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Nossa primeira parada desta viagem de volta ao mundo é Uganda.
Uganda é um país da África Oriental sem saída para o mar, tendo como vizinhos o Sudão do Sul (ao norte), o Quênia (a leste), Ruanda e Tanzânia (ao sul) e a República Democrática do Congo (a oeste) (Fig. 1).
Figura 1. Uganda. Fonte: Google Maps.
Em 1947, menos de dois anos do fim da Segunda Guerra Mundial, ainda fazia parte do Império Britânico (conquistaria sua independência em 1962). Sua população estimada em 1950 era de 5,16 milhões de habitantes (em 2015 são 39 milhões) (Fig. 2).
Figura 2. Evolução da população ugandense (1950-2100). Fonte: UN World Population Prospects.
Em abril desse ano de 1947, pesquisadores americanos e britânicos realizavam um levantamento na floresta de Zika. A floresta tropical de dossel alto, mas descontínuo, desenvolve-se ao longo do braço mais longo do lago Vitória (Fig. 3)**. A apenas 11 km do instituto local e na região onde havia sido detectada alta incidência de imunidade ao vírus da febre amarela (YFV) entre os macacos selvagens, era um ótimo lugar para realizar um levantamento sobre a presença do YFV. (Dick et al. 1952.)***
Figura 3. Floresta Zika, Uganda. Fonte: Kaddumukasa et al. 2014.
Rotineiramente, subiam macacos resos, animais susceptíveis ao YFV, em gaiolas de madeiras até o alto da copa das árvores. Em 18 de abril, um dos animais, o Rhesus 766, apresentou-se febril. Foram extraídas amostras de sangue e separado o soro.
Quando injetado no cérebro de ratos, o soro levava ao adoecimento dos animais. Mas não quando injetado na barriga. Outro macaco, o Rhesus 771, foi inoculado sob a pele, mas não desenvolveu nenhum quadro de doença.
Tanto o soro do 766 tirado um mês após a recuperação da febre quanto do 771 inativavam a capacidade do soro do período febril de 766 de deixar os ratos doentes. Anti-soro contra YFV, dengue, encefalomielite murina de Theiler e vírus neurotrópicos (que infectam células nervosas) conhecidos não tiveram o mesmo efeito neutralizador.
O mesmo efeito tinha o extrato obtido do esmagamento de amostras de mosquitos Aedes africanus capturados na região em janeiro de 1948; revelando um possível vetor.*
Esses resultados, publicados em 1952, mostravam que estavam diante de um novo vírus.Em função da região em que foi encontrado pela primeira vez, foi denominado de vírus da (floresta) Zika.
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*Upideite(23/fev/2016): Inicialmente, os animais eram colocados em gaiolas; mas após os pesquisadores observarem que o mosquito Ae. africanus não costumava adentrá-las, passaram a manter os macacos presos nas plataformas sem as gaiolas. Como na época em que o Rhesus 766 ficou doente, ele estava em uma gaiola, Dick 1952, questiona se o Ae. africanus poderia ser mesmo o vetor.
**Upideite(23/fev/2016): Adido a esta data.
***Upideite(23/fev/2016): Referência adida a esta data.
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