Os singnatídeos (cavalos marinhos, peixes cachimbos, dragões do mar...) são uma família muito peculiar de peixes ósseos que compreende cerca de 300 espécies que vivem no mar, estuários e rios. Todas as espécies conhecidas apresentam uma característica única: a gravidez paterna - os ovos são fertilizados e incubados dentro de uma estrutura no corpo do macho, com a emergência de filhotes vivos. (
Wilson & Orr 2011.)
Em várias espécies, ocorre a inversão dos papéis sexuais com a competição entre as fêmeas por machos, que é o sexo que escolhe o parceiro (no caso, a parceira) sexual. Aparentemente a inversão dos papéis correlaciona-se com o padrão de acasalamento: espécies poligâmicas tendem a apresentar inversão, enquanto o padrão sem inversão tende a ocorrer em espécies monogâmicas. (
Wilson et al. 2003.)
A estrutura de incubação dos ovos pelos machos parece ter se desenvolvido de modo independente duas vezes ao longo da evolução dos singnatídeos: um grupo com incubação na região abdominal (Gastrophori) e outro com incubação na região caudal (Urophori). Dentro de cada grupo, parece haver uma tendência geral de complexificação da estrutura (embora com exceções): de uma simples região no corpo à qual os ovos são aderidos, mantidos expostos; à uma bolsa para dentro da qual os ovos são transferidos e incubados (Fig. 1). (
Stölting & Wilson 2007.)
A viviparidade dos singnatídeos é conhecida desde pelo menos a Grécia Antiga. Em 350 AEC, Aristóteles descreveu provavelmente o parto de
Syngnathus acus, peixe cachimbo muito comum na costa mediterrânea próxima às praias: "
Quando o tempo de dar à luz chega, [o peixe cachimbo]
explode em dois e a prole é liberada (...)
o peixe tem uma diáfise ou sulco sob sua barriga ou abdômen e após a desova pela abertura da diáfise, as metades divididas crescem e se unem novamente. (...)
Os jovens peixes juntam-se ao redor de quem lhe gerou (...)
porque o peixe libera os filhotes sobre si mesmo; e se alguém toca nos jovens, eles fogem nadando." (
Frias-Torres 2004.) Por muito tempo, considerou-se que eram as fêmeas quem davam à luz aos filhotes. Só em 1831, C.U. Ekström descreveria a "falsa barriga" no macho. Mas levaria ainda mais umas quatro décadas até que vários cientistas demonstrassem a transferência de ovos da fêmea para o macho. (
Ahnesjö & Craig 2011.)
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