Lives de Ciência

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quarta-feira, 17 de outubro de 2018

#EleNão

Sempre procurei não abordar a questão política diretamente aqui - existem diferença de visões de mundo que não são diretamente tratáveis com ciência e o direito de as pessoas terem tais diferenças de visões deve ser respeitado. Claro que, de um modo, a política está presente em tudo. Inclusive nas ciências.

A escolha de se ouvirem ou não os cientistas na hora de se definir políticas públicas como o Código Florestal, assinar tratados sobre controle de emissões de gases de efeito-estufa, o currículo nacional nas escolas públicas, as vacinas que serão incluídas na calendário de imunização, etc, etc. é uma decisão política. O quanto se irá investir em P&D, se irão organizar um ministério próprio de C&T ou misturá-lo com outras pastas, se irão priorizar um campo de conhecimento, etc, etc. é uma decisão política.

Mas estamos em um momento em que isso tudo pode ser afetado de modo dramático. E, não apenas isso, valores fundamentais como liberdade individual (direito à expressão, à sexualidade, à informação, à religiosidade ou à não-religiosidade, etc, etc.) estão em jogo. Valores tão básicos como direito à vida estão em jogo. Pessoas já morreram indubitavelmente por motivação calcada nos discursos de um dos candidatos. Um discurso contra as minorias, um discurso de defesa da violência física contra adversários, a apologia à tortura, um discurso de desprezo à democracia.

Omitir-se quanto a isso é dizer que isso é uma alternativa aceitável. Tão aceitável quanto a outra, que não prega nada disso - por mais divergências que alguém possa ter a respeito de outros aspectos ideológicos e visão sobre questões como a economia.

Não é. Não é uma alternativa aceitável. Mesmo na hipótese de que tal candidato seja apenas um bufão e não pense de verdade o que diz, o que diz já está causando efeitos terríveis sobre a vida e a liberdade das pessoas que pensam diferente, que são diferentes. O discurso desse candidato é tão claramente violento e antidemocrático, que é de grupos violentos e antidemocráticos que têm recebido apoio (mesmo que o candidato recuse).

E não apenas o candidato diz coisas terríveis. Todos os sinais das pessoas ao seu redor: seu vice, seus potenciais ministros e coordenadores de campanha - são péssimos sinais no que diz respeito à manutenção da liberdade e da democracia.

Este é e será sempre um blogue de ciências. Mas agora não é apenas questão de ciências - que, a propósito, também indicam que o candidato é a pior escolha possível: por seus feitos e propostas que devem piorar a própria ciência brasileira, e também por um programa que vai contra o que indicam os melhores dados científicos (p.e. armar a população tende a piorar a violência: casas com armas têm uma probabilidade *maior* de que seus moradores morram vítimas de homicídios) -, é mais do que isso. É a civilização contra a barbárie. É a vida contra a violência.

#EleNão
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Veja também:
Dragões de Garagem (17.out.2018): Dragões de Garagem em Defesa da Democracia.

2 comentários:

Fernando Ariel Genta disse...

Parabens pela clareza e pelo posicionamento corajoso. Um grande abraço!

none disse...

Valeu, Genta.

Espero que ainda haja tempo de evitarmos o pior.

[]s,

Roberto Takata

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