha compreensão da informação</td>
</tr>
<tr>
<td>6</td>
<td>eu me distraí com a falta de fluência do(a) apresentador(a) (p.e. pausa, gaguejada, repetições, etc.)</td>
</tr>
<tr><td rowspan="6">engajamento</td>
<td>7</td>
<td>o(a) apresentador(a) parece entusiasmado(a) com o tema</td>
</tr>
<tr>
<td>8</td>
<td>o(a) apresentador(a) prendeu minha atenção</td>
</tr>
<tr>
<td>9</td>
<td>estou mais interessado(a) no assunto após assistir à apresentação</td>
</tr>
<tr>
<td>10</td>
<td>quero saber mais sobre o assunto</td>
</tr>
<tr>
<td>11</td>
<td>o(a) apresentador(a) usou de comunicação não-verbal (e.g. expressões faciais, gestos, linguagem corporal) que melhorou a apresentação</td>
</tr>
<tr>
<td>12</td>
<td>eu me distraí com a comunicação não-verbal do(a) apresentador(a) (e.g. expressões faciais, gestos, linguagem corporal)</td>
</tr>
<tr><td rowspan="4">credibilidade</td>
<td>13</td>
<td>o(a) apresentadora parece conhecer do assunto</td>
</tr>
<tr>
<td>14</td>
<td>o(a) apresentador(a) é simpático(a)</td>
</tr>
<tr>
<td>15</td>
<td>o(a) apresentador(a) faz o assunto parecer importante</td>
</tr>
<tr>
<td>16</td>
<td>o assunto é relevante para meus interesses</td>
</tr>
</tbody></table>
<br />Os itens 3, 4, 6 e 12 tiveram a pontuação revertida na análise.<br /><p>Após o curso, os trainees tiveram a seguinte avaliação:<br />- clareza: externa - média 4,73<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,81 (mediana: 4,76); autoavaliação: 5,53<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,97 (5,60);<br />- engajamento: 3,56<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,65 (3,40); 5,32<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,94 (5,37);<br />- credibilidade: 4,41<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,70 (4,30); 5,91<span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #4d5156; font-size: 14px;">±</span>0,78 (5,95). </p><p>Tanto no grupo teste quanto no controle, o segundo vídeo teve uma melhor avaliação do que o primeiro. Mas os alunos do curso tiveram uma melhora maior. Ainda assim o incremento foi de menos de 1 ponto na escala utilizada: a maior parte ficou entre 0,25 e 0,5 ponto de aumento antes e depois das aulas. (Fig 1.)</p><div class="captioned-image-container"><figure><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgWPUZRGAIHuzb4jlYvCQHIOJiKBvAms3OCJDNjSt2qWottSmBcqeJ7ujh-3liHAuSvcUkBHInDXlyodQ_2Yp3yFhj3W4gIm4r7jaZgqJHKUotE6aaTJHgbdTvxrmZUEpxmFD8loOEP11IVDRU6SVZOcIVEVpKET7e0tGK_5CKMiR1gEpiyNDWWST5W" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="6 painéis de desempenho: 3 de alunos do curso e 3 de controle - nas dimensões de “clareza”, “engajamento” e “credibilidade”, cada painel exibe a nota mediana de um dos 16 itens do questionário. No painel de alunos do curso na dimensão “clareza”, as notas vão de cerca de 3,5 a 5 para cerca de 3,75 a 5,5; entre as pessoas do controle, a variação vai de cerca de 3,5 a 5 para cerca de 3,6 a 5,25. Na dimensão “credibilidade” as notas são similares. Na dimensão “engajamento” o padrão é similar, mas com notas mais baixas." data-original-height="653" data-original-width="392" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgWPUZRGAIHuzb4jlYvCQHIOJiKBvAms3OCJDNjSt2qWottSmBcqeJ7ujh-3liHAuSvcUkBHInDXlyodQ_2Yp3yFhj3W4gIm4r7jaZgqJHKUotE6aaTJHgbdTvxrmZUEpxmFD8loOEP11IVDRU6SVZOcIVEVpKET7e0tGK_5CKMiR1gEpiyNDWWST5W=s16000" /></a></div></figure></div><p><strong>Figura 1.</strong> Evolução da avaliação do desempenho de comunicação em função do treinamento/tempo. </p><p>Os autores também discutem a possibilidade de o instrumento de avaliação utilizado poder não ser o mais adequado para captar a qualidade do comunicador - houve uma grande variação nas pontuações, o que pode indicar que o que se entende por uma “boa comunicação” varia muito de pessoa para pessoa, tornando a tarefa de se avaliar o desempenho do comunicador bastante complexa.</p><p>Os autores notam também a grande diferença de desempenho entre as avaliações feitas por terceiros e as notas de autoavaliação - nestas últimas, o efeito do curso foi bem maior, com aumento de 1 a 2 pontos. Para os autores isso indica a necessidade uma avaliação externa e não apenas de autoavaliação dos alunos para se medir o impacto do treinamento em CPC.</p><p>Um curso de maior duração teria maior efeito? Mais oportunidade de os alunos treinarem e receberem feedback (duas vezes no curso) permitiria um desenvolvimento mais visível?</p><p><br /></p><p><b>Upideite(11.jan.2023):</b> Um artigo um pouco mais otimista sobre os efeitos de treinamento em DC.</p><p>Capers, RS et al. 2022. <a href="https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fcomm.2021.805630/full">What Did They Learn? Objective Assessment Tools Show Mixed Effects of Training on Science Communication Behaviors</a>. Front. Commun. 6: art. 805630.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-12807388458076240942022-12-24T07:50:00.001-08:002022-12-24T07:50:00.199-08:00Divagação Científica - divulgando ciências cientificamente 38: incertezas<p>Gustafson, A & Rice, RE. 2020. A review of the effects of uncertainty in public science communication. Public Understanding of Science, 29(6), 614–33. <a href="http://doi.org/10.1177/0963662520942122">doi.org/10.1177/0963662520942122</a></p><p>----------</p><p>Abel Gustafson, da Universidade de Yale, e Ronald Rice, da Universidade da Califórnia, ambas dos Estados Unidos, fizeram uma revisão da literatura sobre os efeitos que a menção a incertezas nas mensagens ao público não-especializado tinha em vários parâmetros de confiança, persuasão e comportamento.</p><p><b>Tipos de incertezas:</b></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li><b>Deficitária: </b>incerteza comunicada com frequência como conhecidas lacunas no conhecimento. Por falta de pesquisa na área, pelo problema não poder ser desvendado nem em princípio ou pela expansão do universo do problema ('cada resposta gera múltiplas novas questões'). Ex. "...embora muitas coisas ainda não sejam conhecidas e mais pesquisas sejam necessárias".</li><li><b>Técnica: </b>erros de medida, aproximações de modelos, pressupostos estatísticos... Exs. amplitude(range): 7-15 cm; probabilidade: 65% de chance; estimativas com intervalos de confiança e barras de erro...</li><li><b>De consenso:</b> (in)certeza em torno de uma teoria, descoberta ou previsão dada pelo acordo/desacordo coletivo a respeito delas - seja por grupos de interesse (cientistas, representantes do governo, público...), seja pelo corpo de evidências. Similar os conceitos coloquiais de "desacordo", "conflito" ou "controvérsia". Ex. "99% dos estudos publicados em revistas indexadas e revisadas por pares concluem que há um aquecimento global antropogênico em curso".</li><li><b>Da ciência: </b>todo conhecimento científico, em princípio, pode ser modificado por descobertas futuras. Ex. "estas informações representam os melhores dados disponíveis no momento, mas as coisas podem mudar no futuro".</li></ul><p></p><p><b>Tipos de efeitos:</b></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li><b>negativos:</b> efeitos que reduzem a confiança nas ciências - aumento de dúvida sobre segurança de vacinas, menor percepção de credibilidade de pesquisa, menor intenção de se adotar comportamentos saudáveis, redução na própria certeza sobre algo, menor confiança na fonte da mensagem...</li><li><b>positivos:</b> efeitos que aumentam a confiança nas ciências - aumento da percepção de credibilidade de jornalistas e cientistas, aumento da crença na certeza dos cientistas sobre a ausência da relação entre vacinas e autismo, redução da crença no desacordo entre os cientistas, pessoas com atitudes mais negativas em relação aos OGMs passam a ser mais favoráveis a propostas de aplicação de OGMs, aumento na confiança nos cientistas, aumento da percepção da certeza dos cientistas quanto à realidade do aquecimento global...</li><li><b>nulos:</b> ausência de efeitos significativos (aumento ou redução) em crenças, confianças, apoio, percepção de perigo, etc...</li></ul><p></p><p><b>Resultados:</b></p><p></p><ul style="text-align: left;"><li>A comunicação de <b>incertezas de consenso</b> se associa mais a resultados de <b>efeitos negativos</b>;</li><li>A comunicação de <b>incertezas técnicas </b>não apresenta efeitos negativos, variando de <b>efeitos positivos a nulos</b>;</li><li>A comunicação de <b>incertezas deficitárias </b>e <b>da ciência </b>têm efeitos variados entre os estudos: <b>negativos, positivos e nulos</b>;</li><li>As incertezas podem levar a vieses de confirmação e raciocínio motivado (em que a pessoa argumenta com a intenção de provar um ponto pré-estabelecido) de acordo com a existência de visões de mundo e opiniões sobre o tema prévias;</li><li>A (des)confiança na ciência e nos cientistas interferem nos efeitos das incertezas: entre os que confiam na ciência, o relato de um alto nível de consenso entre especialistas sobre uma política ambiental se associa a um maior apoio a essa política, enquanto que, entre os que não confiam na ciência, isso tende a ter um efeito de menor apoio (talvez por aumentarem a percepção prévia de existência de uma conspiração);</li><li>Entre os que enxergam a ciência como um empreendimento que sempre está sujeito a algum nível de incerteza, a comunicação de incertezas tende a ter efeitos mais positivos; já entre os que enxergam a ciência como reveladora de verdades absolutas, isso tende a ter efeitos mais negativos;</li><li>Temas podem afetar o efeito da comunicação de incertezas: p.e. a incerteza de consenso parece afetar o resultado da comunicação de aquecimento global, mas não de rotulagem de OGMs e perigos de maquinários.</li></ul><div><br /></div><p></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-21088668253177922442022-12-03T13:17:00.061-08:002022-12-03T13:17:00.206-08:00Alfabetização científica ou letramento científico?<p>>Laugksch, RC. 2000. <a href="https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/%28SICI%291098-237X%28200001%2984%3A1%3C71%3A%3AAID-SCE6%3E3.0.CO%3B2-C">Scientific literacy: a conceptual overview</a>. Science Education 84(1): 71-94.</p><p>Interpretações da palavra letrado/alfabetizado ('literate'):</p><p><b>Instruído ('learned'):</b> conhecer sobre fatos científicos e processos, valor do próprio conhecimento científico (conhecimento pelo conhecimento);<br /><b>Competente ('competent'):</b> contexto em que o cientificamente letrado precisa operar ou desempenho de atividades e funções específicas: ler uma notícia científica no jornal, resolver problemas práticos sobre alimentação, saúde e habitação, pensar de modo crítico e independente em questões envolvendo lógica, quantificação, evidências... (conhecimento aplicado em situações específicas);<br /><b>Minimamente funcional como consumir e cidadão ('able to function minimally as consumer and citizen'):</b> usar a ciência para uma melhor tomada de decisão no dia a dia (conhecimento aplicado na melhora da qualidade de vida);</p><p>-----</p><p>>Roberts, DA. 2007. <a href="https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.4324/9780203824696-29/scientific-literacy-science-literacy-douglas-roberts">Scientific literacy/science literacy.</a> In S. K. Abell & N. G. Lederman (eds.) Handbook of research on science education. Lawrence Erlbaum Associates. 1345 pp. Pp. 729–80.</p><p>>Roberts, DA & Bybee, RW. 2014. <a href="https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.4324/9780203097267-38/scientific-literacy-science-literacy-science-education-douglas-roberts-rodger-bybee">Scientific Literacy, Science Literacy, and Science Education</a>. In Lederman, NG & Abell, SK (eds.) Handbook of research on science education vol. II. Routledge. 970 pp. Pp: 545-58</p><p><b>Visão I:</b> estudante como um cientista novato; objetivo de dominar o básico da ciência para poder encarar material mais avançado; um olhar para dentro da própria ciência (nos cânones das ciências naturais ortodoxas), para os produtos e processos da ciência - aquisição de conhecimento sobre ciências dentro da própria ciência.</p><p><b>Visão II:</b> estudante como cidadão; ênfase nos componentes científicas nos fenômenos do dia a dia; aquisição de conhecimento sobre ciências em situações em que considerações além da ciência são também importantes - olhar para a ciência a partir de fora.</p><p>As visões I e II são extremos de um contínuo de posicionamentos sobre a importância do letramento científico.</p><p>"<i>science literacy</i>"->visão I;<br />"<i>scientific literacy</i>"->visão II;</p><p>Relações com: "<i>la culture scientifique</i>" (Canadá francófono), "<i>public understanding of science</i>" (em declínio - consideram que PUS implicaria em um público e uma compressão homogêneos)/"<i>public engagement of science</i>" (Reino Unido). ["scientific temper" (Índia)]</p><p>[Nessa distinção entre "science literacy" e "scientific literacy", proponho "letramento para a ciência" no primeiro caso e "letramento sobre ciência" no segundo.]</p><p>-----</p><p>>Cunha, RB. 2017. <a href="https://www.scielo.br/j/rbedu/a/cWsmkrWxxvcm9RFvvQBWm5s/abstract/?lang=pt">Alfabetização científica ou letramento científico?: interesses envolvidos nas interpretações da noção de scientific literacy</a>. Rev. Bras. Educ. 22 (68).</p><div>>Cunha, RB. 2018. <a href="https://www.scielo.br/j/ciedu/a/jSdWBpPTNdfP6KwGrD8wmZg/?format=html&lang=pt">O que significa alfabetização ou letramento para os pesquisadores da educação científica e qual o impacto desses conceitos no ensino de ciências</a>. Ciênc. educ. (Bauru) 24 (1).</div><p>Literacy: alfabetização vs letramento</p><p><u>alfabetização</u>: saber ler e escrever - ruptura entre os que sabem ler e escrever (alfabetizados) e os que não sabem (analfabetos);<br /><u>letramento</u>: uso efeito da escrita e leitura nas práticas sociais - contínuo de níveis de complexidade do uso da escrita.</p><p>"<i>Enquanto os que tratam de alfabetização consideram fundamental o ensino de conceitos científicos, os que optam por letramento priorizam, no ensino, a função social das ciências e das tecnologias e o desenvolvimento de atitudes e valores em relação a elas.</i>" (Cunha 2018)</p><p>-----</p><p>>Sasseron, LH & Carvalho, AMP 2011. <a href="http://143.54.40.221/index.php/ienci/article/view/246">Alfabetização científica: uma revisão bibliográfica</a>. Investigações em Ensino de Ciências – V16(1), pp. 59-77.</p><p><u>Alfabetização científica</u>: Paulo Freire "alfabetização é mais que o simples domínio psicológico e mecânico de técnicas de escrever e de ler. É o domínio completo destas técnicas em termos conscientes. [...] Implica numa autoformação de que possa resultar uma postura interferente do homem sobre seu contexto".</p><p><u>Enculturação científica</u>: permitir que os alunos façam parte de uma cultura em que noções e conceitos científicos são parte do corpus (ao lado de outros aspectos: religião, arte, história...)<br /></p><p><u>Letramento científico</u>: Kleiman & Soares (1998) definem letramento como 'resultado da ação de ensinar ou aprender a ler e escrever: estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita"</p><p>-----</p><p>[No fim acaba sendo escolha ao gosto do freguês. Particularmente acho interessante a proposta de fazer uma distinção entre os termos, na medida em que temos expressões diferentes e há nuances a se cobrir.]</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-36767384824511293072022-11-26T19:00:00.003-08:002022-12-26T10:13:44.444-08:00Gene Repórter ano 15<div style="text-align: center;"><a href="https://pxhere.com/en/photo/1216141"><img alt="play, green, color, frog, toy, happy birthday, art, happy, funny, joy, kermit, birthday, luck, greeting, greeting card, congratulations, birthday card, stuffed toy, birthday wishes, wish congratulations, Free Images In PxHere" height="387" src="https://c.pxhere.com/photos/c5/ac/birthday_congratulations_kermit_frog_greeting_card_joy_luck_happy-1216141.jpg!d" srcset="https://c.pxhere.com/photos/c5/ac/birthday_congratulations_kermit_frog_greeting_card_joy_luck_happy-1216141.jpg!d" width="640" /></a></div><div><br /></div>Hoje se completam 14 anos da <a href="http://genereporter.blogspot.com/2008/11/sensacionalismo-no-espao.html">primeira postagem</a> no blog. Em comemoração, a equipa do GR lança um boletim - sem periodicidade definida - compilando algumas informações a respeito do universo da Divulgação Científica: o <a href="https://www.getrevue.co/profile/genereporter"><strike>Coaxo Caixeiro</strike></a> <a href="https://genereporter.substack.com/">Coaxo Caixeiro</a>*.<p></p><div>Em sua primeira encarnação, deve contar com anotações de algum artigo de pesquisa em DC, indicações de projetos interessantes, agenda de eventos na área, glossário da DC e coisas correlatas. Ao longo do tempo, se houver fôlego para continuar, a formatação e o tipo de conteúdo deve evoluir - para atender melhor à demanda do público - se algum houver - do boletim e à capacidade da equipa editorial.</div><div><br /></div><div>*<b>Upideite(26.dez.2022):</b> Como o Revue será descontinuado pelo twitter, migrei o boletim para o <a href="https://genereporter.substack.com/">Substack</a>.</div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-72399810071959418002022-11-16T19:18:00.003-08:002022-11-16T22:42:52.951-08:00Ver pra crer? A retórica dos diferentes estilos de mapas<p><span style="background-color: white; color: #3b424b; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; white-space: pre-wrap;">Em um </span><a href="https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1179/1743277412Y.0000000032" style="box-sizing: border-box; color: #3498db; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 0px; padding: 0px; position: relative;" target="_blank">trabalho publicado em 2012</a><span style="background-color: white; color: #3b424b; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; white-space: pre-wrap;">, o cartógrafo Ian Muehlenhaus, da University of Wisconsin, examinou os efeitos que diferentes modos de apresentar informações em mapas tinham sobre a percepção das pessoas. Os estilos cartográficos utilizados foram o de autoridade, discreto, propagandista e sensacionalista.</span></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">---------</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"><strong style="box-sizing: border-box;">De autoridade (authoritative):</strong> estilo de visualização científica, segue as normas acadêmicas para gráficos e mapas. Exemplo de uso: maioria dos mapas produzidos por órgãos governamentais com fins de legais e de subsídio a políticas públicas. (Fig. 1.)</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhU_C3N4Z1YhounKLRkGjDyFxgh5gct4AQJnB4Iwq-WSW6w482CZj1r7g_WwFdleKxxW_Uys5faZLmieNmIDrjPPmYQGoaE0mCrBzQdsIvchuGA-5eVbpPfn_rh91TJpAeRhNHmQTAnguTUWPKLu-dSJePUtYMOnCpXHiL3fkfNRmkkvSoIRMamqVJZ" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="845" data-original-width="1231" height="220" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhU_C3N4Z1YhounKLRkGjDyFxgh5gct4AQJnB4Iwq-WSW6w482CZj1r7g_WwFdleKxxW_Uys5faZLmieNmIDrjPPmYQGoaE0mCrBzQdsIvchuGA-5eVbpPfn_rh91TJpAeRhNHmQTAnguTUWPKLu-dSJePUtYMOnCpXHiL3fkfNRmkkvSoIRMamqVJZ" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b>Fig 1.</b> Exemplo de mapa de autoridade. Muehlenhaus 2012.</div><div><br /></div><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; cursor: text; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px;"><span style="background-color: transparent; font-size: 18px; white-space: pre-wrap;"><span style="color: #3b424b; font-family: Georgia, Times New Roman, Times, serif;"><b>Discreto (understated):</b> estilo minimalista; dados são simplificados e em pequena quantidade, mostrados de modo básico, deixando de lado nuances e informações adicionais; a aparência é limpa e sem texturas. Exemplo de uso: maioria dos mapas vetoriais da Wikipédia. </span></span><span style="color: #3b424b; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; white-space: pre-wrap;">(Fig. 2.)