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No lugar de caminhada no meio da floresta com redes e armadilhas, leitura minuciosa de páginas de gibi. Foi assim que os autores de A Zoologia de "Sete Soldados da Vitória": análise dos animais presentes na obra e sua possível utilização para fins didáticos coletaram seus dados para o estudo. Os pesquisadores fizeram o levantamento faunístico de “Sete Soldados da Vitória”, metassérie (conjunto de minisséries interligadas) em quadrinhos de Grant Morrison lançada em 2005 pela DC Comics e publicada no Brasil em 2007 pela Panini Comics.
Cerca de metade das personagens, entre super-heróis, vilões, humanos comuns e até bichos de estimação, representam ou são baseadas em animais. Destes, 63% pertencem ao filo dos cordados – que inclui os vertebrados como nós – e 37%, protostômios – grupo ao qual pertencem os insetos, as aranhas, minhocas e moluscos. Como notam os autores no artigo, a presença no nosso cotidiano parece ser o principal fator determinante na presença nos quadrinhos: mamíferos, aves, répteis, anfíbios, peixes, insetos e aranhas predominam –, em contraste com o número de espécies conhecidas em cada grupo. O trabalho, à primeira vista inusitado, faz parte da linha de pesquisa do grupo liderado pelo zoólogo Elidiomar Ribeiro da Silva, da Unirio, de facilitar o aprendizado de biologia com a inclusão de elementos da cultura pop, despertando, assim, o interesse dos alunos – uma das autoras do artigo, Tainá Ribeiro da Silva, é estudante do ensino médio. Ela é filha de Elidiomar, mas, mesmo havendo realizado outros trabalhos com o pai, esta foi sua primeira experiência na classificação de organismos. “Certamente me ajudou a ter uma noção mais ampla do assunto”, contou por email Tainá, ávida leitora de quadrinhos e fã de Batman. “Mesmo informações zoologicamente incorretas podem ser exploradas em sala de aula, com os devidos ajustes e correções”, escrevem os autores no artigo. Por exemplo, o desenho de uma “cabeça” de aranha em um dos quadros pode ser usado como gancho para falar da morfologia dos aracnídeos: em que não há uma cabeça e um tórax separados como em insetos, mas formam uma única estrutura fundida em um cefalotórax. As incorreções podem também ser base para atividades do tipo “encontre o erro”. Sete Soldados da Vitória Cada uma das sete minisséries que compõem a obra gira em torno de um super-herói e pode ser lida de modo independente. Porém, um fio condutor une as histórias que convergem para a batalha final na qual os heróis salvam a humanidade de uma raça de seres vinda do futuro, os sheedas, e que controlam insetos e aranhas, utilizando-os como armas e montarias. |
Confira a íntegra da entrevista por email gentilmente cedida pela aluna Tainá Ribeiro da Silva, uma das autoras do estudo:
GR. Como foi sua participação no trabalho? Você quem pediu pra fazer, seu pai a convidou?
TS. Meu pai me chamou para participar, sendo que eu fiz parte de um outro projeto similar que focou na taxonomia de personagens baseados em aranhas. Nesse trabalho, eu o ajudei a fazer os cálculos estatísticos e também pesquisei sobre a origem de alguns personagens.
GR. O que achou da atividade?
TS. Foi complicado e demorado. Pra falar a verdade, tomou uma boa quantidade do meu tempo, mas eu realmente gostei de ver o resultado final!
GR. Você já tinha experiência em fazer classificação de organismos? A pesquisa a ajudou a desenvolver essa habilidade?
TS. Não tive experiência em fazer classificação de organismos antes desse trabalho, mas ele certamente me ajudou a ter uma noção mais ampla do assunto.
GR. Você gosta de quadrinhos? Se sim, quais? Gostou dessa obra que analisaram?
TS. Gosto de quadrinhos desde pequena! Meus pais sempre me encorajaram a ler, e eles mesmos adoram. Eu amo as séries do Batman e tenho gostado bastante dos Novos 52. Sobre “Sete Soldados da Vitória”, a história não chegou a chamar muito a minha atenção, porque é confusa e diferente de tudo que eu estou acostumada a ler. Tem vários personagens que eu desconheço, sobrando só a Zatanna. Não sei se posso dizer que gostei, mas não é ruim.
GR. Já tem alguma escolha profissional? Pretende fazer biologia?
TS. Certeza absoluta eu não tenho, mas tenho pensado bastante em fazer arquitetura. Biologia seria muito legal, mas eu não sinto que é ideal para mim.
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Agradecimentos:
Obviamente à estudante Tainá Ribeiro da Silva pela entrevista e ao Prof. Dr. Elidiomar Ribeiro da Silva pela autorização da entrevista. Às orientadoras Profa. Dra. Simone Pallone e Dra. Katlin Massirer.
Este trabalho foi produzido sob financiamento da Fapesp (Bolsa Mídia Ciência).
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