O neurocientista Stevens Rehen, da UFRJ, postou em seu perfil na rede do tio Zucko uma reclamação quanto à cobertura da imprensa nacional (mídia impressa e online) do IBRO 2015 - 9° Congresso Mundial da Organização Internacional de Pesquisa do Cérebro, um dos principais eventos científicos da área. Veículos das organizações Globo, onde o pesquisador tem bons contatos, cobriram o evento: CBN, Globo News, Globo Repórter, O Globo (combo quase total: rádio, cabo, tv aberta, impresso; não foi mencionado, mas suspeito que o G1 também ). mais a Record e a Revista Fapesp. (Sinceramente, no Brasil, eu já ficaria mais do que satisfeito com 'apenas' a Globo cobrindo...)
Verdade que o próprio Rehen, um dos organizadores do evento, não postou nada sobre isso em seu blogue (verdade também que eu mesmo não costumo publicar aqui no GR eventos com os quais estou envolvido, então não posso censurar ninguém quanto a isso). A última atualização é de 12/jun "US$ 28 bi jogados no lixo com artigos científicos irreproduzíveis?". Mas sua conta no twitter esteve bem ativa com detalhes sobre o evento, antes mesmo de seu início no último dia 7/jul; bem como seu perfil no facebook.
Rafael Soares, do RNAm e da Numina Labs, foi por conta própria. Mas Silmar Geremias, do SciCast, e o Carlos Cardoso, do Meio Bit, e Luiz Bento, do Discutindo Ecologia*, reclamaram que não houve nenhuma comunicação para os divulgadores científicos que utilizam as novas mídias.
A jornalista Sofia Murtinho, assessora de imprensa do evento, foi um tanto dura nas respostas (ainda que as reclamações também tenham sido duras): "Eu não entendo quem critica mídias tradicionais e fica sentado esperando um release chegar na caixa de e-mail". (Vale a pena conferir - quebrando a zerésima regra da internet - os comentários à postagem de Rehen no facebook.)
Conversando com pessoal de ciências de um importante portal brasileiro, parece que por lá também não chegou nenhuma comunicação sobre o evento.
O perfil do Scienceblogs Brasil no facebook pergunta: "Falta cobertura por falta de interesse da mídia ou dos espectadores? As pessoas gostam de ciências e de neuro!"
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Um elemento que também é preciso se considerar - afora a questão de se a comunicação foi eficiente ou não, de se os alvos escolhidos foram acertados ou não, de se há interesse ou não das mídias ditas tradicionais - é que as redações das empresas de comunicação estão muito reduzidas devido aos sucessivos cortes de pessoal. Nem sempre conseguem destacar gente para cobrir um evento ou mesmo para acompanhá-los via internet. Aí acabam se valendo mesmo de material de agências ainda que seja um evento no próprio país.
Há também um pouco da questão do timing. Parte do evento pegou o feriadão no Estado de São Paulo, da Revolução Constitucionalista de 1932, emendando desde quinta-feira (09/jul). Muitos dos principais veículos atuam de SP. Cobrir o evento em esquema de plantão também pode ser complicado, ainda mais em cenário de crise econômica.
Claro que isso, por outro lado, pode botar pressão para os organizadores apelarem para o "sexing-up". Daí pra aparecerem coisas como "10 motivos científicos por que seu cérebro não resiste a gatinhos na internet" não irá muita distância. Do chamativo ao apelativo não se requerem grandes esforços. Mas pode garantir maior cobertura da mídia (sobretudo online) e atrair mais leitores/ouvintes/espectadores (e, principalmente, clicadores).
*Upideite(10/jul/2015): adido a esta data.
sexta-feira, 10 de julho de 2015
Ciência x Mídia x Novas Mídias: a cobertura do IBRO
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divulgação científica,
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