</span></p><div><span style="background-color: transparent;"><br /></span></div><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh4kEHU4eMGWnCNZxLTRwNsi8ZnAooWQME1g2yzuOZwwDNTiKvEZpEVfM0ytmQl5qKBIO4LrATIAvCTIbyzp1xVltYwmoEny5AutgdphcQN0ZuwaHF0LaAWH88wqm7R8DDwkaOADQ-fYJt3CfUAWp_01N16O0uBxPonrblbfSi_RxhcFtckY9DwDfhW" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="848" data-original-width="1226" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh4kEHU4eMGWnCNZxLTRwNsi8ZnAooWQME1g2yzuOZwwDNTiKvEZpEVfM0ytmQl5qKBIO4LrATIAvCTIbyzp1xVltYwmoEny5AutgdphcQN0ZuwaHF0LaAWH88wqm7R8DDwkaOADQ-fYJt3CfUAWp_01N16O0uBxPonrblbfSi_RxhcFtckY9DwDfhW" width="320" /></a></div><b>Fig 2.</b> Exemplo de mapa discreto. Muehlenhaus 2012.</div><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"><strong style="box-sizing: border-box;">Propagandista:</strong> os dados são apresentados de modo altamente enviesado (ainda que possam ser cartograficamente adequados) com ênfase no extremo da hierarquia visual para que a mensagem não seja perdida. Textos com palavras fortes são usados nos títulos, legendas e outros locais do mapa. Exemplo de uso: mapas governamentais divulgados para angariar apoio da população para os esforços contra o inimigo durante a Segunda Guerra Mundial. (Fig. 3.)</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgpYltXnAyuGw0jAXUKXRS8kcXiplXZB3ODmX6uRATLU7yNcTwQn0UMgY526QEW2LGpN9R6355a3kOWjPjmEayMNNW1SD9Wd258M1BHtjdA-0Yq7FfFzBTlrjguBJBYcCpmTLAeIRLX87KuqtMsFOpVKQ72F2z3z4-PCUT8Bl8lZNPA48LttepVgiu3" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="828" data-original-width="1230" height="215" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgpYltXnAyuGw0jAXUKXRS8kcXiplXZB3ODmX6uRATLU7yNcTwQn0UMgY526QEW2LGpN9R6355a3kOWjPjmEayMNNW1SD9Wd258M1BHtjdA-0Yq7FfFzBTlrjguBJBYcCpmTLAeIRLX87KuqtMsFOpVKQ72F2z3z4-PCUT8Bl8lZNPA48LttepVgiu3" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;">Fig 3.</b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;"> </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;">Exemplo de mapa propagandista. Muehlenhaus 2012.</span></div><br /><strong style="box-sizing: border-box;">Sensacionalista:</strong> combina a sobrecarga de informações de um mapa de autoridade com o viés de apresentação do mapa propagandista. Exemplos de uso: ilustrações acompanhando peças publicitárias. (Fig. 4.)<p></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi1P0_6_kiwWE_O95W5Ci5Zz5erJHFZ5Zfbrw1LkGnekHfVyFbWGh9agLoqWs6dqD4_OF1DftjwLxRolLEGiWkBSRPdLkogp3AbyXPLtxf_WJVsNywu6w4RiEEqJnqVdXLz9K6qdLCbea29Oy5uj0s2YfN2AnZh5XMwo-cxYDQsZsFKC_UYO1xfwVzB" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="885" data-original-width="1093" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEi1P0_6_kiwWE_O95W5Ci5Zz5erJHFZ5Zfbrw1LkGnekHfVyFbWGh9agLoqWs6dqD4_OF1DftjwLxRolLEGiWkBSRPdLkogp3AbyXPLtxf_WJVsNywu6w4RiEEqJnqVdXLz9K6qdLCbea29Oy5uj0s2YfN2AnZh5XMwo-cxYDQsZsFKC_UYO1xfwVzB" width="296" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;">Fig 4.</b><span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;"> </span><span style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; white-space: normal;">Exemplo de mapa sensacionalista. Muehlenhaus 2012.</span></div><br />---------<p></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">Um mapa de cada estilo foi produzido representando os níveis de radiação em diferentes áreas dos Estados Unidos que seriam atingidas em um hipotético acidente nuclear em uma usina no estado de Washington. Voluntários visualizavam os mapas e respondiam a um questionário online que avaliou: 1) a crença nos dados mostrados nos mapas; 2) o impacto dos mapas nas visões pessoais sobre a energia nuclear; 3) a confiança nos mapas; 4) a preferência sentimental pelos mapas e 5) o quão memoráveis eram os mapas. As questões dos itens 1 e 2 foram respondidas após os voluntários verem um dos quatro tipos de mapa; as de 3 a 5 após verem os quatro tipos de mapa.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">Das 112 respostas válidas, cerca de 2/3 eram de homens e 1/3 de mulheres. E cerca de 80% eram jovens de 18 a 25 anos. 8% eram extremamente contrários à energia nuclear, 18% contrários, 18% um pouco contrário; 20% indiferentes; 25% um pouco a favor e cerca de 11% a favor. Não houve nenhum que se declarasse extremamente a favor.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">A crença em que a região em que o respondente morava seria atingida no caso do hipotético acidente foi similar aos que viram os mapas do tipo: discreto, sensacionalista e de autoridade; mas a crença de "certeza absoluta" chegou a 60% entre os que viram o mapa propagandista, contra cerca de 20 a 27% entre os que viram outros estilos de mapa. Em todos os tratamentos houve um aumento da posição de oposição à energia nuclear. Em ordem crescente de aumento da oposição: de autoridade, discreto, propagandista e sensacionalista.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">65% dos respondentes consideraram estilo de autoridade como o mais confiável, seguido do sensacionalista: 23%, discreto: 7% e propagandista: 5%. 36% gostaram mais do de autoridade, 26% do sensacionalista, 20% do propagandista e 18% do discreto. 46% consideraram que o tipo propagandista era o mais memorável, 28% o discreto, 14% o sensacionalista e 12% o de autoridade.</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 14px 0px 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">Em relação à retórica dos mapas, Muehlenhaus conclui que:</p><ol style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin-bottom: 14px; margin-top: 0px; white-space: pre-wrap;"><li style="box-sizing: border-box; margin: 0px; padding: 0px;">"O feio é memorável." Mapas com design desagradável mais provavelmente se fixam por mais tempo na memória.</li><li style="box-sizing: border-box; margin: 0px; padding: 0px;">"O viés é atrativo." Mapas apresentação de dados mais ostensivamente enviesados são mais bem apreciados.</li><li style="box-sizing: border-box; margin: 0px; padding: 0px;">"Ignorância é confiança." Mapas com menos detalhes e menos dados são mais convincentes para a maioria dos leitores.</li></ol><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"><strong style="box-sizing: border-box;">Referência</strong></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">Muehlenhaus, I. 2012. If Looks Could Kill: The Impact of Different Rhetorical Styles on Persuasive Geocommunication, <i>The Cartographic Journal</i> 49(4): 361-375, DOI: <a href="https://doi.org/10.1179/1743277412Y.0000000032" style="background-color: transparent; box-sizing: border-box; color: #3498db; margin: 0px; padding: 0px; position: relative; white-space: normal;" target="_blank">10.1179/1743277412Y.0000000032</a></p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;">----</p><p style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #3b424b; cursor: text; font-family: Georgia, "Times New Roman", Times, serif; font-size: 18px; margin: 0px; padding: 0px; white-space: pre-wrap;"><b>Upideite(17.nov.2022):</b> Há, claro, algumas limitações em relação ao estudo. Não apenas a restrição do fato de amostra não ser aleatória nem representativa (as repostas das mulheres, p.e., são diferentes das respostas dos homens e há um viés de maior participação de homens entre os voluntários, além da maior concentração etária na faixa dos jovens adultos em relação à população em geral); mas a natureza do questionário é de autoavaliação. P.e., o fato de as pessoas dizerem que algo é memorável, não quer dizer necessariamente que esse algo será o mais lembrando depois de um tempo. Isso seria um ponto a se testar.</p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-45280361451616966682021-09-19T23:09:00.003-07:002021-09-23T09:45:56.638-07:00Como é que é? - Houve um aumento da Divulgação Científica com a pandemia? R: Parece que sim, a se ver.<p>É quase um lugar comum nas discussões a respeito da Divulgação Científica (p.e. <a href="http://www.coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1859-ciencia-em-linha-direta-com-a-populacao-pandemia-de-covid-19-realcou-importancia-das-iniciativas-de-divulgacao-tocadas-por-estudantes-e-pesquisadores.html">aqui</a>) que, durante a pandemia de covid-19, houve um aumento nos projetos de DC, em particular de perfis nas mídias sociais - em boa medida, seria para saciar a necessidade da população por informações confiáveis sobre a doença.</p><p>Fiz um levantamento incompleto que pode ajudar a responder se tal percepção de aumento da intensidade das atividades de DC e do número de divulgadores corresponde à realidade ou se é apenas uma impressão.</p><p>Busquei por perfis brasileiros no twitter relacionados à divulgação das ciências por meio de palavras chave como "divulgação científica", "divulgador científico", "divulgadora científica", "divulgação de ciências", "jornalista científico" e outros correlacionados - além de acrescentar ao resultado alguns que não usam nenhum termo específico que se possa relacionada à DC, mas que sei que tuitam sobre ciências para o público não-especialista, e também alguns perfis que constam em outras bases de mídias sociais de atores de DC (em particular o <a href="https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSepkTWTgfuef7DuLx4WoJvCiZIjyIsd9-sgwabk9SMUuXqCxQ/viewform">Diretório de Divulgadores Científicos</a>).</p><p></p><p style="text-align: center;"><img alt="" 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/> </p><p style="text-align: center;"><b>Figura 1.</b> Ano de ingresso no twitter de perfis relacionados à Divulgação Científica.</p><p style="text-align: left;">Nota-se, de fato, um grande pico correspondente ao ano 2020 (Fig. 1). Se destrincharmos a entrada em meses para os anos de 2019 a 2021, temos um pico no mês de abril de 2020 - pouco depois da <a href="https://www.who.int/director-general/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020">declaração pela OMS</a> de pandemia de covid-19 (Fig. 2).</p><p style="text-align: center;"><img alt="" height="358" 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width="614" /> </p><p style="text-align: center;"><b>Figura 2.</b> Mês de ingresso de perfis relacionados à Divulgação Científica no twitter entre 2019 e 2021 (até meados de setembro).</p><p style="text-align: left;">Não dá para cravar, mas é um bom indício de que houve, sim, uma entrada de novos atores em decorrência da pandemia. Para saber se para preencher o espaço informativo a respeito da doença seria preciso uma análise mais detalhada do conteúdo divulgado por esses perfis (alternativamente, ainda que não de modo mutuamente excludente, poderia ser p.e. em decorrência da suspensão das atividades presenciais - o uso de mídias sociais poderia ser um meio de manter contatos durante a suspensão inicia<span style="color: #2b00fe;">l</span> das aulas e atividades de pesquisa)*.</p><p style="text-align: left;">Bom ter em mente que a época de ingresso não corresponde necessariamente ao início das atividades de comunicação pública da ciência pelos perfis, mas pode ser um proxy no conjunto. A suposição também é de que a busca, embora certamente não captando todos os perfis e talvez nem mesmo a maioria deles, gere uma amostra representativa do universo de divulgadores no twitter. E, por fim, há a suposição de que o padrão encontrado no twitter valha para outras mídias também: blogs, facebook, youtube, whatsapp, tiktok, etc. Seria preciso um levantamento sistemático também nas demais redes sociais, portanto, para se ter uma ideia mais completa. (O mais correto seria aplicar um tratamento estatístico adequado, mas considero que a análise meramente visual aqui seja suficiente para os propósitos.)<br /></p><p style="text-align: left;">O tamanho amostral obtido até o momento é de 404 perfis que se dividem entre perfis pessoais (236 no total), projetos de grupo (perfis de iniciativas conduzidas por duas ou mais pessoas; 48), projetos institucionais (perfis de iniciativas relacionadas a instituições de pesquisa e ensino, incluindo grupos de pesquisa, centros, projetos acadêmicos, etc.; 47), projeto individual (perfis de iniciativas conduzidas por apenas uma pessoa), perfis comerciais (de lojas e outros empreendimentos que comercializem produtos e serviços como camisetas personalizadas de temática científica; 6) e um certo número de perfis sem informações suficientes para se incluir nas categorias anteriores (26).</p><p style="text-align: left;">O interessante é que parece haver um declínio da entrada de novos perfis após o pico de 2009 - em uma certa emulação da possível <a href="https://genereporter.blogspot.com/2013/10/ha-uma-crise-nos-blogues-brazucas-de_9.html">crise de blogs de ciência</a> após um pico entre os anos de 2009 e 2010. Uma das hipóteses da queda de atividade dos blogs de ciência era de que haveria uma migração para outras mídias, mas, ao menos neste caso do twitter, parece que o ritmo também diminuiu nas demais formas de comunicação na internet. A crise pode ter sido mais geral e não meramente concentrada nos blogs. Há uma aparente retomada de ingresso de novos perfis de DC no twitter a partir de 2013 a 2014, o que coincidiria com o início da crise política no país e, sobretudo, nos cortes sucessivos nos investimentos em C&T no país. Poderia ter havido um incentivo para os cientistas buscarem as redes para defender a ciência. Um aumento em 2019 poderia estar ligado a razão similar, somado a uma intensificação do <a href="https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/13/opinion/1565648323_558328.html">ataque à academia</a> desde as eleições presidenciais no ano anterior por parte de integrantes do governo eleito.</p><p style="text-align: left;">Pode valer um levantamento mais abrangente - incluindo também perfis de outros temas não ligados às ciências - para se testar essas possibilidades.</p><p style="text-align: left;"><b>Upideite(20.set.2021):</b> Um padrão de pico e declínio não é observado, p.e., nos podcasts brasileiros de ciência - mas se deve levar em conta que, entre o período de 2009 e 2010, ainda eram poucos. Nota-se uma grande aceleração entre 2018 e 2020. Mas pode-se dizer que, desde os primeiros podcasts de ciência brasileiros por volta de 2008, a mídia vem experimentando um crescimento exponencial (equação não mostrada aqui). A figura abaixo representa o padrão obtido a partir de uma base de 131 podcasts (os números exatos dos segmentos ativos, inativos/extintos precisam de atualização).<br /></p><p style="text-align: center;"></p><p style="text-align: center;"></p><p style="text-align: center;"></p><p style="text-align: center;"><img alt="" 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in+4dJL8M+XXoKFP7gEP/3BJbj8B5fi8h9cist+cCn++dJL8I+XXoIfXXoJ/vbSS/BfLrkEl9ax3T/8L/8ZP7i0fo/PjRs3bty4lbu99tprutQYpiik/H4/LBZL0X8TERERSZiikAIAm80Gp9MJn88Hm80Gl8tV7yYRERFRkzNNIRUIBOB0OmG32+F2u+e9KCcRERHRfExTSBERERHpjYUUERERkZBpCinlPnvK1c21vqc13ef3+4veTsbn88Hv9+ve1kYizU35vhbmVnluwWCQuQmPNyD7Oi71/WanvE9V+h4GlM6tnHuTNjO9c1Nep618rAGy3Eq9hzV7bqYopLxeb9599txut/q9Uvfgs9vtsFqtsNlssFqt6kETCATyvl54aYVWIcktGAzC4/HAZrPNucREYW4Oh6Omz6dW9M5NOctUOR55vM3mFggE4HK5SuYSCATm7K+VOJ1O9flbLBYMDw+r3yv1HlYqt9y+aNXiXe/choeHix6/rUSSW6n3sMLcPB5PrZ9S1Vq+kFJuB6O8Gfj9fnR3dyMYDJa8B9/w8DCsVqu6H6fTqZ7p53a74XQ61f1brdaSf7k0I2lufr8fHo8HgUBgTkHgcrnU3ADAarXmvQhbgRG52Ww29c1FOd6Y2+zr1Ov1Ynh4uGgh5XA4YLPZWvKDTXmfUj6wlGI893uK3PewUrn5fD5YrdamHR0ohxG52e12eL1eALPHb6uR5lbqPcxms6m5Ke9/zTYK2vKFVCAQmPMGqrwpl7oHn9vtzvu93BeO0+nM+17uC6hVSHMr/Plcdrs9r+B0uVwt9+FmRG5utzvvQ43H29zctC66m/v1wtdzq/D5fHnHglIEAaXfw3J/vvBrDocDXq+3paeSjcit8A/q3OK/VUhzK/UepvWHY7MNTLR8IVUot3NLXfG88KDI/Vnl4BkeHobH44HFYmm6CrpS5eZW6muFhVSrfrjl0iO3XMr0KI+3+Qsp5S9fpUhr9WMNyP/jpNR7WKmvWa1WWCwWdXomdxS5VemRm9vtVt/jlEvttLpKcwPmvofN9znRDExVSPn9flitVvWvLGkhpbxBm+WNppLcSn3NbIWUXrkpgsFg3jB4q5LkVuyDrdibfCtSpjyVDyhpQdDd3Z03DWOxWFp2ZArQLzdlOk9Z69Pqr1NJblrvYSykmojW2hJpIeVwOPIWxLXiVIui0txKfc1MhZSeuSkcDkfLX5FfmlvhzygLzIeHh9URAqfT2bIFgbKYN3f6pJpCKnfEU5kabUV65pZbcCoFaKtN7SmkuWm9h7GQahLF/pIvdQ8+j8eTd1ZZ7r/NUhBIcstV+AIpLEAL/90q9M4NgFoItLJqcit80/Z6vbDb7epmtVphtVpbshAtHMFTlHoPU2h92NlstrxCtlVHQfXOrRUKgnJIcyv2HlY44tmMI6CmKKQcDgccDgd8Pp+6KZV0sXvwKX/Rejwe9fRM5c3F5XKpC+KU04Rb8QUjyS1X4RtLbo7K2rJW/ItN79w8Ho+6kFXZmu2NphzV5FZsPYailf/YsVqtcLvdebkFg8GS72EKrdyUKZtWXgNqRG65x6hyuQ7mNgyg9HtY7uep0+lUzwJsJqYopHL/MlW23NMti92Dz+fzweFwaE7deTwe2O12OByOljsVXSHNLff3CykjBcoHZivSOzeXyzVnf604slJNbn6/v2QmXq+3ZUdVtHLLXV9W7D1M+X2t3HJfp61YtBuRWzAYVF+rrTqNLM2t1HtYMBhUF+o7nc6m/OPaFIUUERERkRFYSBEREREJsZAiIiIiEmIhRURERCTEQoqIiIhIiIUUERERkRALKSIiIiIhFlJEREREQiykiIiIiIRYSBEREREJsZAiIiIiEmIhRURERCTEQoqIiIhIiIUUERERkRALKSIiIiIhFlJEREREQiykiIiIiIRYSBEREREJsZAiIiIiEmIhRURERCTEQoqIiIhIiIUUERERkRALKSIyhfHxcYyMjGB6ejrva+Pj45ienp7zPQDq18fHx2vdXCJqEiykiKjl9fX1oaOjA11dXWhvb8fY2BgAoL+/Hz09Pejs7ERnZyfa29vVomlsbAzt7e3q7/T19dXzKRBRg2IhRUQtbXx8HG1tbepoU19fH6xWK4BsIdXR0aF+z2q1or+/HwDQ0dGBgYEBANmRqfb2doyMjNThGRBRI2MhRUSmoEztWa1WdHV1AcgWUsr/K//u7+/H2NgY2tra8n6/r69PLbKIiBQspIio5XV1dalTe8p/geKF1MjIyJxCSvkeEVEuFlJE1NJGRkbQ2dmp/ju3eCpWSE1PT+dNBwJAT0+POtVHRKRgIUVELU1ZND40NIShoSF0dnbOW0gB2am8zs5OjIyMoL+/H+3t7XPO6iMiYiFFRC1vaGgIXV1dsFqtGBoaUhebDw4O5p2NNzg4iMHBQfXfSqFltVp5CQQi0sRCioiIiEiIhRQRERGREAspIiIiIiEWUkRERERCLKSIiIiIhFhIEREREQmxkCIiIiISYiFFREREJMRCioiIiEiIhRQRERGREAspIiIiIiEWUkRERERCLKSIiIiIhFhIEREREQmxkCJqED6fr95NoCbE44aovlhIEdWJ2+2G2+0GAPj9fnR3d9e5RdQMJMeNz+eD3W43umlEpsRCiqhOcj8QicolOW5YSBEZh4UUkYGCwSCcTie6u7thsVjg9XoBAHa7Hd3d3eju7lY/4JSRBafTCY/Ho+7D4XCo//Z6vbBYLOju7obT6UQwGAQABAIBdZ9WqxXDw8M1fJblc7vdcLlcalvtdrv6HILBoOZzkOSh/J6SeyMXrLnPweVyAZgdaQoEAgCyz8XpdJY8bpRiyeVyqRn6/X643W71d3JHr5SfK8zH5/PBarWqj+H3+2sVBVFTYiFFlKN/c7zs7djZ9Lz7c7lccDgcAGY/HJUP+8KRBeVDbnh4OG/0wGKxIBAIwOfzwWKxwO/3IxgMwuFwwOl0AsgWF8qH8PDwMCwWiy55BF99sewtsmvnvPtzu915z8Fut6tFkd1uV5+Pz+dTCwlJHh6PRy3SAoGA+nPVin/3SNlb8uhb8+5PeQ6BQADBYBA2m00ttt1uN5xOp/oz8x03SmbK7+cee4UjUm63GzabTc3HarWqv2exWNQiNncfRKSNhRTRX60bS6CtN1T2tvTj+Lz79Pv96qgCkP3QUxYHF/tABKB+cPp8PthsNgDZUQmlWAKyo1C5o1hOpzPvsaoV8m3FxMIFZW/HLf8y7z7dbvecD3S3260+l8IRJSWfSvPwer2w2Wy6jqakL+xBaMPflL1FRv7jvPt0uVx5z0EpnoDsCJ3FYskrrpSfKVVIKXKLp8JCqnDU0uv1qt+3Wq3weDx5fUFExbGQIvorowoph8ORN7VSTiHldDrh9XrhcrnyRmwKp6iU31GmEK1Wq25Te7UspAqLgNzvAZXnofy+zWbTbWrPiEIqd6qucMpOeQ6Fo4t6FFK5x2Hh95Vj1mKxcGqPqAwspIj+yohCyuFwzPnQK6eQ8nq9cDqdsNlseetkcn8+dwQml1ZRIlGPEalcuc+3mjyUqatqLxNgRCFV+Bxy5Y5I5a4R02tEKjeP3BGpXIX9RURzsZAiyvGeL1H2FkvMv7/cNUDKB11uIZU7rZP7IZj7IaooXBOkTOcBs9MxQHZEQa81UjODK8ve4kcOzbu/YoUUMHeNlLJ2SJKH0+lU1/YEg0F14XW1EpMvlL2lpjfOu7/c5wBk13blLrJXpmsL10hpHTfzFVK52RWukVKmD5ViNLc9XCNFVBoLKSID+f1+9QwoZURF+aBUCp7Cs68UuWenKYqdpeb3+2Gz2f7/9u3YhGEgiKJg/x1deYpWHAYJ+6FAmJkOJC54wd/zWmvf1LzJXUhdXe2NX/7HjM/nKm0Pj7fZv2EG8p8D8z0Mr97NXUjNkP2bq7211vlmn96ZwT8SUgAAkZACAIiEFABAJKQAACIhBQAQCSkAgEhIAQBEQgoAIBJSAACRkAIAiIQUAEAkpAAAIiEFABAJKQCASEgBAERCCgAgElIAAJGQAgCIhBQAQHQApq5Jz82xGb4AAAAASUVORK5CYII=" /> </p><p style="text-align: left;">*<b>Upideite(23.set.2021): </b>A equipe do Science Pulse fez uma <a href="https://twitter.com/thesciencepulse/status/1441005602747174913">análise dos tweets</a> compartilhados por cientistas em sua base e identificou que picos correspondiam a eventos importantes durante a pandemia - como o início da vacinação contra a covid-19. É um reforço à hipótese de aumento da DC durante a pandemia para preencher uma necessidade de comunicação sobre a doença. Embora, claro, também com suas limitações - quem os cientistas estão alcançando? que linguagem estão usando? Poderia ser uma comunicação com outros técnicos, por exemplo.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-51036260072219056902021-08-30T14:03:00.004-07:002021-08-30T20:39:29.348-07:00Como é que é? - Só especialistas podem fazer Divulgação Científica? Spoiler: Não.<p>A resposta à pergunta do título desta postagem é um sonoro não. Mas é uma questão que parece ressurgir de tempos em tempos - talvez quando neófitos, pouco afeitos às pesquisas na área de Divulgação Científica (DC), chegam na área.</p><p>A prédica de que a somente quem entende do assunto poderia falar sobre ciência vem em dois grandes sabores:</p><p>a) só quem tem formação em ciência pode falar sobre ciência (parece ser a variante mais comum, mas seria preciso um levantamento sistemático para se confirmar ou não a impressão);</p><p>b) só quem tem formação em comunicação pode falar sobre ciência (e, na verdade, sobre qualquer coisa) para o público;</p><p>Lá em 2009, durante o <a href="https://genereporter.blogspot.com/2009/09/clipping-e-clipes-do-euclipo.html">2o Euclipo</a>, em uma das sessões essa pergunta foi colocada - mais de modo retórico - e a conclusão também foi a de que há espaço para todos - e, mais do que espaço, a necessidade de que todos contribuam <span style="color: #04ff00;">n</span>a divulgação das ciências. E certamente discussões e conclusões parecidas foram feitas e tomadas muitas vezes antes também.</p><p>Há vários motivos pelos quais todos - e não apenas cientistas e profissionais da comunicação - podem (e, de um certo modo, até devem) comunicar sobre ciências.</p><p>1) A comunicação é um direito fundamental. Feita de modo responsável e
