Rosebaum & Weil 2014, brincando com dados da National Inpatient Sample entre 1988 e 2010, encontraram uma correlação (defasada) entre atividade solar (número médio mensal de manchas solares) e a incidência de hemorragias subaracnóideas aneurismáticas (SAH) -derramamento de sangue para dentro das meninges (membranas que recobrem o cérebro) por rompimento de vaso sanguíneo enfraquecido (no caso, por aneurisma) - uma forma de acidente vascular cerebral (AVC).
"When using NIS data to model two 10-year periodic cycles, aneurysmal SAH incidence peaks appear to be delayed behind solar activity peaks (both solar flux and sunspots) by 64 months (95% CI; 56–73 months)."
Correlação não é causação e há muita correlação espúria. Os autores reconhecem que o achado é inusitado, mas sugerem que haja, sim, uma relação causal, por meio do efeito no sistema imunológico.
"We admit that the neurosurgeon may find it unusual to draw an association between solar activity and the incidence of aneurysmal SAH. Nevertheless, there exists an association, in which solar activity (solar flux and sunspots) appears to be associated with the incidence of aneurysmal SAH. As solar activity reaches a relative maximum, the incidence of aneurysmal SAH reaches a relative minimum. The causality of this association is uncertain but may reflect the effects of solar activity on immune modulation, Hrushesky et al. (2011) postulated associations based on UVB irradiation, solar protons, heavy charged particles, geomagnetic storminduced gravitational field changes, fluctuations, and resonance signals. Others have noted similar associations between sunspots and cholera incidence (Ohtomo et al., 2010)."
Estranho que os autores não tenham levado em conta um efeito muito mais simples: a temperatura. Peguei os dados das anomalias mensais médias de temperaturas dos EUA - calculei as médias móveis com janela de 5 meses - e corrigi a tendência de aumento para os períodos entre abril de 1971 e março de 2014, e plotei sobre o gráfico de incidência de SAH no artigo (infelizmente não tenho acesso direto aos dados numéricos) com uma defasagem de cerca de 100 meses. (Fig. 1.)
Figura 1. Sobreposição de gráfico de médias móveis de anomalia de temperatura mensal média (abr/1971 a jun/2000) - azul - e incidência de hemorragia subaracnóidea aneurismática nos EUA (jan/1988 a dez/2010).
Infelizmente não tenho como fazer uma análise estatística - pela falta dos dados numéricos da hemorragia. Mas pelo visual a sobreposição parece ser muito boa.
Um eventual efeito da atividade solar sobre as taxas de incidência de SAH pode ser por variação na temperatura ambiente.
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