Uma coisa que podemos notar é que, a partir de 2012, provavelmente não por coincidência, ano da aprovação da modificação do Código Florestal que diminuiu a proteção sobre a cobertura vegetal nativa, houve um reversão na tendência até então de diminuição das taxas de desmatamento. (Fig. 1.)
Figura 1. Variação na tendência do desmatamento anual na Amazônia Legal brasileira. Dados do Prodes/Inpe.
Então, muito do aumento atual pode ser creditado a uma tendência recente de crescimento das taxas de desmatamento. Porém, a última taxa divulgada pelo Inpe para a temporada de agosto de 2018 a julho de 2019, está acima do esperado pelo ritmo do crescimento de 2012 até 2017. (Fig. 2)
Figura 2. Tendência recente da variação na taxa de desmatamento da Amazônia Legal brasileira. Dados do Prodes/Inpe.
Mesmo se considerarmos o desmatamento apenas durante o ano de 2019 - que corresponde, usando como proxy a distribuição das taxas do sistema Deter, a cerca de 56% do total do desmatamento da temporada (Fig. 3) - teríamos 667 km² (acumulados de janeiro a julho deste ano) acima do esperado, que seria de 8.570 km², uma alta de cerca de 7,8% pelo menos que podemos atribuir ao que ocorreu durante o presente ano - incluindo as ações do governo federal de fragilização das políticas de proteção ambiental**. Considerando toda a temporada, o aumento foi de 13,8% acima da tendência (1.190 km²).
Figura 3. Variação mensal do desmatamento detectado pelo sistema Deter/Inpe.*
*Upideite(22.nov.2019): A imagem anterior não mostrava os valores da temporada 2019/20.
**Upideite(24.nov.2019): A Climate Policy Iniciative, grupo que produz análises e atua junto a governos e políticos para orientar a constituição de políticas públicas de uso de terra e energia, produziu um relatório que mostra como a estratégia combinada de monitoramento remoto com ação local por agentes públicos é vital no combate ao desmatamento na Amazônia.
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