correta não há que se cercear a liberdade das pessoas em falar sobre o
que quiserem; do contrário incorremos em censura. A informação também é um direito - e que garante outros -, cerceando a liberdade de comunicação, também estaremos diminuindo o direito à informação.<br /></p><p>2) Os públicos são diversos e cada público responde de modo diferente a diferentes ações de comunicação: que são feitas com diferentes enfoques, com diferentes linguagens, por diferentes meios, com diferentes referências, sobre diferentes temas, etc. Diferentes atores são capazes de atingir diferentes públicos com diferentes efeitos. Uma música feita por uma personalidade admirada por um determinado público, pode atingir de modo que nenhum cientista ou jornalista seria capaz. O remix da música <a href="https://www.youtube.com/watch?v=yQ8xJHuW7TY">"Bum Bum Tam Tam"</a> do MC Fioti, enaltecendo o trabalho do Instituto Butantan (um trocadilho irresistível) na produção de vacina contra a covid-19, com vídeo lançado em janeiro de 2021, em agosto do mesmo ano já contava com mais de 13 milhões de visualizações: poucos canais de divulgação científica no Youtube (incluindo os grandes americanos) alcançam tamanha façanha. Sem falar em toda a questão da identificação, da sensação de proximidade e confiança que determinados atores podem ter junto a seu público (há todo um campo de estudo em comunicação, sociologia e psicologia sobre confiabilidade - <i>trustwo<span style="color: #2b00fe;">r</span>thiness</i> e.g. <a href="https://www.nap.edu/catalog/21798/trust-and-confidence-at-the-interfaces-of-the-life-sciences-and-society">NASEM 2015</a>; <a href="https://www.springer.com/gp/book/9783319280578">Blöbaum, 2016</a>; <a href="https://jcom.sissa.it/archive/15/05/JCOM_1505_2016_C00/JCOM_1505_2016_C01">Weingart & Gunther 2016</a>).</p><p>3) Ligad<span style="color: #04ff00;">a</span> com o ponto 2, temos a pluralidade dos pontos de vistas. A comunicação se enriquece quando diferentes ângulos - claro, desde que sejam válidos e dentro do que se pode considerar ético e democrático (p.e. uma divulgação científica preconceituosa - digamos, uma que tente se valer de determinismo genético para implicar um ordenamento racial - não deve ser incentivada). Cientistas tenderão a ter uma visão mais voltada para interesses acadêmicos e podem deixar de prestar atenção para as preocupações mais imediatas do público não especializado. É bastante estudado, p.e., a diferença de percepção de riscos de diversas tecnologias entre especialistas e não-especialistas (e.g. <a href="https://www.jstor.org/stable/24707052">Sjöberg 1999</a>, <a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0265931X13000945">Perko 2014</a>): um especialista pode falar tudo de modo tecnicamente correto sobre a tecnologia e deixar de responder as dúvidas que o público realmente tem sobre a questão; em um ecossistema diverso que permita a participação de outras vozes, tais preocupações podem ser trazidas à tona e trabalhadas.</p><p>4) Ligad<span style="color: #04ff00;">a</span> aos pontos 2 e 3, temos a complementaridade. Cientistas de modo geral não são treinados para a comunicação com o público não-especialista em situações que não a de ensino formal (com frequência <a href="https://twitter.com/rmtakata/status/1432001727285403650">nem para ensino formal</a>); jornalistas e demais profissionais de comunicação normalmente não são treinados para analisar pesquisas científicas (noções de estatística, estrutura de um artigo científico, organização social da ciência e da academia, valores e critérios de validade de um estudo, etc). Seja trabalhando em conjunto, seja atuando separados, a deficiência de um pode ser compensada pela capacidade de outro.</p><p>5) Ligad<span style="color: #04ff00;">a<span style="color: #2b00fe;">s</span></span> aos pontos 2, 3 e 4, temos a concorrência e independência - que, para os públicos, pode funcionar também como uma forma de complementaridade. Interesses diversos entre cientistas e jornalistas podem levar a comunicações que não abarcam todo os ângulos necessários se apenas um grupo ou outro for o único responsável pela comunicação pública da ciência. Os cientistas, de modo geral, acabam mais comprometidos com as relações acadêmicas - malfeitos, defeitos, limitações do processo científico e acadêmico podem deixar de ser devidamente comunicados ao público (há uma certa frequência de escândalos internos que a academia procura encobrir). Por outro lado, jornalistas, especialmente os que estão vinculados a determinados veículos, podem ficar limitados à linha editorial da publicação ou mesmo pode acabar preso aos interesses da empresa para a qual trabalha (com certa frequência anunciantes com interesses contrariados procuram pressionar os veículos a punir os jornalistas responsáveis pela apuração das informações que não queriam que fossem publicadas).</p><p>6) Número. Cientistas e jornalistas não são apenas em um número relativamente reduzido: são cerca de <a href="https://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/brasil-tem-quase-200-mil-pesquisadores/">200 mil pesquisadores</a> e pouco mais de <a href="https://portal.comunique-se.com.br/mulheres-jornalistas-minoria/">40 mil jornalistas</a> ativos no país. A maioria tem um grande número de afazeres - a maioria dos pesquisadores são também docentes e precisam se encarregar da burocracia e administração de suas instituições; jornalistas, em número cada vez mais reduzido nas redações, precisam fazer um grande número de matérias (dos mais variados temas) em um único dia. Não conheço um estudo sistemático, mas possivelmente não seriam muitos os que teriam disposição e disponibilidade para fazer DC.<br /></p><p>7) Aproveitamento de talento. Há personalidades de divulgação da ciência tanto entre cientistas quanto entre comunicadores de reconhecida qualidade. Iberê Tenório, no <a href="https://www.youtube.com/c/manualdomundo">Manual do Mundo</a>, o maior canal de divulgação científica em língua portuguesa no Youtube com quase 15 milhões de inscritos, é jornalista de formação, sem treinamento formal em ciências; Atila Iamarino, outro grande exemplo atual de divulgação científica em termos de alcance e qualidade, atinge mais de 3 milhões de assinantes no canal <a href="https://www.youtube.com/user/nerdologia">Nerdologia</a> (também no Youtube) e mais de 1,5 milhão em seu <a href="https://www.youtube.com/channel/UCSTlOTcyUmzvhQi6F8lFi5w">canal pessoal</a>, tem formação em Ciências Biológicas e não em Comunicação. E há várias pessoas que não são formadas nem em uma coisa nem em outra que contribuem bastante e bem com a divulgação da ciência, inclusive alunos do ensino básico. Não faz muito sentido fechar o "mercado" a qualquer um deles apenas por falta de um diploma ou treinamento especializado.</p><p>-----------------------------<br />A falta de treinamento formal não significa necessariamente falta de capacidade ou conhecimento. Há inúmeros meios informais, à parte talentos que podemos chamar de inatos, pelos quais uma pessoa pode adquirir habilidade suficiente: no caso da DC, o próprio consumo de materiais de divulgação científica ajuda a criar um repertório. [Não me entendam mal: treinamento especializado tende a ajudar e podem contribuir muito; incentivo que, se tiverem a oportunidade, façam sejam especializações (como as oferecidas pelo <a href="http://www.labjor.unicamp.br/">Labjor/Unicamp</a>, <a href="http://www.coc.fiocruz.br/index.php/pt/educacao/especializacao-em-divulgacao-e-popularizacao-da-ciencia">Museu da Vida/Fiocruz</a>, <a href="https://amerek.com.br/">Amerek/UFMG</a>, <a href="https://labi2019.faiufscar.com/#/">LAbI/UFSCar</a>), disciplinas especiais na graduação ou cursos livres e de extensão.]</p><p>Há riscos envolvidos na comunicação pública de ciências? Sim. Comunicação mal feita pode causar danos e até matar (como muitas páginas que espalham desinformação sobre vacinas). Alguns veem nisso justificativa para a restrição da comunicação (no caso, de ciências) a profissionais habilitados - como a prática de medicina é restrita a diplomados médicos, p.e. A história da regulação da medicina é relativamente intrincada, mas, simplificando bastante (talvez demais), começa por volta do fim da Idade Média, em parte por interesse das guildas médicas em deter o poder, em parte por interesse dos pacientes em ter um modo mais fácil de eleger médicos confiáveis (<a href="https://www.cambridge.org/core/books/cambridge-history-of-science/medical-practice/E5569CB3BDC0F0D07455DD4ECD0AA742">Park 2013</a>). A obtenção de licença para exercer a medicina - condicionada em particular aos que tinham formação nas universidades -, no entanto, não eliminou de imediato as práticas curativas realizadas por outros atores (de religiosos a curandeiros, de apotecários a práticos). De certo modo até hoje há uma pletora de profissionais de saúde que não são médicos: enfermeiros, técnicos em radiologia, fisioterapeutas, psicólogos e até biólogos. Em parte isso motiva os grupos de pressão médicos por iniciativas como o <a href="https://www.scielo.br/j/ramb/a/j5SQRsTGbxcYkrXhKbRksRh/?lang=pt">Ato Médico</a> - que tenta delimitar quais práticas seriam de exclusividade do profissional médico (em prejuízo das demais profissões, no entender das associações não-médicas) - e mesmo atores sem formação especializada ainda têm papel a desempenhar (mães que compram antitérmicos para seus filhos, vendidos sem receita, estão exercendo uma prática curativa dentro da liberdade que lhe cabe). De qualquer modo, *hoje* podemos justificar a regulamentação parcial do exercício de ações de saúde e, particularmente, das ações médicas - vedando sua prática a pessoas sem a devida habilitação e registro - não simplesmente porque há qualquer grau de risco, <span style="color: #04ff00;">pois</span>, p.e., o preparo de alimentos também envolve um grau de risco (intoxicação alimentar é uma consequência bastante comum de alimentos mal preparados e <a href="https://oglobo.globo.com/saude/intoxicacao-alimentar-mata-mais-de-350-mil-pessoas-por-ano-alerta-oms-15768347">um certo número de pessoas morrem todos os anos</a>); mas porque, sopesando os riscos e benefícios da regulação e de sua ausência, considera-se melhor que as ações médicas sejam regulamentadas e restritas; já no caso de preparo de alimentos, considera-se que a liberdade de que qualquer pessoa possa preparar os alimentos traz mais benefícios do que prejuízo.</p><p>Além disso, há outras formas de se circunscrever os riscos que não pela simples restrição do exercício da atividade para um determinado grupo. A principal certamente é a responsabilização pelas consequências - se alguém for negligente no preparo dos alimentos e isso resultar na intoxicação grave de pessoas, esse alguém pode ser condenado criminalmente. Outro modo é a conscientização das pessoas que pretendem preparar alimentos, com campanhas que enfatizem a necessidade de cuidado e higiene com alimentos (isso é ensinado nas escolas nos programas de educação em saúde).</p><p>Uma DC que possa ser realizada por qualquer interessado e que seja responsabilizado pelas consequências, em um ambiente em que haja troca de informações para que as pessoas possam selecionar comunicadores mais confiáveis (e.g. o selo dos <a href="https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2016/03/vlogueiros-se-unem-para-criar-canal-de-divulgacao-cientifica-de-qualidade-1.html">Science Vlogs Brasil</a>), educação midiática e científica, tende a trazer mais benefícios (como os listados acima) do que prejuízos (que podem ser circunscritos com essas medidas de responsabilização e conscientização socioeducativa).</p><p>Além disso, embora eu tenha enfatizado apenas dois elementos: a ciência e a comunicação - a DC se vale, pelo menos, de mais dois fatores fundamentais: a educação e os estudos sociais da ciência (<a href="https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1075547008324878">Mulder et al. 2008</a>). Ou seja, não faz muito sentido restringir a prática a apenas uma parte dos especializados em um desses fatores - estará deixando <span style="color: #2b00fe;">de fora </span>3/4 dos componentes importantíssimos para a boa DC; mas também não faz sentido restringir a prática apenas para aqueles que dominem as 4 grandes áreas que subsidiam a DC: praticamente ninguém é expert em todas elas. Faz mais sentido, novamente, que todos possam exercer a comunicação pública da ciência, havendo colaboração mútua - idealmente os projetos devem ser multidisciplinares, mas não é preciso que haja profissionais das 4 áreas em um dado projeto, é possível consultar especialistas e trocar experiências. Isso tende a criar um ecossistema comunicacional mais saudável, diverso e livre; minimizando os riscos - e permitindo que os problemas que ocorram sejam sanados mais prontamente.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-17561524347918736242021-03-15T10:50:00.005-07:002021-03-15T10:50:53.366-07:00Divulgação Científica em Mídias Sociais<p> No dia 04.fev.2021, fiz a apresentação online abaixo para alunos da disciplina de "Divulgação Científica: Princípios e Práticas", do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros, do câmpus Litoral Paulista, da Unesp, ministrada pelos professores Odair José Garcia de Almeida e <a href="https://twitter.com/valdirlamim">Valdir Lamim Guedes Junior</a>, a quem agradeço o convite para a palestra.</p>
<div style="text-align: center;"><iframe allowfullscreen="true" frameborder="0" height="500" width=100% mozallowfullscreen="true" src="https://docs.google.com/presentation/d/e/2PACX-1vTtrcXUEX3X3aJXq0I7g4A2mkLLkjZqvpKZcYJNkiVO16beFGf3h1gpXf2RPWZ_hKulGNusxFuR1Xs5/embed?start=false&loop=false&delayms=3000" webkitallowfullscreen="true"></iframe></div>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-57481248932065929022021-01-09T12:33:00.004-08:002021-01-09T12:33:38.097-08:00Como se saiu o modelo do Imperial College nas previsões sobre a covid-19?<p>Em 26 de março, o Imperial College publicou o relatório 12 prevendo os impactos da covid-19 no mundo todo ao longo do ano de 2020.</p><p>O modelo levava em conta alguns cenários de acordo com o que fosse feito ou não para conter a doença. Um em que nada era feito, um em que haveria um esforço pra supressão da doença com isolamento total das pessoas (com a quarentena iniciada a cada vez que um certo nível de taxa de mortalidade era atingida) e um intermediário com mitigação realizada por diminuição do contato entre as pessoas.</p><p>No pior cenário, basicamente todas as pessoas seriam contaminadas (7 bilhões de habitantes) com 40 milhões de mortos ao redor do mundo. No cenário com medidas mais severas de restrição, haveria 1,3 milhão de mortes ao redor do globo (com restrições impostas a partir de 0,2 mortes a cada 100.000 habitantes). No cenário intermediário, 20 milhões de pessoas seriam mortas pela covid-19 em todo o planeta até o fim de 2020.</p><p>Em 27 de dezembro, oficialmente, eram contados mais de 1,7 milhão de mortos, segundo <a href="https://www.who.int/publications/m/item/weekly-epidemiological-update---29-december-2020">relatório semanal</a> de atualização do estado epidemiológico compilado pela OMS. Analisei o desempenho do modelo da Imperial College considerando 27 países para os quais o jornal Financial Times levantou estimativas de <a href="https://www.ft.com/content/a26fbf7e-48f8-11ea-aeb3-955839e06441">mortalidade em excesso</a> (isto é, quantas mortes a mais - ou a menos - ocorreram num período em relação à média esperada para a época), além da Índia (Tabela 1).</p><p style="text-align: center;"><b>Tabela 1. </b>Estimativas de mortalidade por covid-19 em alguns países ao longo de 2020 e mortos contabilizados pela OMS e estimativas de mortes em excesso.<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwn_7ssunavFOfcup44bZpMACaLBEf881JfHjW4sNG0y8FXifecNgCEa24WjlD_utaxSzjc6e3L-asEfEX5IABglyiqtOUUR8h8tdHkWWSaN-YPX7_gT70zCFx6K-woTn7VZSuwnVo8zY/s575/imperial-college-covid19-mortalidade.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="575" data-original-width="511" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwn_7ssunavFOfcup44bZpMACaLBEf881JfHjW4sNG0y8FXifecNgCEa24WjlD_utaxSzjc6e3L-asEfEX5IABglyiqtOUUR8h8tdHkWWSaN-YPX7_gT70zCFx6K-woTn7VZSuwnVo8zY/s16000/imperial-college-covid19-mortalidade.png" /></a></div><p>Em rosa as mortes registradas pelo relatório da OMS ou a estimada por mortalidade em excesso causadas pela covid-19 que ficaram abaixo do cenário mais restritivo do modelo da Imperial College. Essas exceções são: Dinamarca, Noruega, Islândia, Índia e Coreia do Sul. Os <a href="https://www.economist.com/the-world-ahead/2020/11/17/the-nordic-countries-different-approaches-to-covid-19-will-continue">países nórdicos</a>, com exceção da Suécia, implementaram medidas bastante restritivas e tiveram um excesso de mortalidade ou nula ou até negativa (menos gente morreu no período do que a média esperada); a <a href="https://www.theguardian.com/world/2020/apr/23/test-trace-contain-how-south-korea-flattened-its-coronavirus-curve">Coreia do Sul</a> também teve um excesso de mortalidade negativa, embora o país não tenha implementado quarentenas, adotou uma política de fazer muitos testes e rastrear os contatos dos casos positivos, isolando rapidamente as pessoas doentes e as com quem ela teve contato. A <a href="https://www.aljazeera.com/news/2020/5/30/india-to-ease-coronavirus-lockdown-despite-record-new-cases">Índia</a> chegou a adotar por um tempo um lockdown muito severo, mas relaxou depois, como não há uma estimativa do excesso de mortalidade, não temos uma medida independente para avaliar os números oficiais de mortos pela covid-19 (pode haver <a href="https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52454928">subestimativa</a>).</p><p>Para os demais países, os números de mortos ficaram dentro dos projetados pelo modelo no cenário de imposição de restrição de movimentação da população - com gatilhos para a quarentena a partir de um nível baixo (0,2 morto por 100.000 hab.) ou mais alto (1,6 morto por 100.000 hab.) de taxa de mortalidade: os valores se aproximaram mais do gatilho mais alto. (Assumindo um número reprodutivo básico, isto é, quantas pessoas são infectadas por uma única pessoa infectada, de R0=3.) Alguns países como Rússia, Peru, Espanha, África do Sul e México há forte discrepância entre o número oficial de mortos e o de mortos em excesso, indicando uma subnotificação. Em alguns, a mortalidade em excesso é sensivelmente menor do que a contagem oficial como na França, Itália e República Tcheca (Chéquia). Claro, é esperado que em alguns países a mortalidade fique mais alta e em outros mais baixa do que o esperado, esse efeito precisa ser mais bem isolado antes de concluir que há realmente uma subnotificação ou as mortes tenham se reduzido de modo generalizado (p.e., com lockdowns, o número de atropelamentos caem; o uso de máscaras protege também contra outras doenças que se espalham pelo ar como a gripe).<br /></p><p>Levando em conta que à época da previsão ainda não se conheciam bem parâmetros importantes da doença, como o próprio R0, e a letalidade, além dos avanços no tratamento e prevenção à doença desde então, parece um grau de acerto muito relevante: 23 em 28 aqui.