Bicycle Swallowed by Tree in Washington State
Helen Puz Finds Bicycle She Lost Over 50 Years Ago Swallowed By Tree
60 years later, a tree has successfully eaten this bike
Um hoax se desenvolveu a partir disso de que seria uma bicicleta de um garoto que morreu durante a Primeira Guerra. Sítios web de análise de lendas urbanas, como o e-farsas e o Snopes, refutaram esse boato, mas corroboram que é mesmo uma bicicleta incrustrada naturalmente na árvore. Será mesmo?
Figura 1. a) Bicicleta "incrustrada" em árvore em Vashon/WA/EUA. Fonte: Callista1172/Flickr. b) Detalhe da roda traseira da bicicleta na árvore. Fonte: Sea turtle/Flickr.
Um problema é que árvores crescem verticalmente a partir de meristemas (conjunto de células indiferenciadas que dão origem aos demais tecidos e órgãos vegetais) apicais de seu caule (Fig. 2). Se a bicicleta tivesse sido encostada ou acorrentada à árvore, naturalmente, teria sido na altura do solo. Quando a árvore crescesse, a bicicleta não seria erguida. Uma possibilidade é que alguém quis fazer uma brincadeira e a pendurou em um ramo - a bicicleta está perto de uma ramificação.
Figura 2. Crescimento de plantas vasculares lenhosas. Os meristemas nas gemas (apical e lateral) e na ponta das raízes promovem o crescimento longitudinal das plantas a partir das extremidades. Os tecidos meristemáticos do câmbio vascular e do felogênio (câmbio da casca) produzem o crescimento em espessura do caule e da raiz. Fontes: Esquema do crescimento do caule: Wikimedia Commons; corte longitudinal da gema: Blueridgekitties/Flickr; corte transversal da raiz: Wikimedia Commons; esquema da porção distal da raiz: Wikimedia Commons; corte longitudinal do ápice da raiz: Wikimedia Commons.
Mas temos ainda outro aspecto que não está muito de acordo com o modo de crescimento de uma árvore. De fato, há vários casos em que um objeto é "incorporado" no tronco quando o vegetal cresce - porém, surge uma "cicatriz" (Fig. 3). Isso porque a massa da árvore não absorve o objeto, e, sim, cresce em sua volta, envolvendo-o, mas sem haver fusão do tecido (Fig. 4). No caso da bicicleta, não há um sinal claro de tal cicatriz.
Figura 3. Cicatriz de crescimento de tronco ao redor de objeto. a) Fonte: Adam Clarke/Flickr. b) Fonte: Kate Mereand-Sinha/Flickr. c) Fonte: Mjtmail/Flickr. d) Fonte: Mary J.I./Flickr. e) Fonte: Arsheffield/Flickr. f) Fonte: Redspotted/Flickr.
Figura 4. Diagrama esquemático de corte transversal de crescimento de troncos entremeados. Observe que nas áreas de contato, o crescimento posterior é inibido. Modificado de: Landmark Trees of Ontario/Facebook.
Em uma foto da árvore na qual parte da casca está removida, observamos escorrimento de resina a partir do ponto de inserção da parte anterior do quadro e do pedal. Isso, novamente, está em desacordo com o que deveria ocorrer com um crescimento do tronco ao redor do objeto: canais resiníferos não haveriam de ser rompidos.
Parece ser mais o caso de uma intervenção humana com uma bicicleta cortada em dois e cada metade encravada em um buraco natural ou cavado no tronco. (Na verdade, cortada em três - com descarte da porção do meio.) Seja como for, infelizmente a atração vem sendo vítima de depredação - o guidão, a roda dianteira e o garfo já desapareceram, o pneu traseiro vem sendo cortado pouco a pouco.
Há um outro caso alegado de bicicleta incorporada em uma árvore, na vila de Brig o’Turk, na Escócia. A posição do veículo é ainda mais inusitada - quase na vertical (Fig. 5).
Figura 5. Bicicleta 'incrustrada" em árvore em Brig O'Turk, Escócia, RU. Fonte: Forestry Commission, Scotland.
Nas fotografias dos detalhes também não aparenta exibir uma cicatriz óbvia e aparenta um certo desalinhamento entre as partes - o guidão sai de um ponto fora da reta projetada da porção do quadro onde a roda traseira deveria se ligar. Mas isso poderia ser pela entortadura do quadro com o crescimento do tronco. Há, porém, outras peças metálicas que não parecem ser componentes de bicicleta. Também se assemelha mais a uma situação em que pedaços separados de metais foram cravados na árvore, em vez de terem sido apenas dependuradas nela e posteriormente "absorvidas".
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