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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Isto é um experimento: As postagens menos visitadas do Gene Repórter

Rankings existem em quase todo lugar sobre quase todo assunto - futebol, economia, universidades, mulheres, homens, livros... Com música não é diferente e quase toda, senão toda, rádio tem sua lista de mais pedidas. Mas o quanto uma música não ganha destaque justamente por aparecer entre as mais pedidas? O chamado jabá é muito conhecido - dinheiro ou outra forma de bonificação dado às rádios pelas gravadoras para divulgar certos trabalhos e artistas. E no filme Dois Filhos de Francisco há uma cena em que o pai (Francisco) faz com que amigos liguem sem parar para uma rádio local pedindo para que uma canção de seus filhos (Zezé di Camargo e Luciano) seja tocada - levando a parada de sucessos. Então o quanto que o consumo de uma música - por exemplo, a compra de álbuns ou download de arquivo - está vinculado à qualidade musical percebida e o quanto está ligado à exposição dada por listas de mais vendidas, tocadas, pedidas?

A equipe liderada por Duncan Watts criou o projeto MusicLab, que permitiu medir a influência da exposição às listas. Funcionava como uma rede social em que os usuários podiam baixar arquivos de áudio. A quantidade de downloads era medida e uma lista das mais baixadas era exibida aos usuários. O MusicLab, no entanto, era dividido em "mundos" isolados - várias comunidades fechadas, em que usuários de uma comunidade não tinham acesso ao que ocorria em outra. Cada "mundo" funcionava como uma repetição independente. A quantidade de downloads nas comunidades quando a lista não era exibida serviu como um indicador de qualidade intrínseca de cada obra. Quando os usuários tinham acesso à lista, apesar de haver alguma tendência de músicas mais bem qualificadas estarem mais bem posicionadas, isso nem sempre ocorria. Com frequência a ordem de consumo era alterada, indicando a influência da simples listagem. Em cada comunidade, a influência social produzia listas bastante distintas de músicas mais baixadas.

É possível, então, que listas de textos mais lidos em sítios web tenham o mesmo efeito de retroalimentação positiva ou profecias autorrealizadoras (ou o segredo de Tostines): textos mais lidos tenderiam a ser os textos ainda mais lidos e se eternizarem em uma lista global (sítios e portais de notícias ressetam a lista de tempos em tempos para evitar esse feito, mas não evitam o efeito da pura influência social) e ampliar o fosso entre os mais e os menos lidos. Uma forma alternativa de fazer listas de textos em uma retroalimentação negativa seria listar os textos *menos* lidos.

Do GR, os dez textos menos lidos de todos os tempos são:

  1. Semana Darwin 200 - II
  2. The burdens of being upright*
  3. The Greatest Show on Earth: Resultado do sorteio
  4. Mala influenza - 2
  5. Mala influenza - 10
  6. Mala influenza - 5
  7. Mala influenza
  8. Mala influenza - 12
  9. Mala influenza - 9
  10. Sing Along: Science is golden

Serão ruins - ou piores do que os mais lidos - ? Talvez uma variação do paradoxo dos números desinteressantes possa ser formulada: em uma lista de textos desinteressantes, haverá um texto menos interessante, o que faz dele um texto interessante, logo deve ser tirado da lista; na nova lista, haverá um novo texto menos interessante e assim por diante...

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