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-34259625684945599322020-09-15T19:36:00.023-07:002020-11-17T04:14:25.301-08:00Abika (Auíca): fosfina, Vênus e... vida extraterrestre?<p></p><p>O anúncio da detecção de fosfina (PH<sub>3</sub>) em Vênus causou uma polêmica no meio filomático: menos pela especulação a respeito de uma possível origem biológica do composto do que pelo despeito ao embargo.</p><p></p><p>O embargo é o período em que a fonte da informação combina com os jornalistas para que notícias a respeito do assunto não seja publicado - quase sempre coincide com a data da publicação oficial do estudo previamente distribuído à imprensa. Normalmente a editora da publicação separa artigos que acreditam que têm alto potencial de impacto para distribuir com embargo, assim consegue que os veículos noticiosos publiquem ao mesmo tempo aumentando a exposição simultânea do estudo. Para os jornalistas, cria um período previamente conhecido para produzir sua reportagem (entrevistar as fontes: os autores do estudo, especialistas não envolvidos diretamente, impressões de outros grupos que podem ter interesse nos resultados; coletar informações de contextualização; produzir imagens e o texto da matéria...). Às vezes, algum veículo publica antes da data combinada - ou porque julga que a informação é valiosa demais para os leitores para ser adiada por mais tempo, ou porque terá mais atenção exclusiva, ou por desatenção ou por outra razão). Eventualmente, o veículo é punido com o veto ao acesso antecipado a futuras publicações (geralmente nesse caso a punição é temporária, afinal as fontes também não têm o interesse de perder todos os potenciais meios pelos quais pode obter a divulgação do trabalho).</p><p>Alguns sites acabaram <a href="https://twitter.com/SpaceToday1/status/1305572875030671364">anunciando antecipadamente</a> os resultados do estudo de <a href="https://www.nature.com/articles/s41550-020-1174-4">Jane Greaves e colaboradores (2020)</a> em que: 1) apresentam dados consistentes com a presença do composto fosfina na atmosfera de Vênus; 2) especulam sobre as origens, descartando vários fenômenos não-biológicos, e considerando a possibilidade de uma origem em atividade biológica (ou um fenômeno não-biológico desconhecido). Andou circulando inclusive vídeo oficial da Royal Astronomical Society (que estava como não listado no canal do Youtube) No fim, não parece ter prejudicado a transmissão do <a href="https://www.youtube.com/watch?v=y1u-jlf_Olo">anúncio oficial</a>, mas parte da comunidade científica (especialmente astronômica) e de divulgadores (também especialmente ligados à astronomia) não gostaram nada do furo do embargo. Seria uma quebra da ética de comunicação.</p><p>É bastante discutível de se a quebra antecipada do embargo seria algo realmente antiético. Há alguma <a href="https://www.nytimes.com/2018/08/11/insider/embargoes-reporting.html">polêmica</a> no meio jornalístico quanto à própria instituição do embargo. Em parte porque seria um tipo de cerceamento à liberdade da imprensa. Mas boa parte dos jornalistas (não sei dizer que a maioria) parecem gostar do sistema porque dão mais tempo para apurar e produzir o texto. De todo modo, é um acordo que envolve apenas as partes diretamente envolvidas: quem forneceu a informação e recebeu a informação antecipada sob a promessa de sigilo. Quem não participou desse acordo não tem nenhuma obrigação de manter esse sigilo caso a informação lhes caia em mãos. (E a prática jornalística, no geral, é, no momento em que alguém queima a largada, todos vão atrás para não ficar como retardatário com uma notícia que todo mundo já deu.)</p><p>---------------------<br />Oquei, feita essa digressão, vamos ao estudo em si.</p><p>A parte "astro" - física (e muito da química) - da Astrobiologia é bem estabelecida - é possível se testar várias hipóteses tanto em laboratório simulando as condições em algum planeta (ou mesmo estrelas ou meio interestelar) de temperatura, pressão, luminosidade, campo magnético e composição química e também se observar direta ou indiretamente os corpos celestes mensurando-se suas propriedades. Então os modelos sobre como é a composição dos planetas, como ela evolui no tempo tendem a ser relativamente robustos. O calcanhar de Aquiles é a "bio" da Astrobiologia. Não que não se possam fazer experimentos, mas a rigor só conhecemos uma forma de vida: a da Terra. É difícil extrapolar a partir disso para como seria a biologia em outros corpos siderais com alguma segurança.<br /></p><p>Assim, a detecção da fosfina parece ser bem segura. Ela foi feita por meio da captação da luz do Sol refletida pela atmosfera de Vênus. Compostos diferentes absorvem a luz de modos diferentes - até por isso diferentes compostos podem ter cores diferentes. Para uma determinada faixa de luz (na verdade, já na faixa das micro-ondas), era esperado que a fosfina absorvesse de um certo modo - o que seria detectado por instrumentos na Terra como uma redução da intensidade da luz refletida nessa faixa. O resultado obtido é compatível com a presença de fosfina na atmosfera de Vênus (a cerca de 50 km da superfície) a uma proporção de cerca de 20 ppb (partes por bilhão - isto é, cerca de 20 mols de PH<sub>3</sub> para bilhão de mols de gases da atmosfera).</p><p>Já havia sido detectada fosfina na atmosfera de Júpiter e de Saturno. Lá não se especula que a origem seja biológica. Há mecanismos conhecidos em que o composto é gerado e mantido em uma atmosfera rica em hidrogênio e com regiões de altas temperaturas - compostos de fósforos acabam sendo reduzidos (o oxigênio é removido e hidrogênio acrescentado). Em regiões da atmosfera desses planetas gasosos com temperaturas acima de 1.000 K (cerca de 730°C), o único composto de fósforo presente é a fosfina; em regiões com temperaturas abaixo de 800 K (~530°C) a forma predominante é o trióxido de fósforo (P<sub>4</sub>O<sub>6</sub>) e em regiões com temperaturas abaixo de 500 K (~230°C) não deve haver fosfina. (<a href="http://adsabs.harvard.edu/full/1977ApJ...211..972L">Larson et al. 1977</a>.)</p><p>Na Terra, com temperaturas atmosféricas na faixa dos 14°C (287 K) a fosfina está presente como traço - uma parte menor fruto da produção por atividades humanas e, supostamente, a maior parte por ação de micro-organismos (<a href="https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/ast.2018.1954">Sousa-Silva et al. 2020)</a>. Um problema é que, embora a presença natural de fosfina no ambiente em nosso planeta esteja associada a micro-organismos em condições anóxicas (sem a presença de oxigênio), ainda não se sabe por qual mecanismo o composto seria produzido, se por ação direta ou indireta; não há vias metabólicas conhecidas que levem à produção de fosfina.</p><p>A proposição da molécula como bioassinatura (isto é, um indicador de presença de formas de vida, aos menos para planetas não-gasosos) é bem menos sólida do que a física que embasa a afirmação de que há fosfina em Vênus (e em Júpiter e em Saturno). Embora se reconheça o esforço monumental da catalogação de possíveis fontes não biológicas da fosfina feita por Sousa-Silva e cols., a proposição se calca não apenas na suposição de que o catálogo de fontes não biológicas é suficientemente exaustivo a ponto de tornar a detecção da fosfina (a partir de certos níveis) como mais prontamente ligada a atividades biológicas, mas também de que a vida em outros planetas teriam uma fisiologia básica suficientemente similar à da Terra. É bastante problemática, a começar pelo fato citado de ainda não se saber o mecanismo pelo qual micro-organismos produziriam fosfina (se é que realmente produzem), como diversos outros organismos aqui mesmo da Terra não são suspeitos de produzirem a molécula (seriam micro-organismos e talvez nem todos que vivem em condições anóxicas). Mas, oquei, seria apenas o caso de que se fosfina, então (possivelmente) vida; e não se e somente se fosfina, então (possivelmente) vida - neste caso, a não detecção de fosfina não implicaria em (possivelmente) ausência de vida.</p><p>Porém, a atribuição da presença de fosfina na atmosfera de Vênus à atividade biológica pode causar bastante problemas. Se estamos supondo uma fisiologia suficiente similar à vida na Terra, bem, a vida na Terra está fortemente vinculada aos ciclos geoquímicos - não por outra razão chamados aqui de biogeoquímicos - dos principais componentes atmosféricos: nitrogênio, oxigênio, água e gás carbônico. A atuação da vida faz com que esses gases estejam em concentrações totalmente diferentes das que seriam esperadas se apenas reações químicas entre a atmosfera e a crosta terrestre estivessem em jogo (um pouco menos para o caso do nitrogênio, mas formas como a amônia são praticamente devidas somente à atividade biológica). Não é o caso da atmosfera venusiana - gás carbônico, nitrogênio, compostos de enxofre, oxigênio, água... são explicados sem envolver a atividade biológica - apenas pela interação entre a crosta, vulcanismo, atmosfera e luz solar. (Vide, p.e. <a href="https://link.springer.com/article/10.1007/s00159-018-0108-y">Lammer et al. 2018</a>.) Por que, então, a vida em Vênus é capaz, aparentemente, de afetar só o teor de fosfina? Se é fisiologicamente similar à vida em nosso planeta, por que é tão modesta em fixar o carbono abundante na atmosfera da nossa vizinha? Estaremos, talvez, trocando um mistério por um ainda maior.</p><p>Greaves et al. 2020 examinam as principais fontes abióticas possíveis para a fosfina e concluem que não poderiam produzir o composto na quantidade presente (não chegariam a um milionésimo do teor estimado). Os autores chegam a citar o trióxido de fósforo (P<sub>4</sub>O<sub>6</sub>) entre outros compostos de fósforo como potencial origem da fosfina - mas somente mencionam que, pelos cálculos, não seriam fontes viáveis em condições de Vênus. Detalham apenas o ácido fosforoso (H<sub>3</sub>PO<sub>3</sub>), em equilíbrio com o ácido fosfórico (H<sub>3</sub>PO<sub>4</sub>) nas gotículas na atmosfera, seria em quantidade insuficiente (o composto se degrada espontaneamente em fosfina e ácido fosfórico em condições de altas temperaturas). Tentei ir atrás da referência indicada para o cálculo da produção da fosfina, mas não fui bem sucedido (dizem no <a href="https://static-content.springer.com/esm/art%3A10.1038%2Fs41550-020-1174-4/MediaObjects/41550_2020_1174_MOESM1_ESM.pdf">material suplementar</a> que é a referência 35 "<i>For further details on thermodynamic modeling of phosphine production in the Venusian atmosphere see ref. 35</i>"; no artigo principal é Grinspoon, D. H. & Bullock, M. A. in <a href="https://www.wiley.com/en-br/Exploring+Venus+as+a+Terrestrial+Planet-p-9781118671702">Exploring Venus as a Terrestrial Planet</a> (eds Esposito, L. W., Stofan, E. R. & Cravens, T. E.) 191 (American Geophysical Union, 2007).", mas não parece haver menção a fosfina aí.)</p><p>Então não sei bem como descartaram a via óbvia (alerta de gatilho: equações não-balanceadas):</p><p>P<sub>4</sub>O<sub>6 </sub>+ H<sub>2</sub>O→H<sub>3</sub>PO<sub>3</sub></p><p>H<sub>3</sub>PO<sub>3 </sub>→ H<sub>3</sub>PO<sub>4 </sub>+ PH<sub>3</sub></p><p>O trióxido de fósforo é o principal composto de fósforo na atmosfera de Vênus (com conce<span style="color: #2b00fe;">n</span>tração de <a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0019103589901681">2 ppm em volume</a>) e, embora o planeta não seja um oásis, há também vapor d'água por lá (<a href="https://agupubs.onlinelibrary.wiley.com/doi/pdf/10.1029/2008JE003251">44 ppm em mols</a>). Verdade que a temperatura a cerca de 50 km da superfície, onde detectaram a fosfina, é relativamente amena, bem similar às da Terra; mas à superfície são tórridos 740K (cerca de 470°C - suficiente para degradar o ácido fosforoso). Certamente os autores consideraram essa via, dado o trabalho minucioso que fizeram ao longo de um ano desde que detectaram a fosfina pela primeira vez, mas é um pouco estranho não detalharem isso no material suplementar. E, pelas referências, não encontrei o cálculo que foi feito para desconsiderarem.***</p><p>Os autores, bom dizer, no anúncio oficial fizeram questão de frisar que *não* estavam anunciando que a origem da fosfina era biológica - mas que era uma possibilidade que consideravam (como está no artigo também). Mas creio que fariam bem se fizessem uma análise tão minuciosa a respeito dessa hipótese quanto fizeram sobre as demais hipóteses descartadas - apontando também as fragilidades dela (a começar pelo fato de *não* haver até hoje indícios de vida por lá).</p><p><br /></p><p><b>Veja também</b><br />Ciência USP. 14.set.2020. <a href="https://www.facebook.com/cienciausp/posts/2013368838787315">Pode ter vida em Vênus?</a> (vídeo)<br />Sergio Sacani/SpaceToday. 14.set.2020. <a href="https://spacetoday.com.br/astronomos-descobrem-fosfina-em-venus-um-possivel-marcador-da-presenca-de-vida/">Astrônomos descobrem fosfina em Vênus - um possível marcador da presença de vida</a>.<br />Ned Oliveira. 15.set.2020. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=OG1nHwVpOGA&pbjreload=101">Astrônomos descobrem fosfina no planeta Vênus</a>. (vídeo)<br />Julio Batista/Universo Racionalista. 14.set.2020. <a href="https://universoracionalista.org/encontrada-vida-microbiana-em-venus/">Foi encontrada vida microbiana em Vênus?</a><br />Felipe Hime/Café e Ciência. 15.set.2020. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=2eVLU1jamRg">Possível vida em Vênus descoberta?<br /></a>#PETCast. 15.set.2020. <a href="https://open.spotify.com/episode/3Gg1QaiKdyg9EcsXgZgC34">Vida em Vênus? com Aline Novais</a> (áudio)*<br />SciCast. 18.set.2020. <a href="https://www.deviante.com.br/podcasts/scicast-394/">394. Marcadores da Vida</a> (áudio)*<br />Ricardo Senra. 17.set.2020. <a href="https://www.bbc.com/portuguese/geral-54185816">Anúncio de sinal de vida em Vênus é 'imprudente' e 'precipitado', diz astrofísica brasileira associada à Nasa</a>.*<br />Astrotubers. 15.set.2020. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=T32h_Dzx0BA">Fosfina em Vênus. Bate papo com cientistas da área.</a>*<br />Eduardo Sato/Instituto Principia. 21.set.2020. <a href="https://www.institutoprincipia.org/post/poss%C3%ADvel-ind%C3%ADcio-de-vida-%C3%A9-detectado-em-v%C3%AAnus">Possível indício de vida é detectado em Vênus</a>.****<br />Fronteiras da Ciência. 14.out.2020. <a href="https://pca.st/lejvkcwk">A descoberta da fosfina em Vênus</a>. 5<br /></p><p> -------------------------------<br /><b>*Upideite(18.set.2020): </b>adido a esta data<br /><b>Upideite(18.set.2020):</b> Cabe também lembrar que até hoje não foi detectado nenhum composto orgânico (formado por carbono e hidrogênio e eventualmente mais outros átomos) na atmosfera de Vênus. A sonda Pioneer Venus levou um cromatógrafo para o planeta e, na baixa atmosfera, chegou a registrar o que parecia sinais de metano, mas análises posteriores indicaram tratar-se de artefato. Vide <a href="https://link.springer.com/chapter/10.1007/1-4020-2305-7_6">Ross-Serote (2004)</a>.</p><p>Por uma conta bem por alto, baseando-me na correlação entre a quantidade de células de bactérias de certos grupos presentes em uma amostra de solo e o teor de fosfina nessa amostra (<a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1001074208621427">Liu et al. 2008</a>), se uma eventual vida venusiana tiver fisiologia similar, seria de se esperar algo entre um milhão e um bilhão de "células" de "micro-organismos" por cm<sup>3</sup> da atmosfera de Vênus. Uma concentração de 10 a 10.000 vezes a de bactérias presentes na água de um lago aqui na Terra (<a href="https://core.ac.uk/download/pdf/33720947.pdf">Banu et al. 2001</a>).</p><p>Então algumas das dificuldades da hipótese da origem biológica da fosfina em Vênus são:<br />1) Não tem vida conhecida no planeta - fica difícil inferir a origem de algo com base em outro algo para o qual não há indícios de sua existência. Usar a presença da fosfina para inferir a existência da vida ao mesmo tempo em que se usa a possibilidade da existência de vida em Vênus para explicar a presença de fosfina em sua atmosfera se chama raciocínio circular. Ou bem se tem estabelecido que fosfina nas condições de Vênus é um marcador seguro de vida - e para isso seria preciso haver testado a hipótese fa fosfina como bioassinatura antes (comparando a presença de fosfina em corpos celestes que sabidamente não se tem vida com corpos celestes que sabidamente se tem vida - e isso é complicado porque só conhecemos um planeta que sabidamente tem vida) - e a detecção de fosfina é um indicador de vida; ou bem se tem seguro que há vida em Vênus (e não se tem até hoje nenhum indício independente de que seja o caso) e isso explica a presença do composto na atmosfera;<br />2) Não se sabe se a vida na Terra produz fosfina. Há correlação entre a presença de determinados micro-organismos em determinadas condições (especialmente ausência de oxigênio) e presença de fosfina nesse ambiente. E só. Não se sabe como a fosfina seria produzida por ação biológica. Não se tem nenhuma via metabólica conhecida que produza fosfina.<br />3) As condições ambientais onde foram encontrada a fosfina em Vênus não são propícias à vida. Mesmo com a existência de organismos multiextremófilos - que sobrevivem e até prosperam em condições extremas de condições ambientais (como alta salinidade, ambientes muito ácidos ou muito básicos, altas ou baixas temperaturas, alta radiação, etc.) - não se conhecem organismos que sobreviveriam a um ambiente com presença tão alta de ácido sulfúrico como é o caso da atmosfera venusiana na chamada camada de nuvens (a cerca de de 50 km do solo do planeta); as condições de lá são altamente dessecantes (há vida conhecida que sobrevive à ausência de água, mas não que se multiplique em sua ausência).<br />4) Não há outros marcadores de presença de vida típica de organismos associados à presença de fosfina aqui na Terra. As condições em que encontramos por aqui em que a fosfina é gerada é também as condições em que metano é produzido. Não há metano em níveis significativos detectado na atmosfera de Vênus até o momento - mesmo com equipamentos que deveriam detectá-lo já enviados para lá (a Pioneer Venus, com um cromatógrafo a bordo, chegou a detectar o que parecia metano atmosférico nas regiões próximas ao solo, mas uma reanálise indicou tratar-se de um artefato).</p><p>Até o momento, a detecção da fosfina na atmosfera de Vênus é mais uma refutação da hipótese da fosfina como bioassinatura para planetas do tipo terrestre do que um indicador de vida em Vênus. A crítica de que devido à baixa relação sinal/ruído do tipo de observação que foi usada para detectar fosfina deve ser levada em conta - mas o sinal de fosfina é relativamente robusto já que foram usados dois instrumentos independentes, o Telescópio James Clerk Maxwell (JCMT) no Havaí, EUA, e o Observatório ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), no Chile. A continuidade das medições deve resolver essa questão do nível de ruído e resolver de vez se o sinal é mesmo de fosfina ou um artefato.</p><p><b>Upideite(24.set.2020):</b> Em <a href="https://arxiv.org/ftp/arxiv/papers/2009/2009.06499.pdf">outro artigo</a> (submetido para a revista Astrobiology**), os autores destacam mais as dificuldades com a hipótese da origem biótica da fosfina em Vênus. E há um pouco mais detalhes sobre a geoquímica e a química atmosférica dos potenciais caminhos de produção da molécula no planeta. (Mas ainda não ficou claro por que descartam a via do trióxido de fósforo.)</p><p>"<i>However, there remain major problems with the concept of life in the clouds of Venus. The clouds are often described as being ‘habitable’ because of their moderate pressure (~1 bar) and temperature (~60 °C). However, moderate temperature and pressure do not necessarily make the clouds habitable (Seager et al. 2021) (and in any case pressure is irrelevant - terrestrial life can grow at any pressure from >1000 bar (Nunoura et al. 2018) to <1 millibar (Pavlov et al. 2010)). To survive in the clouds, organisms would have to survive in an extremely chemically aggressive environment, one that is highly acidic and with an extremely low concentration of water (highly dehydrating and very low water activity). Sulfuric acid is a notoriously aggressive reagent towards sugars and aldehydes, reducing dry sucrose to charcoal in seconds. In principle life could exist in an aqueous droplet inside the sulfuric acid cloud drop (as drawn in Figure 9 above), but this poses formidable problems in itself. No biological membrane could remain intact against such a chemical gradient, and the energy required to counteract leakage of water out of the cell (or sulfuric acid into it) will be orders of magnitude greater than the energy used by terrestrial halophiles to maintain their internal environment.