Abaixo minhas anotações. Mas, sim, de modo geral, perfis oficiais de twitter que atualizam constantemente as informações são vistos como de credibilidade maior - porém, por via indireta.
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Waterman, D.; Spence, P.R. & Van der Heide, B. 2014. Social media as information source: recency of updates and credibility of information. Journal of Computer-Mediated Communication 19(2): 171-83.
Os autores testaram três hipóteses:
H1 - Recentidade da atualização em um perfil de mídia social é associado positivamente com a credibilidade da fonte.
H2 - A credibilidade é positivamente associada com elaboração cognitiva.
H3 - Há uma associação positiva entre recentidade e elaboração cognitiva.
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Os alunos foram divididos em três grupos: 63 foram apresentados a uma página no twitter da American Heart Association cuja última atualização era de cerca de 1 minutos atrás; para 56 alunos a atualização era de cerca de 1 hora atrás e para 62, cerca de 1 dia atrás.
Após visualizarem as páginas fakes (naturalmente sem estarem cientes de que se tratava de uma página falsa), todos responderam a dois questionários, uma para elaboração cognitiva (5 questões como 'quando via a página, pensava a respeito dela várias e várias vezes', com as quais atribuíam um de 5 graus de concordância/discordância) e outro para medição da credibilidade da fonte (com três dimensões: competência [competence], afeição [godwill] e confiabilidade[trustworthiness]).
Tabela 1. Credibilidade e elaboração cognitiva por condição de atualização.
competência | afeição | confiabilidade | elaboração cognitiva | |
rápida | 4,95 (0,97) | 4,83 (0,97) | 5,09 (0,92) | 2,98 (0,61) |
média | 4,70 (1,17) | 4,54 (1,07) | 4,74 (0,99) | 2,89 (0,66) |
lenta | 4,92 (1,13) | 4,71 (0,81) | 4,96 (0,97) | 2,78 (0,74) |
Média (Desvio Padrão)
A hipótese H1 não é sustentada diretamente - não há uma diferença significativa em qualquer uma das dimensões de credibilidade por condição de atualização (Tabela 1).
A hipótese H2 foi mantida - houve relação positiva entre elaboração cognitiva e a credibilidade - no todo e nas dimensões.
A hipótese H3 também foi mantida - havendo associação positiva entre elaboração cognitiva e recentidade da atualização (Tabela 1).
Embora não haja uma relação direta entre recentidade da atualização e credibilidade, um modelo em que a recentidade afeta a credibilidade por meio da elaboração cognitiva apresenta uma boa aderência aos dados.
Os autores especulam que a taxa de atualização do twitter estaria por trás do crescimento do número de seus usuários. Talvez seja o caso, mas analisando o crescimento de outras mídias baseadas na internet esse fator não parece muito óbvio (Fig. 1).
Figura 1. Crescimento de número de usuários de mídias baseadas na internet. Fonte: Forbes.
Entre as limitações que os autores listam para o estudo está o pequeno efeito da recentidade na elaboração cognitiva. Pode ser que o tema escolhido - doenças coronárias - não necessite de constante atualização. Um tema que envolva mais urgência poderia ser melhor na análise da relação entre atualização e credibilidade, porém isso poderia envolver a necessidade de manipular alguma crise que levasse as pessoas a procurar por mais informações a respeito - o que não é uma tarefa muito simples. Haveria de se esperar por experimentos naturais de crise (guerra, epidemias, desastres naturais...).
Os sujeitos experimentais também limitam o alcance do estudo - embora sejam naturalmente usuários intensivos de mídias sociais, possivelmente não é um público naturalmente preocupado com doenças cardíacas.
A escala Perse (1990) usada para medir a elaboração cognitiva tem um grau de confiabilidade aceitável (0,68), mas relativamente baixa. Isso pode significar que o baixo efeito da recentidade da atualização pode, na verdade, ser maior. Em todo caso é outra limitação.
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Obs: Um tanto irônico notar o histórico da publicação do estudo - que trata da necessidade de atualização rápida:
Submissão: 08/jul/2011; Revisão: 09/mai/2012; Aceitação: 16/jun/2012; Publicação online do artigo: 08/nov/2013; Publicação online da edição: 16/jan/2014. Muito possivelmente, os estudos foram conduzidos em 2010.Estou analisando um resultado que se refere a uma dinâmica de 4 anos atrás. A dinâmica das mídias sociais é muito mais veloz do que isso: o Whatsapp, criado em 2009, ainda estava decolando na época do estudo, pouco depois de sua publicação, seria comprado pelo Facebook - a academia precisa arranjar um meio para acompanhar essa velocidade de transformações. Claro que todo estudo científico se refere mais diretamente a um evento passado, mas, para a maioria dos fenômenos, supõe-se que seja extrapolável ao presente (quando não simplesmente transposto); mas nesta área de mídias sociais isso muitas vezes (quase sempre?) não é o caso.
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