Buscando no acervo da Folha de São Paulo, há 5 registros para "Vale do Silicone" para os anos de 1980 (um em texto da coluna do jornalista econômico Joelmir Beting - Figura 1a); 3 dos anos de 1990 (duas que corrige o mau uso da expressão na TV - Figura 1b e c); e um nos anos 2000 (um uso jocoso do termo em coluna da jornalista Barbara Gancia em 2008). Para os períodos respectivos, "Vale do Silício" aparece 64; 70 e 80 vezes.
Figura 1. Folha de São Paulo, a) 20/10/1982, pág. 21; b) 16/05/1993, TV Folha pág. 5
No acervo de O Estado de São Paulo, há 5 menções para os anos de 1980, 2 para os anos de 1990 e 1 para os anos 2000. (Nenhum uso é jocoso ou como correção. A ocorrência mais recente é de 2005.) Para "Vale do Silício", há 1 menção para os anos de 1970, 20 para 1980, 139 para 1990 e 399 para 2000.
Mas a troca de 'silício' por 'silicone' ainda ocorre. Principalmente em documentários traduzidos.
Não sei se há restrições orçamentárias que impedem a contratação de um revisor técnico ou talvez o tempo entre o recebimento do material original e a entrega da versão em português seja extremamente curto. Porém, há algumas dicas que permitem ao tradutor não especializado rapidamente saber qual expressão usar.
Em inglês, 'silicon' se refere ao 'silício' (o elemento químico); 'silicone' é 'silicone' (composto polimérico à base de silício, carbono, hidrogênio e oxigênio). A diferença é de apenas uma letra, mas é fácil de se identificar. Se for um material em áudio, é preciso prestar atenção nas diferenças do modo como são pronunciados: 'silicon' é lido como algo entre '/síliquem/' e '/sílican/'; 'silicone' é pronunciado como 'silicôn'.
Nos dois casos, escrito ou falado, o contexto também costuma ajudar. No mais das vezes em que se estiver falando de chip de computador - e semicondutores em geral (como em células fotovoltaicas) -, é silício; para formas de vida alternativa, normalmente também é silício - vida baseada em silício (como alternativa a vida baseada em carbono). Para materiais semelhantes a borracha ou plástico ou a líquidos e géis, tende a ser silicone: espátula de silicone, implante mamário de silicone, silicone automotivo.
Um caso que pode confundir bem é de chips flexíveis de silício. Chips ultrafinos sanfonados são montados sobre plataformas flexíveis como borrachas, permitindo aplicação em superfícies dobráveis ou sujeitas à torção. É preciso prestar atenção se está se referindo ao material do chip ou da base flexível. Por exemplo, em: "Active electrode arrays by chip embedding in a flexible silicone carrier", 'silicone' está bem usado referindo-se ao material flexível feito de silicone.
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