</i>"<br />["Porém, restam ainda grandes problemas com a ideia de vida nas nuvens de Vênus. As nuvens frequentemente são descritas como sendo 'habitáveis' por causa de sua pressão (~1 bar) e temperatura (~60°C) moderadas. No entanto, temperatura e pressões moderadas não necessariamente tornam as nuvens habitáveis (e, de todo modo, a pressão é irrelevante - vida terrestre pode se desenvolver em qualquer pressão entre >1000 bars e <1 milibar. Para sobreviver nas nuvens, os organismos devem sobreviver a um ambiente extremamente agressivo quimicamente, um altamente ácido e com concentrações extremamente baixas de água (altamente dessecante e atividade d'água muito baixa). O ácido sulfúrico é um reagente notoriamente agressivo a açúcares e aldeídos, reduzindo sacarose seca a carvão em segundos. A princípio, a vida pode existir em gotículas aquosas dentro de gotas de ácido sulfúrico nas nuvens, mas isso traz um problema formidável em si. Nenhuma membrana biológica pode permanecer intacta contra um gradiente químico como esse e a energia necessária para contrabalançar a perda de água pelas células (ou a entrada de ácido sulfúrico) seria ordens de magnitude maiores que a energia usada por halófilos terrestres para manter seu ambiente interno."]</p><p><a href="https://arxiv.org/abs/2009.07835">Lingam &Loeb (2020)</a> em um pré-print sugerem uma densidade de biomassa de apenas 0,01 mg/m<sup>3</sup> para produzir a fosfina - podendo ser muito menor. É bem menor do que a densidade plausível calculada por <a href="https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/ast.2017.1783">Limaye et al. (2018)</a> como sendo plausível para Vênus: 0,1 a 100 mg/m<sup>3</sup> - que seria, em princípio, detectável por instrumentos ópticos da Terra; e do que a densidade média de biomassa na atmosfera terrestre: 44 mg/m<sup>3</sup>. E muito menor do que meu cálculo: 280 a 280.000 mg/m<sup>3</sup> (a minha conta leva em consideração de que se trata de uma comunidade bacteriana - muitos organismos não produzem fosfina)</p><p>**ht para <a href="https://twitter.com/pjasimoes/status/1309137585852346371">@pjasimoes</a>.</p><p>***<b>Upideite(24.set.2020):</b> Entrei em contato com <a href="http://www.williambains.co.uk/astrobiology/mit.html">William Bains</a> por email questionando a respeito da via do trióxido de fósforo, reproduzo a resposta abaixo:</p><p>"<i>i) P4O6 is the dominant species of phosphorus below about 20km, where H3PO3 would not be stable. In the cloud layer where H3PO3 would be stable in droplets, the amount of P4O6 is less than a millionth of the phosphorus. See Figure 5 in the arXiv mansuscript. <br />ii) Water is rare in Venus' atmosphere - it is extremely dry. So in the first part of the reaction scheme you suggest, almost all the P is present as P4O6, not H3PO3 (again, Figure 5)<br />iii) An alternative version would be to forget H3PO3 and ask about<br /><br />P4O6 + H2O -> PH3 + H3PO4 (not a balanced equation!)<br /><br />(effectively saying that the H3PO3 is a transient intermediate). Another respondent has asked about this, and I did not include it in the paper (my bad!), so I did an initial calculation for that. Subject to update, but it looks like the free energy of reaction under Venus conditions is around +200kJ/mol, i.e. at equilibrium the ratio of PH3:P4O6 will be something like 10^-45 in the cloud layer. So not a plausible source of the phosphine.</i>"<br />["i) P4O6 é a espécie dominante de fósforo abaixo de 20 km, onde o H3PO3 não pode ser estável. Na camada de nuvens onde H3PO3 pode ser estável nas gotículas, a quantidade de P4O6 é de menos de um milionésimo do [montante de] fósforo. Veja a Figura 5 no manuscrito no arXiv.<br />ii) A água é rara na atmosfera de Vênus - ela é extremamente seca. Então na primeira parte do esquema de reações que você sugere, quase todo o P presente é na forma de P4O6 e não H3PO3 (de novo, Figura 5)<br />iii) Uma versão alternativa seria esquecer do H3PO3 e pergunta sobre</p><p>P4O6 + H2O -> PH3 + H3PO4 (equação não balanceada!)</p><p>(efetivamente dizendo que o H3PO3 é um intermediário transiente). Uma outra pessoa perguntou a respeito e não incluí no artigo (mea culpa!), então fiz um cálculo inicial para isso. Está sujeito a alterações, mas parece que a energia livre da reação sob as condições de Vênus é de cerca de +200 kJ/mol, i.e., a razão no equilíbrio PH3:P4O6 será de algo como 10^-45 na camada de nuvens. Dessa forma, não sendo uma fonte plausível de fosfina."]</p><p>****<b>Upideite(25.set.2020):</b> adido a esta data.<br />5 <b>Upideite(16.out.2020):</b> adido a esta data.</p><p>6 <b>Upideite(16.out.2020):</b> Um pré-print alega haver encontrado <a href="https://arxiv.org/abs/2009.12758">sinal compatível com a presença de fosfina</a> na atmosfera de Vênus nos dados de uma sonda da missão Pioneer-Vênus 2.7</p><p>Outro pré-print, com base em espectrografia de infravermelho a partir de um telescópio de infravermelho no Havaí, calculam que, se houver fosfina, <a href="https://arxiv.org/abs/2010.07817">não deve haver mais do que 5 ppbv</a> (partes por bilhão em volume).</p><p><b>Upideite(28.out.2020):</b> Autores de outro pré-print acreditam que o sinal encontrado corresponda não à fosfina, mas ao <a href="https://arxiv.org/ftp/arxiv/papers/2010/2010.14305.pdf">óxido de enxofre, SO<sub>2</sub></a>.</p><p>7<b>Upideite(17.nov.2020):</b> O grupo publicou <a href="https://www.essoar.org/doi/10.1002/essoar.10504552.1">outro pré-print </a>analisando sinais da Pioneer-Vênus com a conclusão de que pode haver fosfina no planeta.</p><p><b>Upideite(17.nov.2020):</b> O grupo de Greaves et al. também publicou um pré-print <a href="https://arxiv.org/abs/2011.08176">reanalisando os dados do telescópio ALMA</a>. Embora mais fraco do que o resultado anterior, ainda concluem por um sinal de fosfina na atmosfera de Vênus.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-63886158959510597652020-08-14T16:06:00.005-07:002020-12-30T14:24:09.541-08:00Divagação científica - divulgando ciência cientificamente 37: uso de jargões<p>Aproveitando a polêmica suscitada sobre a necessidade e adequação do <a href="http://genereporter.blogspot.com/2020/08/divulgacao-cientifica-e-jargao.html">uso de jargões</a> na Divulgação Científica (DC), trago alguns artigos sobre o tema. O debate vem de muito tempo com o consenso de que o uso indiscriminado e prolífico de jargões é ruim, mas com uma discussão interminável na literatura de pesquisa sobre DC a respeito de se os efeitos positivos de algum uso de jargão na comunicação pública da ciência existem e superam os efeitos negativos. <a href="https://revistagalileu.globo.com/blogs/buzz/noticia/2014/04/tumblr-do-dia-tldr-wikipedia.html">TL/DR</a>: o tema é um tanto complexo e parece depender da situação e das pessoas envolvidas.</p><p>---------<br /><a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0963662512469916">Sharon & Baram-Tsabari </a>(2014) propuseram um índice para quantificar o uso de jargões nos textos. Basicamente compararam um banco de palavras usadas em textos científicos e acadêmicos (em inglês) - PERC (Professional English Research Corpus) - com um banco de textos gerais (em inglês britânico) - BNC (British National Corpus). Palavras comuns no PERC, mas raras ou ausentes no BNC, foram consideradas como jargão. Com isso compararam os textos em três registros: a comunicação de cientistas para cientistas (interpares); a comunicação de cientistas para o público não-especialista (DC) e o controle foram as comunicações de não-cientistas (no caso, designers) para o público não-especialista (comunicação não-científica). Texros interpares apresentaram mais palavras incomuns: 2,65% das palavras usadas eram raras no corpus geral; em comparação aos de DC (2,08%) e da não-científica (1,85%). Considera-se que, em textos em inglês, o limitar de pelo menos 98% de palavras familiares no texto é o ideal para a compreensibilidade. A Fig. 1 mostra as proporções de palavras técnicas (jargões) e não-técnicas entre as palavras incomuns utilizadas em cada registro.<br /></p><p style="text-align: center;"><img alt="" height="373" 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width="666" /> <br /><b>Figura 1.</b> Proporção de palavras técnicas (jargões - CX e C'g) e não-técnicas (Cg, cG, XG e XX), entre os termos raros (que pouco aparecem no corpus geral) em diferentes tipos de registros. CX - palavras encontradas no corpus científico, mas não no corpus geral; C'g - palavras encontradas significativamente mais no corpus científico do que no corpus geral; Cg - palavras encontradas mais (mas não significativamente mais) no corpus científico do que no corpus geral; cG - palavras encontradas mais no corpus geral do que no corpus científico; XG - palavras encontradas no corpus geral, mas não no corpus científico; XX - palavras não encontradas nem no corpus científico nem no corpus geral. Adaptado de: <a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0963662512469916">Sharon & Baram-Tsabari (2014)</a>.</p><p>Não é surpresa que o uso de jargão fosse maior na comunicação interpares (entre cientistas) do que na divulgação científica (de cientistas para o público não especializado) ou na comunicação não-científica (de não-cientista para o público não especializado), nem da persistência de jargões na DC ou mesmo, em menor escala, na comunicação não-científica. Na verdade, o fato de o resultado ser o esperado, é um ponto a favor da validade da proposta de quantificação.</p><p>Os autores desenvolveram também um índice de jargonicidade ('jargonness'): o logaritmo da frequência de uma palavra no corpus científico sobre a frequência no corpus geral (se a palavra está ausente no corpus geral, é atribuído um valor de 3). A mediana da jargozidade dos jargões usados na comunicação interpares foi de 1,21. A jargonicidade nos textos de DC e não-científicos foram menores: 1,078 e 1,022 (não diferindo entre si). Enquanto um jargão na comunicação de cientista para outro cientista é cerca de 16 vezes mais frequente no corpus científico do que no corpus geral, na comunicação para o público por um cientista ou por um não-cientista, o jargão tinha uma frequência no corpus científico de 11 a 12 vezes a frequência no corpus geral.</p><p>A partir desses princípios, o grupo desenvolveu um detector automático de jargões (<a href="https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0181742">Rakedzon et al. 2017</a>). Poderia ser interessante a produção de um programa que fizesse o mesmo em português.<br /></p><p>Ok. Temos um método para quantificar jargões. Mas e quanto aos efeitos? Parece haver poucos estudos especificamente para a comunicação pública da ciência de medição dos efeitos do uso de jargão. O grupo de Dixon, Amill e Bullock publicaram dois artigos fazendo exatamente isso. Usando um serviço de recrutamento online de sujeitos experimentais para responder a formulários online, <a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0963662519865687">Bullock et al.</a> (2019) dividiram 650 indivíduos aleatoriamente entre 4 grupos: um em que os participantes liam 3 parágrafos sobre 3 tecnologias emergentes (carros autônomos, robôs cirurgiães, impressão 3D de órgãos biológicos) com uso de jargão sem maiores explicações sobre os termos; um grupo com jargão seguido de definição; um grupo em que a definição era dada, mas o jargão não era apresentado; um grupo em que não era usado nem o jargão, nem era dada a definição. Para cada grupo foram medidos depois o grau de fluência do processamento da informação (basicamente a facilidade de entendimento do texto), do raciocínio motivado (quando a pessoa constrói um argumento já com uma conclusão previamente estabelecida), do quanto a pessoa achava que a tecnologia trazia riscos e do quanto ela apoiava a tecnologia. Na Fig. 2, vemos os efeitos encontrados. O uso de jargão se correlacionou a uma menor fluidez ou fluência do processamento, a uma maior resistência à persuasão, um percepção de maior risco da tecnologia e menos disposição a apoiá-la.<br /></p><p style="text-align: center;"><img alt="" height="177" src="data:image/png;base64,iVBORw0KGgoAAAANSUhEUgAAAxEAAADdCAYAAADEpf80AAAeoElEQVR4nO3dybWjOAAFUAfSy46CgIiHaEiGGDoG9eLbmBkJM3PvOV6Ui9GfQU8DvAIAAECC19EbAAAAXIsQAQAAJBEiAACAJEIEAACQRIgAAACSCBEAAEASIQIABvz3z7/1B4A2IQK4PIU91tQ8nhxbAMOECODSFPZY01iAcGwBtAkRwKUp6LGmuRDh+AL4I0QAl6aQx1piAoRjDOCPEAFcmgIea0gJEI4xACECuDgFPH6RGh4cZwB/hAjg0hTuWColLAgSAG1CBHBpCnYskdrioEUCoE2IAC5NoY5US7stCREAX0IEcGkKdaRY0uIQMz/A0wgRwKUp0JFiSWtD6jIAnkCIAC5NYY4US1oaYpbhuAOeRogALk1hjlSpAWFuGY474ImECODSFOZYU8rx5JgDnkyIAC5NiGBNjieAOEIEcAlL+7ArDJJCiACII0QAp7f0aToKhKRyzADEESKA05t6Gk7K9wqEzHHMAMQRIoDTGwsESz4wxTEDEEeIAC5BgGAPjhuAOEIEcBkCBFtz7ADEESKASxEg2JLjByCOEAFcjhDBVhw/AHGECOByBAi24hgCiCNEwJaqMuTZK7xef58sy0L2eoXXKw9l0nKKuPnK/L2uxOWvZcf1CxBswXEEEEeIgA2V+TdAvF6vkOW5ELEiAYK1OZYA4ggRsKFPiMiK6u+L2DCwfIWPChEhKPSxLscTQBwhAjZSZO1WiNcrC0XZDRFlyN//nzdL3d3C+Ej4qIpPy8YrvLI8lMVwIb413SsL+SfUdLah/8lCa9KO2PWHqmh163pleSjKiQUnUuBjLUIEQBwhAjaydYioimyk4N+ertulqu5aVaeDZSEidv3ffel/8hWDBOtq/p2eRIgAiPOsuwPsbL4709IQ0Sj452X4W3rVCC4D833K63NdqpqF/nysU1Lk+kemK+sAclC3KyYNBb6nECIA4jznzgAH2CxEjAWB7nwTrQC9dbaW+wqvrAij7QSx6x8NLCP7zSmMHS9PIEQAxHnGXQEOslmIGBvA3JluustRtwDfaDWYChAJ6x8faP1ttcimBl1wiKlj5gkECIB5z7gjwEG2b4nojFnozFeHiLlQ0BoXEdHFKHL9WiKu6+lBAoBp7gawofkQ0RhH8BkzUJXTYxv+ltwfazA533cQc9VrHWiOZZh+GlNjz+LWb0zEpQkSAIxxJ4ANxbwnYuzpSXM1+qs9nWlm3MTY4Op1ns609i/O2gQJAIa4C8CG4l42V4Ui/xbIs6zov2/hp/dE/NX8j74nYmGIiF9/CFW57Xsi2JYgAUCXOwAAswQJAJpc/QGIIkgwxvEA2zjz0+Kc6QBEEyTomuwO6fiARYbeWXO2IOGsBthJbGHryp/U3+Nwc29wH52vCmWeDT4coMxjH638g6XbvYE9jxl4grEAcbYg4ewF2MHRhfuzBonDLSqMfx+L3A0Rf08ty0JRvh9vXD/aeGU3ChFXPIautK1cz1yIOEuQcPQD7ODogr0QsabxEPFUTzquzrxtz/A5/z5PGixDHv2OowV671baVkyAOEuQcOQD7ODogv11Q8TnhYVZKOpHCuehrJ+anI8/vjiEEKoy5FnznSZZ/eLF9wL6NfqT8zRfzvj5NN/fMrU9zTe1dx7tnPe7PlVlc1mdaUYeF13m7fe3DC13D9c81n7bN3ZSFSF7H/f1ObJl18EdQ0RKgBAiAI400a99C0cX7q9ZsGu89fzzeRcYZl+kODRvXYh/TzL1NvjBecZDxC/b83q9Wu9kGX2Z46ewlPLiypM0l1zz+IvfD25qhxCRGh7OEiQc9cBD6ZLyi0NCxHt8QVWFdiG6biToFKzrf3+7OtSF87HCeMw8Q8dOzPY09yUr3tNVjcJ/f7r+iyrf2zW67HYrzdaFn19dNVgcHyQarVpF2XiZZxayoj8OJ66FbKS1b6pFLGn5kds6u77IFrdq2UtOo1+iOtcKGiklLJwtSAgRwEMJEUvtWwvc7ALU/Hr6Tet/0zZr/rOQ5UUoyqpd2JhsiRiZZ+jYSdye4X2ZfkN9exPGpqlCWRYhbxWyzhsihlwlWBwbJOJbtRa1kL0D82yL2NLlj2zrL+trtbhNnI/5RJAYXX/nPJrf5zipLQ5na5EQImAzsbUv07VAsbUpv9cWhfn+47HTzNUUNWtVy8b+Ze/9rjrfJe1HTL/z6X7tS2uwnmDLQtmwxvnRGsowdbNvtxDkvb/1UA3/xN+/V0Doh4i47YkMETHdJ3rb3T/nBo/ti5r6bdf+rLFN2xtp1aqPw4EWq5gWsmZrX2qLWGoLXHdbY9YX1eLW35/2+sbOh+H5vveKgZA/us/zlnZbEiLgEWJrX8ZrgWJrU7auLfoWeGKmiagpqi+4Q9uc9f/v11q13rImQsTCGqy7W6vglW4mRMQOqKy6NfRj3YIi5pkKEZPbs2FLRL2MLORFGaqq+n635aDTA20dJmKO7/3Ph4+RY6n7/S8tZDHH4S/L736fVBCfaHEbXc7Ydszs72jIn78XjlnS4hAz/96ECNhMeu3LWC3QdG3KSrVFSf3Hp/qLR9QUNUPEZ58bF+bs8113X1ftdz7UnWlpDda9HRcgQhgLEc1j6BPuqoka/aJ3vIyEiJh5GsdO/5yb2J7YENE6p9/HYfVtzcyKqrfd3/OwcXzn3/PgjiFizN7B4lTnRee6ltZC1llWRIvYT8vvXoOjBjBHtLiNLmfgvG39pCPzjZ1rk/s8bUlrQ+oy9iBEwGYia1+Sa4EW1N6s1X88app6ByJqirKJglpYWAMUW1CbGRw79Zs/yLEBIoTxAkhMq9RQi1OnYD3QLWh2nt66/7YtpZVs+ticKqiM1LZOnhvPDL9Na4aH1M824u4vaS1kY0E9IkQsaYH76V420eL2c0vEdJhKbgUdsKSlIWYZQgTcRmTtS3ItUKc2ZbXaohDRFzxmmoiaooUhYtV+55ODYxNrsG7q+AARwlSI+LQSTT8hpT0u5vWKe9/C5Dzv+fJmX+lGS2PceJ3m1yNPfxkY5zTVB7v3VJlq6rfj2kGiWaHTbPUda72NaSHrHicpLWJxLXCT2xqxvrgWtxXHRFTlxJiIqX2elxoQ5pYhRMCtpLZExNYCpdferNZ/PGaapJqioRDR2I9FNUBaItZwfHiA/V0zRPQ/zcqO+Bay/nV+tkUsafnz2zq7vtgWt8mxbeO/6t5PZxqTEg6MiYBbSq19Ga8Fih8T8UNtUUxf8IhpomqKFoaIdfudD7UuGBMRggABTWcPEe2n0A23xsW1kA23WE22iCUtP2Zb59cX2+JWlVu+JyKmFXS5o1sYYrkjwGZia18mLuCRtSnr1BbF9AWPmCampmhpiIjaj/guI0P92pfWYN2JAAF95wkQIVyrdTR9W7/X5iwUp9+/9QkR8HixtS9ztUDL3xORVlv0N81sX/CIaWZrin4IEav2Ox/s1768BusuBAj4Whoetj1v7h0iQgjfe8L5d3B1QgQ83pUu8tAmQEB6gNjPle4vadvaalnP8vCg+puaEAGPd6WLPABd5wsPPIEQASe3ffO0EAFwZYIDRxAi4MR+6ePq5gE3U/2922T+Ub8bWfCM+WHfd7Q86X0mW3PtZ29CBJzYryHCzQTuIuV9IRtZLUT8+etT7gVzcFVCBJyYEAH8GQgRe1s5RBzF9fEE9g7AbEKIgJMTIuACmo8Dbj569/PUlqrz3cD844/rHXrvSR7KTkHs88z6dhehofDx7U70+fQfkZzwMquIZXWWvGCedbhGnoQQcQtCBFyQEAEn03hLee+TZf3/azYnTL44sAqxIaJeTtYokA8U1sZehNjcpvEXQ6Yvq2vJPGtxnYT1CBFwMQIEnFAzRORlqMLfixW/Ne3v7+rC+acg3nhj/Huaz4sK29PFjInovxCyXl8902eaxksLey0Mw9tUNF94GL2sriXzrMf1cm+NY7Ju2cpDWQ60RFRlyLNmeM3eIbpt6IWlvakmW/ZYixABF5ISINwUYUeTbzdvfNcdVzDaraP76OW4gdXtLk1T4yiqUJZFyFvdima2aXRMxMSyxn+wBfOswzVzT41AWhfoi1CNBuCh1rjv0kZbyJqtb7Mte6xFiICLmLvxuSHCgZaGiImC+ScAjAaCocJ+s0vTYBjoj0foFeLHtqm3vIhl9X+oBfOsT5DYS79Vq3qPEWodSwPnSh0Y6oDwXVb2nagzX2zLHmsQIuAClgQIN0PY0WSIGCjkb9QS8Z0uq2v5WwOt6/VnIS/KUFVVfyzF0L4MbXvMsrqWzLMRQWIPIy8znWyJyEKWF6Eoq/bxEDMYO/p8Yg1CBFzA3I3OTRAOtjRELBgT0a+FbReY2l0+2kHgW7vbWO5noPNAjW+9TVXZGxMRt6zuz5Q+z5YEia31x+mEEIaP3e44hm6rQ8wjhqNb9liDEAEnF3OTcwOEgy0OEWGmD/d3Fe2nGv09Snaw1rU5yLtbMJ9YV3M5UU9nilxWWLD+PQkSW0oIEfX/dcfLvOfVEnE6QgScWOzNzc0PDvZLiAghVGXE02RaNbUjT7j5m3Cy1rX3/odquKAX856I2GUtWf+enh4kpvZ/7jMtMkQ0zovxMUXNMRHfFrK8dawbE7G3sweIEIQIHij1ov20mx7Amp4aJH4JEPO/T2xLxNC7UD5B89uaNt5Clt6yx3Pc+wyGjqfezACO9MRr7xohYvz3SenOVIUi5k3qA++J6DXaxbTs8Rj3PXuh44k3MYCzeNo1eNsQAcdzdPIILtAAx3vatViI4M4cndyeizPAeTz9mixAcBeOUG7NxRngfJ54bdYCwd04SrktF2eA83pKIVoXJu7KkcotuTgD1/d5PGcW8vpZ/ce982ELdy5MGwfB3TlSuR0XZuAWqiJk70d11o/f7L4p+wbuWqAWILg7Ryu34sIMcD13LVhP7c/d9pXncbRyG3e8AQGfl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width="628" /><br /><b>Figura 2.</b> Efeito do uso do jargão sobre a fluidez do processamento da informação, a resistência à persuasão, a percepção do risco de uma nova tecnologia e a disposição a apoiar o uso dessa tecnologia. Adaptado de: <a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0963662519865687">Bullock et al. 2019</a>.</p><p style="text-align: left;">Em <a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0261927X20902177">Schulman et al.</a> (2020), o grupo analisou se a introdução de explicação amenizava ou anulava o efeito do uso do jargão. Com o uso do jargão as avaliações de fluidez de processamento eram piores, mesmo com a introdução de definição do jargão.</p><p style="text-align: left;">Uma observação a ser feita é que as condições de uso de jargão foram de uma carga bem intensa: 10 jargões por parágrafo. Além da replicação independente, seria interessante analisar situações em que a densidade de jargões fosse menor.</p><p style="text-align: left;"><a href="https://psycnet.apa.org/fulltext/1975-25352-001.pdf">Atkinson & Carskaddon</a> (1975) analisam o efeito do uso de termos técnicos abstratos na avaliação da credibilidade do emissor. 32 alunos (16 homens e 16 mulheres) de curso introdutório de psicologia foram divididos aleatoriamente em 4 grupos. Todos assistiam a um vídeo de 15 minutos de uma sessão de atendimento psicológico. Antes de se passar o vídeo, os alunos eram apresentados a um breve currículo do profissional a cuja atuação assistiriam: para metade dos grupos o currículo era de grande prestígio (havia feito doutorado e tinha publicado artigos); para a outra metade, o currículo era de baixo prestígio. Em metade dos grupos, o profissional no vídeo usava palavras altamente abstratas para analisar o paciente; em outra metade, o profissional utilizava termos comuns. Assim, os grupos tinham as seguintes combinações: alto prestígio, palavras abstratas; alto prestígio, termos comuns; baixo prestígio, palavras abstratas; baixo prestígio, termos comuns. Após assistirem aos vídeos, os alunos preenchiam um formulário avaliando a credibilidade do profissional. As melhores avaliações do grau de conhecimento do profissional de acordo com a condição do estudo foram, na ordem decrescente: alto prestígio, alta abstração; baixo prestígio, alta abstração; alto prestígio, baixa abstração; baixo prestígio, baixa abstração. Na avaliação da compreensão do profissional a respeito do problema do paciente, as notas eram decrescente para: alto prestígio, alta abstração; alto prestígio, baixa abstração similar a baixo prestígio, alta abstração; e com a nota menor, baixo prestígio, baixa abstração.