Muitos pesquisadores da área e divulgadores de ciências, especialmente os que têm uma formação mais afim das Humanidades (jornalistas, cientistas sociais, historiadores...) e, em menor grau, de Ciências da Vida e Saúde (biologia, medicina, psicologia...), tendem a rejeitar o modelo.
Nick Allum e cols. 2008 resolveram colocar a questão à prova em uma base mais sólida. Fizeram um estudo de meta-análise compilado dados para várias culturas.
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Allum, N. et al. 2008. Science knowledge and attitudes across cultures: a meta-analysis. Public Understanding of Science 17(1): 35-5. doi: 10.1177/0963662506070159.
18 palavras-chaves foram utilizadas para se buscar por artigos em bancos de dados como o ISI Web of Knowledge, Medline, Google... “public”, “science”, “knowledge”, “citizens”, “understanding”, “technology”, “survey”, “biotechnology”, “awareness”, “environment”, “risk”, “perception”, “measurement”, “genetic”, “literacy”, “opinion”, “engineering” e “attitudes” com conectores "and" ou "or".
Dos 300 artigos, relatórios e outros resultados, 193 amostras de dados foram selecionadas (com base em se as amostram eram aleatórios e representativas de populações em nível nacional) abrangendo 40 países e cobrindo os anos de 1989 a 2004.
As escalas de conhecimento científico puderam ser classificadas em duas categorias abrangentes: conhecimentos científicos de livros-textos gerais de ciências e conhecimento sobre biologia e genética (como "tomates comuns não contêm genes, enquanto tomates geneticamente modificados têm").
As escalas de atitude incluíam 5 grandes áreas: 1) ciência em geral, 2) energia nuclear, 3) medicina genética, 4) alimentos geneticamente modificados (OGMs) e 5) ciências ambientais.
Corrigindo para idade, sexo e escolaridade, a relação geral entre conhecimento e atitude foi baixa (0,08) mas significativa (a alfa=5%). Foi significativamente negativa para atitudes sobre OGMs e ciências ambientais. E quanto maior o conhecimento de biologia/genética mais negativa a atitude em relação às ciências. Quanto maior o conhecimento sobre biologia, melhor a atitude em relação aos OGMs e às ciências ambientais.
Pessoas com formação no ensino superior tiveram uma melhor atitude em relação às ciências.
Corrigindo para fatores como PIB per capita, acesso à internet, número de pessoas com ensino superior, os americanos foram os que apresentaram a melhor atitude em relação às ciências entre as populações analisadas no levantamento; os gregos, a pior.
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Infelizmente, o Brasil não esteve entre os países analisados. O que não surpreende, dada a falta de estudos de abrangência nacional que contemplem tanto as atitudes (foco dos levantamentos do MCTI) quanto o conhecimento (foco do estudo da Abramundo). Estudos que contemplam as duas dimensões são apenas regionais, como o do Labjor (estado de São Paulo). (Sim, um dia compilo os dados da pesquisa GR, mesmo não tendo representatividade nacional.)
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