</p><p style="text-align: left;">É um estudo antigo, com uma amostra bastante restrita em termos de diversidade (caucasianos, estudantes universitários). Mas outros trabalhos também mostram um efeito positivo de pelo menos um certo nível de emprego de jargão (e em certas circunstâncias) para a credibilidade do emissor.</p><p style="text-align: left;"><a href="https://link.springer.com/chapter/10.1007/978-3-319-28059-2_13">Junks et al.</a> (2016) em seu capítulo sobre o uso da linguagem na construção da confiabilidade revisam em uma das seções o efeito da linguagem técnica sobre a confiabilidade por meio da percepção de expertise. O uso de termos técnicos são percebidos como mais complexos e difíceis de se entender (o que também foi encontrado no trabalho acima mencionado de <a href="https://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0963662519865687">Bullock et al</a> 2019), mas isso seria um indicador da expertise do enunciador. Além disso, quando o emissor transpõe a linguagem técnica para uma forma compreensível na orientação sobre saúde, essa capacidade de adaptar a linguagem também contribuiria para a percepção da expertise. Os autores citam, porém, que na literatura há divergências quanto a tal efeito.</p><p style="text-align: left;"><a href="https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0193841X8100500208">Thomson et al.</a> (1981) concluem que o uso de jargão e apresentação de dados afetam a avaliação de um relato de modo diferente a especialistas e não-especialistas. 96 educadores e 63 profissionais da área de negócios leram um relato de 150 palavras a respeito do desempenho de estudantes. Um tipo de relato tinha 12 jargões relacionados a estudos na área de educação, um outro usava palavras mais comuns para passar os mesmos sentidos. Esses relatos também se dividiam em dois tipos: alguns continham dados numéricos e outros usavam expressões relacionadas a opiniões pessoais (p.e. "35% dos professores são contra" vs "eu acho que"). Após isso, cada participante avaliava o relato e o autor em vários critérios. </p><p style="text-align: left;">Entre os educadores (especialistas), os relatos com jargão tendo ou não dados geravam mais concordância com as recomendações defendidas nos relatos; relatos sem jargão, mas com dados geravam uma concordância com as recomendações tão bem quanto no grupo controle (que avaliavam as recomendações defendidas no relato antes de lerem os próprios relatos), e relatos sem jargão e sem dados geravam uma concordância menor do que no controle. Entre os não-especialistas, todas as condições de relatos geraram um grau de concordância com as recomendações menores do que a condição controle. Mas os relatos sem dados, com ou sem jargões, geravam uma concordância maior do que as outras condições de relatos. A condição que levou a menor grau de concordância foi a carregada de jargões e de dados.</p><p style="text-align: left;">Em termos de avaliação da logicidade dos relatos, entre os especialistas, os relatos com jargão e dados foram mais bem avaliados, sendo os com jargão e sem dados os piores; entre os não especialistas, tanto os relatos com jargão e sem dados e os sem jargão com dados foram mais bem avaliados; o de pior avaliação foi a condição de sem jargão e sem dados.</p><p style="text-align: left;"><a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0165410119300163">Tan et al.</a> (2019) avaliaram o efeito do uso de jargão em prospectos de investimentos sobre o desejo de investir entre alunos de um curso de MBA profissional. Quatro condições de jargão foram analisadas: sem jargão; apenas bons jargões (i.e. jargões de uso legítimo); apenas maus jargões (i.e. jargão descabido, apenas com a intenção de confundir); e uma mistura de bons e maus jargões em prospectos sobre possibilidade de investimentos em uma oferta pública inicial de ações na bolsa de valores. Entre os alunos sem conhecimento da indústria a que se referia a oferta, os prospectos que não usavam jargões foram avaliados como os que mais eliciavam desejos de investir, seguido de apenas bons jargões (em nível próximo aos prospectos sem jargão), apenas maus jargões e mistura de bons e maus jargões (bem abaixo das demais condições); entre os com um nível baixo de conhecimento, o prospecto mais bem avaliado foi o que misturava bons e maus jargões; seguido de apenas maus jargões (bem mais abaixo), apenas bons jargões e sem jargão (mais ou menos próximo de com apenas bons jargões). Já entre os que tinham alto conhecimento da indústria, o maior desejo de investir se deu com prospectos com apenas bons jargões, seguido de sem jargões; os prospectos apenas com maus jargões e misturando bons e maus jargões foram igualmente mal avaliados.</p><p style="text-align: left;">Possivelmente uma meta-análise é necessária para uma avaliação mais definitiva a respeito dos diferentes efeitos que os jargões podem ter sobre diferentes públicos, em diferentes dimensões da comunicação (informação, persuasão, emoção, etc.) e em diferentes contextos e temas. (Pode ser que já exista, mas não cheguei a encontrar um trabalho de meta-análise.)</p><p style="text-align: left;"><b>Upideite(30.dez.2020):</b> Um artigo recente sobre o tema, com conclusão de que o jargão não cria dificuldades em situação em que o público tenha um sentido de alta urgência como em situação de crise. Shulman & Bullock 2020. <a href="https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0239524">Don’t dumb it down: The effects of jargon in COVID-19 crisis communication</a>. PLoS ONE 15(10): e0239524. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0239524<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-41236031776526203802020-08-13T06:07:00.004-07:002020-08-14T16:07:44.420-07:00Divulgação Científica e jargão<p>A comunidade de divulgadores está bem ativa questionando suas bases teórico-metodológicas. O que não deixa de ser positivo: o questionamento pode ajudar a avançar a área fazendo circular ideias e gerando novas propostas. (Claro que o ideal é que o embate de ideias seja feito sempre dentro de limites de civilidade, embora, por diversos motivos - todo mundo fica irritado de vez em quando, p.e. -, isso nem sempre seja possível.) Depois da polêmica a respeito de se os cientistas devem ser obrigados a se comunicar com o público, um outro clássico da discussão dos fundamentos da DC: a linguagem, em particular do emprego ou não de jargões.</p><p>Abaixo segue um breve compilado (também sem pretensão de ser completo nem representativo, apenas ilustrativo) de tweets que orbitaram a questão. Muitos links remetem apenas a um tweet representativo de uma thread (sequência). (À medida que outros pontos de vistas passarem pela minha TL no twitter, atualizo a listagem.)<br /></p><p>---------------------------<br /><a href="https://twitter.com/joaosalgadop/status/1293603357303734274?s=20">João Pedro Salgado</a><br />"Pessoal acha que vai divulgar ciência p população falando monofilético, parafilético, holótipo... vão sim, é por isso q as pseudociências crescem tanto no Brasil, a academia fica nesse pedestal aí pra sempre"<br /></p><p><a href="https://twitter.com/luizacaires3/status/1293745914901929984?s=20">Luiza Caires</a> <br />"Falar difícil não prova que você é inteligente, apenas que não entendeu nada do jogo. Principalmente se deseja mudar qualquer coisa nesse mundo. Depois fica aí dizendo que odeia Youtuber, influenciador...<br />Se a maior parte das pessoas não te entende, não são elas as incompetentes." </p><p><a href="https://twitter.com/sassichico/status/1293881011982553096?s=20">Francisco Sassi</a><br />"Divulgação científica é pra ser feita pra todos, pra quem não é da academia e também pra quem é cientista. Termo técnico é uma coisa que pode ser explicada e, muitas das vezes, auxilia na explicação e na compreensão do conteúdo."</p><p><a href="https://twitter.com/CoelhoPre/status/1293604228796219395?s=20">João Pré-Cambriano<br /></a>"Entendo o ponto. E concordo. Agora, não vejo problema em usar os termos desde que se explique o q cada um significa. O que impede de explicar, preguiça ou o nariz empinado de achar que o seu público é incapaz de entender?"</p><p><a href="https://twitter.com/_themingau/status/1293611838211579907?s=20">Johnny Mingau</a><br />em resposta a João Pré-Cambriano<br />"É então, eu compreendo e concordo com os dois Joãos aqui. Eu lembro que no começo eu decidi que eu iria evitar falar termos confusos nos vídeos, blog e etc... Mas começou a chegar momentos que ficava difícil não utilizar alguns termos...<br />Por exemplo, (um exemplo tosco) ... Você pode simplesmente falar que aves são Dinossauros, mas pra muita gente isso não faz sentido, elas querem saber porque são Dinossauros. Nesse momento chega a hora de explicar o que é grupo monofiletico..<br />Eu penso que devo evitar usar termos confusos até chegar o ponto em que eu explico o que são e significam esses termos. Daí em diante eu passo a usá-los. Por exemplo meu texto sobre Utahraptor, descrever o material sem explicar o que é holótipo ficava mais confuso ainda, então..<br />Eu expliquei o que é holótipo, Parátipo e etc... E o texto começou a fluir melhor. Se eu não tivesse explicado os termos acho q o texto ficaria mais confuso ao tentar não utilizá-los. Pelo menos foi oq eu senti enquanto escrevia o texto do utahraptor pro blog.<br />Como a academia não larga de mão desses termos, me parece conveniente explica-los ao público, para que dá próxima vez que vêem um cientista falando, não fiquem tão confusos."</p><p><a href="https://twitter.com/carloshotta/status/1293897017664712705?s=20">Carlos Hotta</a><br />"A linguagem usada em Divulgação Científica depende, a grosso modo, do seu objetivo, público alvo e o meio utilizado. Se a linguagem for compatível com estes três fatores, vc está muito bem. Se for compatível com dois, já está valendo."</p><p><a href="https://twitter.com/OtavioVulcao/status/1293941399914549248">Otávio Vulcão</a><br />"Existe um padrão de linguagem pra Divulgação científica? Muita gente já comentou e eu endosso: dependerá do público, objetivo e plataforma usada.<br />Você não vai divulgar ciência da mesma forma no Twitter e no Youtube, muito menos presencialmente.<br />Partindo de alguns textos, eu entendo que a DC não é apenas "tradução" da ciência; é sua "adaptação", porque você usa diferentes estratégias para falar dos métodos, descobertas, conhecimentos prévios e etc.<br />Durante essa adaptação você naturalmente descarta os jargões, termos técnicos demais e dados que são desnecessários no primeiro momento. <br />Significa que são menos importantes? Não, só significa que eles não são exigidos para aquele objetivo.<br />Isso não implica, por outro lado, que você deve simplesmente tratar seu público como plenamente ignorante e incapaz de entender conceitos e/ou termos difíceis. <br />Usar contextualizações para explicar os termos, introduzindo eles depois pode ajudar bastante.<br />Sou a favor de que termos essenciais para determinadas áreas não sejam descartados durante o processo de divulgação, sendo trabalhados minuciosamente para serem compreendidos pelo público.<br />Temos que ser pessoas com visões plurais, não singulares: uma tomada de decisão não obrigatoriamente vai excluir outra, dependerá de como você irá reunir essas ideias e aplicá-las."<br /></p><p>---------------</p><p><a href="https://genereporter.blogspot.com/2020/08/divagacao-cientifica-divulgando-ciencia_14.html">Aqui</a> detalho alguns estudos a respeito do uso de jargões e seus efeitos na comunicação e compreensão.<br /></p>Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-70039040661900952942020-08-11T17:14:00.001-07:002020-09-03T15:19:19.272-07:00Divagação científica - divulgando ciência cientificamente 36<p>(Este texto foi inicialmente encomendado para sair em uma revista, mas, depois de finalizado, não obtive mais o retorno. Acabou servindo de base pra dois textos mais ou menos sobre o <a href="http://genereporter.blogspot.com/2018/09/por-que-e-como-investir-em-divulgacao.html">mesmo tema</a>. Como uma <a href="http://genereporter.blogspot.com/2020/07/divulgacao-cientifica-deve-ser.html">discussão similar</a> se deu recentemente entre cientistas e divulgadores no twitter, creio que esta versão mais completa - e ligeiramente mais técnica, embora não tanto - possa ser eventualmente útil.)<br /></p><p>--------------------------- </p><p><b>A importância da Divulgação Científica<br /></b></p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Pesquisadores são
frequentemente instados a se envolverem em atividades de divulgação
científica, tanto indiretamente, na forma de entrevistas para
veículos de comunicação, como mais diretamente, falando com o
público sem intermediários, em palestras, textos para colunas de
jornais, vídeos explicativos, etc. São atividades que demandam um
certo tempo - que poderia ser empregado na pesquisa e docência - e
podem expor os cientistas e acadêmicos a críticas: dos pares ou do
próprio público. Então, afinal, qual a vantagem que a divulgação
científica pode trazer? Por que um cientista deveria se ocupar de se
comunicar com a população? Apresentaremos a seguir uma série de
motivos trazidos ao longo do tempo a favor do engajamento dos
pesquisadores na comunicação pública de ciências.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Thomas & Durant em
um artigo publicado em 1987 intitulado "<i>Why should we promote
the public understanding of science?</i>" analisam nove classes de
possíveis benefícios que podem ser promovidos pela divulgação
científica:<br />1) <u>Para a própria ciência</u>: atrair futuros
novos cientistas, apoio da população às ciências, debelar visões
e expectativas irrealistas quanto às possibilidades de novos
desenvolvimentos científicos e tecnológicos (evitando a desilusão
que ocorreria quando tais expectativas fossem frustradas);<br />2) <u>Para
a economia nacional</u>: uma população com um certo nível de
conhecimento científico e tecnológico pode aplicar tais
conhecimentos no aumento da produtividade e na geração de novos
produtos e serviços, além de aumentar a demanda por produtos
baseados em conhecimentos científicos e tecnológicos;<br />3) <u>Para
o poder e influência do país</u>: o domínio de conhecimento e
tecnologias estratégicas permitem desenvolver uma defesa mais
segura, projetar o poder se necessário e galgar e manter posição
de destaque e liderança regional ou mundial;<br />4) <u>Para os
indivíduos</u>: cidadãos mais bem informados estão mais bem
equipados para aplicar seus conhecimentos na decisão sobre dietas,
sistemas de saúde, segurança pessoal e confrontar inúmeras
alegações promocionais sobre produtos e serviços que lhes são
oferecidos, podem também almejar empregos mais bem remunerados que
exijam maior capacidade científico-tecnológica;<br />5) <u>Para
governos democráticos</u>: grande parte da pesquisa científica é
financiada com dinheiro público e seus resultados impactam a vida
das pessoas; em democracias modernas, os cidadãos devem opinar e
decidir a respeito de temas que envolvem a sociedade: a fim de que os
cidadãos possam tomar decisões sobre políticas científicas, eles
devem estar bem informados sobre o tema; assim, tanto se promove a
própria democracia, ao permitir que a população participe mais
diretamente, quanto se abastece a população com ferramentas para
decisões mais eficientes;<br />6) <u>Para a própria sociedade</u>:
acabar com o abismo entre o conhecimento ultraespecializado das
disciplinas científicas e acadêmicas e os não-especialistas,
permitindo à população mais opções de respostas que apenas o
medo e a adulação frente ao conhecimento científico, tornando-os
uma espécie de crítico das ciências (como há críticos literários
e gastronômicos);<br />7) <u>Para o aspecto intelectual</u>: a ciência
é um empreendimento que promove a capacitação intelectual e seu
enobrecimento, o conhecimento científico deve ser promovido como
parte da própria cultura intelectual;<br />8) <u>Para a estética</u>:
a ciência é uma atividade criativa de destaque da mentalidade
moderna, ela ajuda a revelar a beleza e o significado das coisas
e;<br />9) <u>Para a ética</u>: nas ciências, para haver o
convencimento, é preciso se basear em indícios objetivos e não em
meras opiniões e princípios de autoridades; alguns pensadores
chegam a dizer que o ideal da busca pela verdade objetiva através de
regras claras tornaria a prática científica como um ideal moral a
se buscar na sociedade (aqui é o único item em que Thomas &
Durant fazem uma nota mais crítica observando a polêmica que é tal
sugestão de superioridade moral da prática científica).</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Já Semir &
Revuelta 2010 dividem em cinco grupos:<br />1) <u>Para os indivíduos</u>:
por aumentar seu conhecimento sobre o mundo e sua capacidade de tomar
decisões informadas e usar os conhecimentos científicos para novos
usos;<br />2) <u>Para a sociedade global</u>: pelo fato de o
conhecimento científico, gerado sobretudo com investimentos
públicos, é um elemento imprescindível para a democracia e pode
contribuir para o bem estar e desenvolvimento econômico dos
países;<br />3) <u>Para a ciência e cultura em geral</u>: o
conhecimento compartilhado gera novas perguntas para pesquisas no
mesmo campo e também em outros e dão origem a novas disciplinas;<br />4)
<u>Para a comunidade científica</u>: a opacidade gera temor e a
transparência, confiança do público; se os cientistas se omitem,
outros farão a comunicação, nem sempre da mesma forma, com a mesma
intenção ou com a mesma clareza;<br />5) <u>Para a estética</u>:
muitas peças de divulgação científica: livros, fotografias,
filmes, desenhos... são de grande beleza plástica e artística)</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Alguns dos potenciais
benefícios têm sido objeto de pesquisa científica. Um dos mais
investigados é a suposição de que indivíduos com maiores
conhecimentos sobre ciências tendem a ter uma melhor atitude
(tendência psicológica de se avaliar um tema positiva ou
negativamente) em relação às ciências, o chamado "modelo do
déficit": a suposição é que o medo e a oposição ao
conhecimento científico e às tecnologias dele resultante seriam
frutos da ignorância científica. Embora pareça haver uma tendência
para que a maioria dos pesquisadores da área considerem a hipótese
falsa: não haveria essa relação, a relação seria invertida (na
verdade, indivíduos que mais se opõe às ciências tenderiam a ser
mais bem informados) ou haveria uma relação em "U"
(indivíduos pouco informados e indivíduos muito bem informados
sobre ciências teriam atitudes mais negativas, sendo as mais
positivas entre os indivíduos com nível intermediário); uma
meta-análise de Allum et al. 2008 com dados de 40 países indica
que, de fato, quanto maior o conhecimento científico, mais positiva
é a avaliação das ciências. O efeito, porém, é pequeno. [Para
alguns temas como "mudanças climáticas" o efeito do
maior conhecimento de ciências pode ser uma maior polarização
entre as visões (Braman et al. 2012).]</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Makarovs &
Achterberg (2018) analisaram dados da pesquisa Special Eurobarometer
de 2010 com 32 países e relacionaram a relação entre o nível de
democratização do país e características socioeconômicas dos
entrevistados e o engajamento público em ciências. Nas sociedades
mais democráticas tende a haver uma maior participação pública
nas ciências e maior apoio ao controle democrática delas; e
cidadãos com níveis educacionais mais altos e mais bem informados
sobre tópicos científicos também tendem a se engajar mais com
ciências. O estudo, no entanto, é correlacional, não sendo
possível apenas com esses resultados assumir uma relação causal
necessária.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Em relação à
hipótese da atração de futuro novos cientistas, Goto et al.
(2018) fizeram um estudo longitudinal com alunos japoneses para
avaliar o efeito da participação em eventos científicos. Alunos
que já apresentavam motivação para o aprendizado foram os que mais
participaram e se beneficiaram - aumentando sua motivação e
aprofundando seus conhecimentos, tendo os eventos relativamente pouco
impacto em atrair estudantes fora desse perfil.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Outro efeito estudado é
o do impacto da cobertura midiática sobre a citação dos artigos. A
publicação de notícias relacionadas aos estudos, especialmente na
mídia escrita, de modo geral, correlaciona-se com um maior número
de citações do trabalho em outros artigos científicos. Alguns
estudos têm encontrado uma relação causal direta do destaque na
imprensa não-especializada sobre a visibilidade posterior do artigo.
(E.g. Kiernan 2003, Mathelus et al. 2012, Fanelli 2013, Manisha &
Mahesh 2015.)
</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Em relação a boa
parte dos benefícios putativos, no entanto, não há muitos dados
corroborando ou refutando as relações alegadas.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Mas e quanto à
importância que os cientistas efetivamente veem na divulgação
científica? Besley e colaboradores (2017) verificaram o grau de
concordância de membros de sociedades científicas americanas a oito
seguintes objetivos da comunicação pública de ciências (listados
em ordem decrescente de maior concordância geral entre os
entrevistados):<br />1) garantir que as pessoas estejam <u>bem
informadas</u> sobre temas científicos;<br />2) <u>interessar e
estimular</u> as pessoas a respeito das ciências;<br />3) demonstrar
que a comunidade científica se preocupa com o <u>bem estar da
sociedade</u> (a percepção de benevolência e calor humano afetam a
inclinação das pessoas em apoiar os outros);<br />4) demonstrar que a
comunidade científica é <u>aberta e transparente</u>;<br />5) ajustar
o <u>enquadramento</u> (<i>framing</i>) das implicações das
pesquisas a fim de que o público pense sobre o tópico de modo a
ressoar com seus valores (o modo como uma questão é vista afeta as
atitudes e o comportamento em relação a ela);<br />6) demonstrar que
os cientistas compartilham dos <u>valores da comunidade </u>(as
pessoas frequentemente utilizam de pistas de identificação para
compreender questões científicas);<br />7) <u>ouvir</u> o que os
<u>outros</u> pensam sobre temas científicos;<br />8) <u>demonstrar a
expertise</u> da comunidade científica (a competência é uma das
dimensões avaliadas pelas pessoas para estabelecer a confiança nos
especialistas).</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Martín-Sempere e
colegas (2008) analisaram 13 motivos para cientistas e técnicos
espanhóis participarem da Feira de Ciências de Madrid. As repostas
puderam ser agrupadas em quatro categorias, aqui apresentadas na
ordem decrescente de importância atribuída:<br />1) <u>divulgação e
cultura científicas</u>: estimular e aumentar o interesse e o
entusiasmo do público pelas ciências, aumentar a cultura científica
da população, aumentar a apreciação pública das ciências,
tornar a instituição em que trabalha mais conhecida e visível;<br />2)
<u>senso de dever</u>;<br />3) <u>compromisso pessoal</u>: além do
comprometimento pessoal propriamente dito, o fato de haver sido
incumbido por superiores;<br />4) <u>motivações pessoais e
profissionais</u>: satisfação pessoal, diversão, relacionamentos
profissionais, promoção profissional, recompensa financeira,
recompensa com dia de folga.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Um temor relativamente
frequente entre os acadêmicos e cientistas a respeito de se engajar
nas atividades de divulgação científica é ilustrado pelo que é
conhecido por "efeito Carl Sagan". Segundo essa hipótese,
cientistas mais envolvidos com extensão e comunicação com o
público seriam academicamente menos produtivos. Mas estudos
realizados apontam que, na verdade, tende a ocorrer o oposto:
pesquisadores que se dedicam mais a levar o conhecimento sobre
ciências para o público em geral estão entre os que mais publicam
em revistas científicas (p.e. Jensen et al. 2008, Bentley &
Kyvik 2010).</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Assim, existem várias
razões potenciais por que os cientistas deveriam participar de
atividades de divulgação. Embora muitas delas ainda não tenham
tido sua validade verificada, para pelo menos algumas a resposta é
de resultados positivos para o público, a comunidade científica e
para a própria carreira do cientista. Diversas estratégias e
receitas têm sido aventadas para permitir um bom equilíbrio entre
as inúmeras atividades do cientista e a de divulgação, mas isso é
objeto para um outro texto.</p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><b>Referências</b></p>
<p class="western" style="margin-bottom: 0cm;">Allum, N. et al. 2008.
<span lang="">Sciece knowledge and attitudes across cultures: a
meta-analysis. Public Understanding of Science 17(1): 35-54.
https://doi.org/10.1177/0963662506070159<br />Bentley, P. & Kyvik,
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science publishing across 13 countries. Public Understanding of
Science 20(1): 48-63.
https://doi.org/10.1177/0963662510384461<br />Besley, J.C. et al. 2017.
Scientists' views about communication objectives. Public
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https://doi.org/10.1177/0963662517728478<br />Fanelli, D. 2013. Any
publicity is better than none: newspaper coverage increases
citations, in the UK more than in Italy. Scientometrics 95: 1167-77.
https:// doi.org/10.1007/s11192-012-0925-0<br />Goto, T. et al. 2018. A
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https://doi.org/10.3152/030234208X329130<br />Kahan, D. et al. 2012.
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2010. La importancia de la comunicación en el entorno científico.
Quaderns de la Fundació Dr. Antoni Esteve no. 20: 1-7.
http://www.raco.cat/index.php/QuadernsFDAE/article/view/253622<br />Thomas,
G. & Durant, J. 1987. <span lang="">Why should we promote
the public understanding of science? In: Shortland, M (ed.)
Scientific Literacy Papers. Oxford: Rewley House. Pp:1-14</span></p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="">------------------</span></p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang=""><b>Upideite(03.set.2020):</b> Um artigo analisa os fatores correlacionados às visões dos estudiosos da DC sobre os motivos para o engajamento público da ciência.</span></p><p class="western" style="margin-bottom: 0cm;"><span lang="">Besley, T. et al. 2020. <a href="https://journals.sagepub.com/eprint/KISAEQ94RGJA5THT8ZN3/full">Exploring scholars’ public engagement goals in Canada and the United States</a>. PUS. <br /></span></p>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-16007076178568675312020-07-30T20:22:00.013-07:002020-08-01T16:04:01.740-07:00Divulgação Científica deve ser obrigação de todo cientista?<div>Farei um compilado (que não se pretende compreensivo nem representativo, apenas o que apareceu na minha TL) aqui da discussão que se seguiu no twitter em função da exortação aos cientistas para fazerem divulgação científica reproduzida a seguir (coloquei o link para o primeiro tweet quando normalmente os participantes fizeram uma thread - também encadeei tweets que, na verdade, eram respostas a outros comentários ao tweet inicial):</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/thabataganga/status/1288880834083258368">Thabata Ganga</a></div><div>"Não vou me meter em treta dessa vez, mas reforçar algo que sempre falo. Se você é cientistas e principalmente trabalha em uma universidade pública. Você tem mais do que obrigação de virar youtuber e popularizar o seu conhecimento.</div><div>A universidade pública é baseada em três pilares - ENSINO, PEQUISA E EXTENSÃO. Virar youtuber é uma metáfora para fazer popular ciência e tecnologia, pois rolou aqui no meu feed uma discussão de que cientista não pode ser youtuber, mas deve ficar dentro do laboratório</div><div>Você não precisa estar no youtube para fazer extensão. Mas em tempos de pandemia, me mostra outra forma mais democrática de popularizar o seu conhecimento."</div><div><span style="color: #666666;">Depois de alguns comentários e respostas, ela complementou:</span><br /></div><div>"Galera, posso ter me expressado mal. O que eu quero dizer é que o conhecimento que nós cientistas obtemos em nossas vidas deve ser popularizado, acessível para o máximo de pessoas possível. Sei bem das dificuldades de tornar esse conhecimento acessível,</div><div>eu mesma sofro demais com isso e estou engatinhando no Youtube, por exemplo. O post era mais com uma intenção de incentivo, não de obrigação. Peço desculpas se eu dei a entender errado, não era minha intenção."<br /></div><div><br /></div><div><i><span style="color: #444444;">Algumas respostas:</span><br /></i></div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/mahagodoy/status/1288970801241370627">Mahayana Godoy</a></div><div>"Eu sou pesquisadora e edito uma revista de divulgação científica. Se tem uma obrigação que o professor **não** tem é a de virar Youtuber. Divulgação científica dá um trabalhão, não é td mundo que sabe fazer ou tem vontade. E extensão vai muuuuito além de popularização da ciência.</div><div>"Não acho que seja obrigatório. Obrigatório é dar aula, fazer pesquisa e extensão. Eu acho que a pessoa tem que ter abertura para fazer o trabalho chegar ao público, mas isso se resolve fortalecendo a equipe de comunicação da instituição.</div><div>tem gente que não quer e/ou não sabe mesmo. acaba até fazendo mal pra área uma divulgação tosca ou mal feita. quem estuda como se comunicar com não-especialista e tem essa obrigação é o cara que faz comunicação.</div><div>meu ponto é que quem puder, blz. acho até que a Capes podia dar uns pontos pra programas de pós que tenham projetos de DC. minha questão é com a obrigatoriedade. não tá no job description da profissão de pesquisador. vc consegue ser um excelente pesquisador sem ter projetos de DC"<br /></div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/marsabbatini/status/1289012714141093890">Marcelo Sabbatini</a><br /></div><div>"Sobre a polêmica da suposta obrigação do professor-pesquisador fazer divulgação científica (DC) (entendendo que youtuber foi generalização), algumas considerações:<br />1) nada que se faça por obrigação tem continuidade a longo prazo; se a DC é necessária, sua motivação é interior</div><div>2) para isto, é necessário conhecimento teórico-prático. A divulgação científica também é uma ciência e uma tecnologia. Possui congressos, revistas científicas é um campo que avança e evolui. Não se faz DC somente com uma ideia na cabeça e um podcast na mão</div><div>3) a fala que originou a polêmica dá a entender uma ação individual. Mas isto leva a uma fragmentação e à falta de eficiência. Ações coletivas, colaborativas, que busquem incluir e dar voz à sociedade que sustenta a universidade são mais interessantes</div><div>4) não se faz tanta DC, por que ela não é reconhecida e valorizada, é fato. Frente à pesquisa e, em menor grau a extensão e do ensino, que praticamente não conta, os processos de avaliação e progressão na carreira a ignoram. Seria preciso mudar uma cultura universitária</div><div>5) por que não é reconhecida? Minha hipótese, a DC não passa por mecanismos de controle. Revistas possuem revisão por pares. Projetos de extensão são avaliados, assim como de pesquisa. Mas a DC é mais livre, então estes "pontos" da avaliação estariam sendo dados "de graça"</div><div>6) neste último ponto, uma solução seria criar mecanismos de certificação de qualidade, a exemplo do selo do @scienceblogsbr e de ter canais institucionais de DC nas universidades e centros de pesquisa. Mas como disse, é preciso convencer a comunidade desta importância</div><div>7) em conclusão, DC deveria constituir uma atividade constante e sistematizada do trabalho universitário. Mas não de forma obrigatória, sem conhecimento para tal, de forma individualizada e sem reconhecimento e valorização profissional."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/luizacaires3/status/1288886939899383809">Luiza Caires</a></div><div>"'Virar YouTuber' não digo (e talvez seja força de expressão da Thabata). Mas popularizar o conhecimento da maneira que mais se encaixar no seu perfil (pode até ser palestra em escola pública), sim.</div><div>Ir numa escola uma vez a cada 1 ou 2 meses para falar de ciência e despertar interesse na área, ou ter disposição para atender jornalistas, ou fazer 1 fio no twitter voltado ao público geral... não faz diferença. O importante é fazer algo!<br /></div><div>Meu exemplo nisso é o João Steiner, pesquisador com um puta currículo que até hoje faz palestra em escola, da curso pra professores, atende a gente na rádio toda semana... Tempo até dá se colocar como prioridade.</div><div>Fora isso, é incrível a humildade dele na posição em que está, de sempre perguntar minha opinião, respeitar meus horários, prazos. Ele nunca agiu como se tivesse fazendo favor em nos atender. Parece até o contrário. E para projeção própria ele absolutamente não precisa da gente.</div><div>Pessoal muito na defensiva. Quem é cientista de Universidade não tem obrigação formal de falar de ciência para quem não é cientista. Mas é um dever ético e precisa de apoio institucional. N dá p/ querer q a população defenda a ciência se não a conhece. Depois não dá pra reclamar"</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/carloshotta/status/1289028556648075264">Carlos Hotta</a></div><div>"Eu já vi que o meu lado é o menos popular, mas acho engraçado as pessoas defenderem terceirizar comunicação científica mas não trabalhos administrativos.</div><div>E antes que falem: eu acho que tem que ter comunicação científica feita por profissionais sim, mas cientistas nunca deveriam deixar de se comunicar com o público.</div><div>Eu concordo, mas não acho que substitua o cientista falando com a sociedade. 2 a 4 h por ano, só o q peço."</div><div><a href="https://twitter.com/carloshotta/status/1289029097809743872">CH</a> "A função dos cientistas falarem com a sociedade não é necessariamente ensinar a sociedade. É aproximar ambos lados. É haver conhecimento mútuo para ambos crescerem."</div><div><a href="https://twitter.com/carloshotta/status/1289035162035118080">CH</a> "Me lembraram um ponto importante: o cientista se comunicar com a sociedade é importante do ponto de vista do financiamento.</div><div>No exterior, onde o financiamento à pesquisa por doações privadas é mais significativo, talvez fique mais claro o papel da comunicação científica em se garantir financiamento."</div><div><i><span style="color: #666666;">Em resposta a Mahayana Godoy</span></i></div><div><a href="https://twitter.com/carloshotta/status/1288974997323743235">CH</a>: "<span class="css-901oao css-16my406 r-1qd0xha r-ad9z0x r-bcqeeo r-qvutc0">Eu entendi YouTuber no tweet como qq coisa que fale com o público. Acho muito necessário é obrigatório.</span></div><div><span class="css-901oao css-16my406 r-1qd0xha r-ad9z0x r-bcqeeo r-qvutc0"></span>Tem que falar com o público de alguma forma. Nao precisa ser uma massa gigante. Sem esse contato, a sociedade não vai valorizar cientista e cientista não vai valorizar a sociedade.</div><div>A gente dá aula, a gente escreve e fala para pares. A gebte já tem parte das habilidades necessárias.</div><div>O comunicador de Ciências ruim só faz mal pq tem pouco cientista falando, daí a voz tem espaço.</div><div>Não tá no job description mas é algo q vai mudar cada vez mais. Lá fora já mudou. Mas assim como vc tem bons pesquisadores q dão aulas ruins e são péssimos administradores, vc vai ter os q não lidam bem com o público."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/ninadhora/status/1288991830097432578">Nina da Hora</a></div><div>"Professor ensina, para ensinar você precisar saber se comunicar sim. Pesquisador pesquisa , no passado era somente válido o conhecimento circular somente na academia e agora até para você conseguir inspirar jovens a estarem nas universidades precisa comunicar bem as vantagens</div><div>Precisar comunicar bem sua pesquisa para o público que não está na academia . Ciência faz parte da sociedade, faz partes dos questionamentos e soluções, A pesquisa passa por saber se comunicar sim e comunicação vai além de YouTube.</div><div>Ninguém é obrigado a fazer divulgação cientifica mas tem que saber se comunicar sim. O mundo muda e a ciência avança e pesquisadores tá entre os dois logo..."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/cacaudantas/status/1289185432618459137">Carolina Dantas</a></div><div>"Vou ser polêmica, mas vamos em frente. Assim como eu sou uma jornalista de ciência e PRECISO tomar cuidado ao escrever sobre ciência, o cientista pode tentar ser comunicador E TAMBÉM precisa entender de comunicação. Assim, evitamos vídeos sem sentido e textos que ninguém entende.</div><div>Apenas para complementar: Também existem textos e vídeos ruins entre jornalistas (MUITOS). Assim como existem cientistas ruins por aí.</div><div>A diferença clara está: eu, quando escrevo sobre ciência, ligo para um cientista.<br /><br />Aí o cientista quer comunicar sem ouvir como deve ser um comunicador. Qual é a fonte da técnica? VOZES DA MINHA CABEÇA"</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/Markurgh/status/1289188557756796929">Marcos Candido</a><br /></div><div>"Graças ao trabalho excelente de assessores de imprensa, há mais cientista dispostos a traduzir conhecimento para jornalistas. Mas os caras não têm nem e-mail acadêmico que pega, cortam bolsa, pesquisa, perrengue. E ainda tem que ser youtuber? Eu acho que não conseguiria."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/lucianolqueiroz/status/1289200784567971840">Luciano Queiroz</a></div><div><i><span style="color: #666666;">respondendo à Carolina Dantas</span></i></div><div>"Eu como cientista e comunicador, MAIS cientistas do que comunicador, escolhi fazer divulgação científica e por isso tô sempre procurando aprender como comunicar. Concordo com a Mahayana, ninguém deve ser obrigado a fazer divulgação, primeiro que muitos não querem e acaba saindo</div><div>péssimos conteúdos e segundo que ocupa o espaço, recursos e desvaloriza quem quer seguir esse caminho profissionalmente (jornalista ou cientista). O povo do meu departamento tá até hoje investindo em blog e ninguém nunca me chamou para conversar e dar ideias."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/Jhonatann_Dias/status/1288981373777215489">Jhonatan Dias</a></div><div>"Trabalhando com comunicação da ciência eu parei de acreditar no mito que cientista que não fala publicamente é malvadão. Primeiro que comunicação é uma habilidade, uns têm mais facilidade. Segundo que não é simples, exige um tempo danado de preparação</div><div>de conteúdo. Dito isso, acredito que a divulgação científica deve ser estimulada SIM pelas universidades, inclusive financeiramente. Obrigar o cientista a falar é bem exagerado. Até porque a rotina de um pesquisador é absurda, tem que entregar e estudar MUITO. Tem cientista</div><div>que recusa a dar entrevista pra mim e nem é porque a pessoa não acha que a sociedade não deve conehcer o trabalho dele, é falta de tempo, preparo, timidez, diversos fatores. Então vamos valorizar quem faz DC e não rebaixar quem não faz, ok?<br /><br />E comunicar ciência não é só youtube."<br /></div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/ALTourinho/status/1289241049131552768">Ana Lúcia Tourinho</a></div><div><font color="#666666">em resposta a Olga Chaim</font><br /></div><div>"hummmm... acho que a academia precisa sim passar por uma reforma, já passou da hora, e sim, precisa rever a comunicação, métricas, etc. Precisa ter em si uma braço de divulgação e linguagem potente, que não seja só pra pares. Se não for cientista pelo menos formar gente pra isso</div><div>E ai pode ser uma nova linha de profissionais, comunicadores, e os híbridos, que gostem e levem jeito pra coisa. Em todas as frentes, não só internet, pq de fato a academia tá muito fechada e isolada sim, isso dá espaço pra esses orcs ocuparem o vão entre nós e a comunidade</div><div>Olha, o pior nem é não entender as nossas atribuições, o pior ai é alguém que tá falando de divulgação e oferece um único veicúlo como saída pra resolver o problema, isso ai é o pior e demonstra uma má compreensão da coisa.</div><div>Eu uso mais o instagram do o Youtube por exemplo, e não é pq eu quero é pq no instagram o publico engaja mais com meu conteúdo mesmo. Não é assim que a banda toca. Tem toda uma questão do outro querer vc naquele veículo ou não. Besteira pura."<br /></div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/luciamalla/status/1289253830413041665">Lucia Malla</a></div><div><font color="#666666">Em resposta à Tourinho</font><br /></div><div>"Meio caminho: acho q o cientista precisa estar mais aberto a falar com a comunidade. Mas não obrigatoriamente ser o divulgador. Ele pode ser fonte de fácil acesso, por ex., se não tem treinamento p/divulgar competentemente. E as instituições devem incentivar a formação de + DC."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/tatiroque/status/1289567400858394624">Tatiana Roque</a></div><div>"Sobre professores e youtube<br />Divulgação científica não é uma tarefa individual nem voluntarista. As instituições que devem se preocupar com isso. A @ufrj tem a um órgão dedicado especificamente à difusão científica e cultural. Hoje coordenado pela minha pessoa. É singular, mas<br /></div><div>difícil fazê-lo funcionar como tal, justamente porque não existe a cultura de divulgação científica como missão institucional e coletiva. Isso se confunde frequentemente com comunicação e marketing. E as iniciativas de divulgação tendem a ser individuais. Assumi há pouco tempo</div><div>e gostaria de ajudar a mudar essa cultura. Não sei se vou conseguir, mas acho que um caminho eficaz e consistente para estreitar os laços entre universidade e sociedade deve ser institucional. Ainda que possa se servir de bons exemplos individuais. Mas sem reinventar a roda. Fim."</div><div><br /></div><div><a href="https://twitter.com/OtavioVulcao/status/1289586203302322176">Otávio Vulcão</a></div><div>"Divulgação Científica (DC): todo cientista deve fazer?<br />Aqui segue minha visão pessoal sobre a relação cientista X divulgação científica. De início, quero deixar claro que vejo com alegria esse debate e que ele não deve ser suprimido, mas estimulado.</div><div>Essa não é uma resposta pronta e com certeza não trarei uma conclusão. Essencialmente, podemos considerar a DC como ato de comunicar os saberes, métodos e a cultura científica para quem não pertence a esse conjunto.</div><div>É comum o cientista realizar atividades comunicativas ao decorrer da sua carreira, expondo seus resultados em congressos, seminários; conversando com pares por e-mails ou rodas de debate. Contudo, precisa ser lembrado que nós discorremos geralmente para os pares.</div><div>Discorrer com os pares exige, principalmente, conhecimento da área a qual você abrange. Não é necessário adaptar sua linguagem quando está se falando com pessoas que entendem os jargões, os números, os gráficos e tem vasto conhecimento prévio sobre o assunto.</div><div>A DC, entretanto, exige um conjunto de competências comunicativas para ter sucesso. Inclui habilidades intra e interpessoais, conhecimento de mídias usadas na comunicação; capacidade de diálogo com diferentes.</div><div>Conhecer o público a quem você está comunicando implica em saber a realidade dele; quais as aplicabilidades que uma informação pode ter; quais crenças e valores eles defendem ou não toleram.</div><div>O cientista, aqui destacando as 'Hard Science', não tem preparo prático e teórico para essa atividade. O que temos feito nos últimos anos vem de ações pontuais que foram se mesclando e avolumando, formando um corpo ainda pequeno mas com competência.</div><div>Pra quem vive na academia, sabe que as atividades de um cientista vão além da pesquisa. Tem funções administrativas, orientações, exigências de cumprimento de metas, deixando a DC como uma atividade pró-ativa não remunerada. Sem contar a vida pessoal de cada um.</div><div>Somando as habilidades necessárias para comunicação com as exigências formais da carreira, parece difícil exigir, com obrigatoriedade, que todo cientista apresente esse papel. Diria, inclusive, que nem todos tem a capacidade para tal.</div><div>Isso não isenta que estes, que não o fazem na prática, apoiem os colegas, concedam entrevistas, escrevam textos esporádicos ou compartilhem trabalhos de DC. Essa caracterização é o que eu chamo de 'dever ético científico'.</div><div>Se quisermos mais cientistas agindo com eficácia, aumentando o escopo, alcance e impacto da DC no Brasil, é necessário que tenhamos mudanças acadêmicas organizacionais. Incentivos e oportunidades para realizações desses trabalhos.</div><div>A DC precisa deixar de ser um trabalho que seja visto como 'hobbie', e isso só vai ocorrer quando for compreendido a necessidade dela dentro dos eixos administrativos dos institutos de pesquisas, incentivando e dando subsídios aos seus componentes a fazerem.</div><div>Temos criticados não-cientistas que tem falhas grotescas na comunicação, entretanto é válido lembrar que não somos comunicadores natos. Precisamos de auxílio de jornalistas, educadores, especialistas em comunicação/divulgação científica.</div><div>Ao final, acho válido que nossas cobranças aos cientistas sobre suas atuações fora da academiam seja antecipadas por análises calculadas, a qual notemos os benefícios e MALEFÍCIOS que uma má DC poderá causar.</div><div>Se somos analíticos em nossas carreiras por excelência, devemos também ser em como procederemos nas nossas estratégias para democratizar a ciência.<br />Nossas paixões e ânsias precisam ser mantidas no segundo plano e darmos palco ao pensamento crítico e prudente."<br /></div><div><br /></div><div>----------------------<br /></div><div><br /></div><div>Não tenho um posicionamento definitivo a respeito. Mas como uma tentativa de contribuição irei reproduzir uma tradução parcial de trecho de "<a href="https://www.routledge.com/Atoms-Bytes-and-Genes-Public-Resistance-and-Techno-Scientific-Responses/Bauer/p/book/9780415793537">Atoms, Bytes and Genes</a>" de Martin W. Bauer (2015, Routledge, 298 pp.) a respeito de potenciais riscos da comunicação pública da ciência para os cientistas e a comunidade científica (e também para a sociedade) que precisam ser levados em conta (naturalmente, não como impeditivo, mas como algo que pode acontecer e se pensar em como evitar ou minimizar as possibilidades e as consequências):</div><div>"1.<b> Cobertura midiática desfavorável (<i>bad press</i>) e fora do controle: </b>a comunicação pode criar mais más notícias do que notícias favoráveis por falha da própria comunicação ou pelo funcionamento da mídia, fora de controle dos cientistas - a cobertura tende a enfatizar a controvérsia - e a publicidade sobre um ator pode atrair oponentes;<br />2.<b> Determinação de liderança pela proeminência em vez de pela reputação: </b>a tomada de atalho do processo de revisão por pares com apresentação direta do trabalho à imprensa pode se tornar comum substituindo a reputação construída pela publicação formal pela proeminência angariada com a publicidade e visibilidade midiática (embora a cobertura pela imprensa também possa levar a um aumento da citação acadêmica do trabalho);<br />3. <b><i>Hype</i> (exagero) e expectativas frustradas: </b>a busca pela atenção midiática pode levar a exageros nas alegações; alegações exageradas criam expectativas altas difíceis de se cumprir, o que pode minar a autoridade da ciência;<br />4. <b>Predomínio das RP sobre a mídia de massa: </b>a preocupação com a reputação tem levado a uma profissionalização da comunicação pública da ciência contratando profissionais de relações públicas, especialmente jornalistas tarimbados; o jornalismo já cambaleante com a crise pode acabar dominado pelas RPs, afetando o equilíbrio para a cobertura independente;<br />5. <b>Repercussões imprevistas sobre a condução da pesquisa científica: </b>a competição pela visibilidade prende os cientistas em “valores de notícia” em vez de em valores científicos. Isso pode afetar não apenas o modo de se apresentar os resultados (design da informação) como a própria escolha de temas de pesquisa (influência epistêmica). Projetos passam a ser planejados e implementados tendo em vista o impacto sobre a opinião pública para atrair financiamento.<br />6. <b>Compromissos públicos e criação de dificuldades de aprendizado: </b>o compromisso público prende os atores ao compromisso sob o risco de perderem a moral; a mobilização social cria uma forma de incapacidade coletiva de perceber as coisas além do próprio projeto - eventuais fracassos são lidos como necessidade de se invetir ainda mais no trabalho, impedindo a aprendizagem e a consideração de alternativas."</div><div><br /></div><div>---------------</div><div>À medida em que topar com mais considerações, complemento a compilação.<br /></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-3344703223453051502020-05-29T10:33:00.000-07:002020-05-29T11:48:30.915-07:00Os efeitos das quarentenas na pademia de covid-19Embora experimentos que coloquem em risco vidas humanas normalmente sejam barrados (com toda razão) em um comitê de ética, experimentos naturais ou quase naturais ocorrem em por diversos motivos, entre os quais a visão ideológica de governantes.<br />
<br />
Governadores de sete estados americanos decidiram não emitir ordem de ficar em casa aos seus cidadãos (não por coincidência, todos republicanos). Isso permite a comparação do efeito de medidas restritivas a aglomerações e deslocamentos na evolução epidemiológica da covid-19. Mesmo nos estados em que a ordem de ficar em casa não foi dada, outras medidas foram tomadas como fechamento temporário de escolas e de comércio não essencial. A Fig. 1 inclui dois estados sem a ordem de ficar em casa (Arkansas e Oklahoma) e dois estados (Louisiana e Texas) com a ordem emitida em algum momento da região sudoeste central dos EUA; a Fig. 2 inclui quatro estados sem a ordem de ficar em casa (Iowa, Nebraska, Dakota do Norte e Dakota do Sul) e três em que a ordem foi emitida em algum momento (Kansas, Minnesota e Missouri).<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjWO4DrtA5reaPI_dlOA6MPKtBruoNMb9HgJGxvVafC6qg-6ZwfQ2J-RWVRg3abDUVOHoW20ogbBaKPJByTwk9PWBt9yLyYPFwiddiN7NRj_ezlbtztaRgqh4jhTDArB5p5v8AUu1oCH4/s1600/USA-lockdown-WSCentral.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="686" data-original-width="902" height="303" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjWO4DrtA5reaPI_dlOA6MPKtBruoNMb9HgJGxvVafC6qg-6ZwfQ2J-RWVRg3abDUVOHoW20ogbBaKPJByTwk9PWBt9yLyYPFwiddiN7NRj_ezlbtztaRgqh4jhTDArB5p5v8AUu1oCH4/s400/USA-lockdown-WSCentral.png" width="400" /></a></div>
<b>Figura 1.</b> Evolução epidemiológica de covid-19 - log do total cumulativos de casos e de mortes ao longo do tempo nos estados americanos da região sudoeste central dos EUA. Barras verticais indicam o tempo de tomadas de medidas restritivas (triângulos amarelos) e de abertura (triângulos verdes); o início (triângulo vermelho para baixo) e o fim (triângulo vermelho para cima) de ordem de ficar em casa.<br />
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyW_1cSgl1uad_v3p2qtnykvgqp6nlDs9GZgzIueCoxyeAZTobpdyoioxNUZ_CFA-KY-CMFTkP0VbWBzq5-KsF3rWz85Wf6r5cyS-ZeLn7g1t5uivKN2KsiV_USi13vBNudtRx2C8GnK8/s1600/USA-lockdown-WNCentral.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="975" data-original-width="1338" height="466" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyW_1cSgl1uad_v3p2qtnykvgqp6nlDs9GZgzIueCoxyeAZTobpdyoioxNUZ_CFA-KY-CMFTkP0VbWBzq5-KsF3rWz85Wf6r5cyS-ZeLn7g1t5uivKN2KsiV_USi13vBNudtRx2C8GnK8/s640/USA-lockdown-WNCentral.png" width="640" /></a> </div>
<b>Figura 2.</b> Evolução epidemiológica de covid-19 - log do total
cumulativos de casos e de mortes ao longo do tempo nos estados
americanos da região noroeste central dos EUA. Barras verticais indicam o
tempo de tomadas de medidas restritivas (triângulos amarelos) e de
abertura (triângulos verdes); o início (triângulo vermelho para baixo) e
o fim (triângulo vermelho para cima) de ordem de ficar em casa.<br />
<br />
Nos sete estados sem a emissão de ordem de ficar em casa há algum achatamento da curva com a diminuição do ritmo de crescimento do número de casos e de mortos. Há efetividade das medidas restritivas adotadas. Mas, nos estados das mesmas regiões em que a ordem de ficar em casa foi emitida em algum momento, há uma tendência de haver um maior achatamento da curva.<br />
<br />
Isso está de acordo com achados relatados em artigos científicos publicados mostrando o efeito do <i>lockdown</i> (confinamento) na região chinesa de <a href="https://academic.oup.com/jtm/article/27/3/taaa037/5808003" target="_blank">Wuhan</a> e também na <a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969720320520" target="_blank">Itália e na Espanha</a>. Uma revisão de estudos de modelagem e de análise de dados observacionais feita pela Colaboração Cochrane por Nussbaumer-Streit e colaboradores (<a href="https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD013574/full" target="_blank">2020</a>) concluiu que, embora com nível de certeza baixo, sim, medidas quarentenárias de restrição de movimentação e aglomeração (especialmente em combinação com outras medidas - como fechamento de escolas e de comércio) são efetivos na redução das taxas de transmissão.<br />
<br />
Os efeitos econômicos são mais incertos, mas um estudo ainda não formalmente publicado de <a href="https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3561560" target="_blank">um grupo do MIT</a> analisando os efeitos das medidas de combate à pandemia por restrição de movimentação e ajuntamento concluiu que as cidades americanas que adotaram as medidas com mais severidade tiveram menos pessoas afetadas pela pandemia da gripe espanhola de 1918 e se recuperaram economicamente mais cedo.<br />
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<b>Upideite(29.mai.2020):</b> Dados de casos e mortos nos EUA, <a href="https://usafacts.org/visualizations/coronavirus-covid-19-spread-map/" target="_blank">daqui</a>. Datas de início de medidas de restrição <a href="https://www.aljazeera.com/news/2020/03/emergencies-closures-states-handling-coronavirus-200317213356419.html" target="_blank">daqui</a>. Data de reabertura <a href="https://www.usatoday.com/storytelling/coronavirus-reopening-america-map/" target="_blank">daqui</a>.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3859186009227305127.post-514253864356613502020-04-26T19:55:00.002-07:002020-04-26T19:55:45.727-07:00Manifesto em defesa da ciência, do jornalismo e da divulgação científicaFrente aos <a href="https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2020/04/15/divulgadores-de-ciencia-sao-atacados-por-hackers-e-recebem-ofensas-apos-alertas" target="_blank">ataques</a> sofridos por divulgadores de ciência e jornalistas que cobrem a pandemia, e à <a href="https://oglobo.globo.com/brasil/analistas-veem-uso-de-robos-grupos-de-whatsapp-na-rede-de-apoio-ao-governo-24384213" target="_blank">distorção</a> promovida por certos setores motivados política e ideologicamente em relação a temas científicos, a Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência, a <a href="https://www.redecomciencia.org/" target="_blank">RedeComCiência</a>, lançou a declaração de título quase autoexplicativo: "<a href="https://www.redecomciencia.org/post/manifesto-em-defesa-da-ci%C3%AAncia-do-jornalismo-e-da-divulga%C3%A7%C3%A3o-cient%C3%ADfica?fbclid=IwAR1oTJU9X58dG9HfmeOKYceg8VSWDag90p3_eufnKtb87b8GYLbNRjCp0Qc" target="_blank">Manifesto contra a tentativa de manipulação político-partidária de pautas científicas e apoio aos profissionais de comunicação que cobrem a pandemia de Covid-19</a>".<br />
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Além de ser um protesto contra os atos de violência verbal e simbólica contra os comunicadores públicos de ciência e os perigos que a desinformação provoca, o texto elenca também uma série de pontos em que os divulgadores de ciência devem prestar atenção para evitar cair nas armadilhas dos que pretendem causar confusão - e, por consequência, a morte de milhares de pessoas. Até o presente momento (23h10, UTC -3, 26.abr.2020), são 148 signatários individuais (entre jornalistas, pesquisadores e comunicadores) e 17 instituições e projetos de ciência, pesquisa e divulgação.<br />
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Os interessados em subscrever o manifesto podem utilizar o <a href="https://forms.gle/wayDhAiaxqsyDWtc6" target="_blank">formulário de adesão ao manifesto</a> da RedeComCiência para ter seu nome acrescentado.<br />
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As próximas etapas ainda não foram definidos, neste primeiro momento, a ideia é obter o máximo de assinaturas possível. <br />
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Há pouco mais de quatro anos, escrevi uma postagem em outro blogue sobre <a href="https://neveraskedquestions.blogspot.com/2016/01/os-perigos-ocultos-da-dc.html?m=0" target="_blank">casos de ataques</a> - inclusive presenciais (ainda que não físicos) - a divulgadores de ciências. Embora o manifesto seja um primeiro passo na resolução do problema, certamente está longe de bastar. É importante para a visibilização da questão e conscientização. Algumas propostas de medidas efetivas seriam: elaboração de cartilha de orientação aos divulgadores de cuidados a tomar (senhas fortes e diferentes para cada serviço, acesso em duas etapas, não publicar determinadas informações pessoais como localização...) e como proceder em caso de ataques ou tentativas de ataque (a quem denunciar, que informações coletar do ataque...); criação de um grupo de apoio (psicológico e jurídico); e criação de um fundo de proteção (para, p.e., financiar as custas judiciais de uma ação).<br />
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<b>Veja também:</b><br />
Phillippe Watanabe. 07.abr.2020. Folha de S. Paulo "<a href="https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/04/apos-falarem-sobre-coronavirus-divulgadores-cientificos-sofrem-ataques-na-internet.shtml" target="_blank">Após falarem sobre coronavírus, divulgadores científicos sofrem ataques na internet</a>"<br />
Mariana Hafiz et al. 15.abr.2020. Unicamp/Notícias "<a href="https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2020/04/15/divulgadores-de-ciencia-sao-atacados-por-hackers-e-recebem-ofensas-apos-alertas" target="_blank">Divulgadores de ciência são atacados por hackers e recebem ofensas após alertas sobre coronavírus</a>"<br />
Caio Dallaqua. 17.abr.2020. Scientific American Brasil <a href="https://sciam.uol.com.br/divulgadores-de-ciencia-sofrem-ataques-e-ameacas-no-brasil/" target="_blank">"Polarização faz divulgadores de ciência sofrerem ataques e ameaças no Brasil</a>" Unknownnoreply@blogger.com0