Lives de Ciência

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domingo, 11 de junho de 2023

Nem tudo o que doureja é lúzio 9

Mais uma rodada da gaiata ciência.
  • Hall, N. 2014. The Kardashian index: a measure of discrepant social media profile for scientists. Genome Biology 15:424. Índice proposto para medir a discrepância entre a popularidade de um cientista e sua importância acadêmica. via @alesscar.
  • Hamilton, A.J.; May, R.M & Waters, E.K. 2015. Here be dragons. Nature 520: 42-3. Os autores sugerem em brincadeira em torno de 1o de abril que os padrões de temperaturas globais são indícios da existência de dragões. via Leandro Tessler fb.
  • Hopkinson, J.A. & Hopkinson, M.A. 2013. The hobbit — an unexpected deficiency. The Medical Journal of Australia 199(11): 805-6. Uma análise do possível papel da falta de vitamina D na vitória do bem contra o mal em The Hobbit, romance de J.R.R. Tolkien.
  • Kane, SR. & Selsis, K. 2014. A Necro-Biological Explanation for the Fermi Paradox. preprint no arXiv. Os autores analisam os riscos da psicose espontânea necroanimadora se espalhar pelo universo junto com a vida elaborando uma equação de Drake modificada para calcular a prevalência de planetas tomados por zumbis e responder ao paradoxo de Fermi. via Rodrigo Veras fb.
  • Lystad, RP & Brown, BT. 2019. “Death is certain, the time is not”: mortality and survival in Game of Thrones. Injury Epidemiology 5:44. Análise das causas de morte na série Game of Thrones. via Ruth Helena Bellinghini.
  • Trump, D. 2016. Proof of the Riemann Hypothesis utilizing the theory of Alternative Facts.  David Johnson brinca com o conceito de "fatos alternativos" (aka 'mentira deslavada') avançado por Kellyanne Conway assessora do presidente americano Donald Trump para apresentar uma visão da equipe a respeito do público que acompanhou a cerimônia de posse presidencial, notadamente menor do que as cerimônias de inauguração das presidências de Barack Obama. via Carlos Orsi fb.
  • Habgood-Coote et al. 2023. Can a good philosophical contribution be made just by asking a question? Metaphilosophu 54(1): 54. O artigo consiste unicamente no título e dados de autoria. Pelo menos está em Open Access. (Uma pergunta que suscita é se os autores pagaram alguma coisa.) Mas o método da maiêutica socrática consiste basicamente em fazer uma série de perguntas, de modo que o próprio interlocutor desenvolva seu pensamento ao respondâ-las. via Éverton Fernandes fb.*

*Upideite(11/jun/2023): O artigo vem com um comentário à parte dos próprios autores (exigência dos editores para a publicação do outro "artigo". Curiosamente, os autores não citam Sócrates.

domingo, 13 de maio de 2018

Especulando: Tolerância zero para pseudo e anticiências?

Lucas Camargo, do Dragões de Garagem e da UFSC, apresentou uma hipótese que gerou uma discussão no twitter que acho que merece ser acompanhada. Compilei os tweets num moments.





Fiquem à vontade para contribuir no twitter ou nos comentários aqui.

(Peço desculpas por eventuais erros gramaticas que eu tenha cometido.)

segunda-feira, 26 de março de 2018

SUS e "Medicina Alternativa": Terapia de florais

Continuando a série sobre as PICs - práticas integrativas e complementares - no SUS, vamos analisar o que a literatura científica diz a respeito da terapia de florais.

.terapia de florais
>O que é? proposta de tratamento com base em essências de flores ultradiluídas em solução alcoólica, independente de composição química ou ação farmacológica, mas por meio, supostamente, de transferência de energia ou vibração das flores para o preparado. (Vide: Ernst 2010.)
> Status: não funciona além de nível de placebo.
É ofertado pelo SUS desde março de 2018.

Thaler et al. 2009. Revisão sistemática de 4 artigos do tipo aleatorizado com controle e 2 de observações restrospectiva.
>>sem efeito: além do placebo para: dor e problemas psicológicos; ansiedade e TDAH.

Ernst 2010. Revisão sistemática de 7 artigos do tipo aleatorizado com controle.
>>sem efeito: além de placebo para: ansiedade, desempenho escolar de crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), tempo de parto, uso de medicamentos durante o parto.

Nota: Ersnt 2010 amplia a revisão anterior Ernst 2002, para o qual não consegui acesso - apenas o resumo: 4 estudos foram incluídos na revisão, os dois estudos que controlam para o placebo e usa a aleatorização dos tratamentos falham em detectar efeito. A técnica é muito similar à homeopatia, na qual Edward Bach, médico britânico, baseou-se para criar sua proposta de terapia de florais; não surpreende que, como aquela, esta tampouco demonstre eficácia além do placebo. Não encontrei uma meta-análise, a quantidade de estudos incluídos nas revisões sistemáticas parecem apontar para uma falta de estudos de qualidade.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

SUS e "Medicina Alternativa": Homeopatia

O Ministério da Saúde (MS) anunciou que o Sistema Único de Saúde passa a oferecer 19 tipos de práticas integrativas e complementares - PICs - (14 novas práticas foram incluídas pela Portaria nº 849/2017) no âmbito da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares - PNPIC.

Segundo o MS, PICs: "buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade".

Parece uma iniciativa meritória, mas alguma crítica tem sido gerada, especialmente no meio cientófilo, pelo uso de dinheiro público em técnicas sem respaldo científico. Defensores, por outro lado, afirmam que estudos foram feitos comprovando a eficácia. Outros defensores (às vezes os mesmos) dizem que seria uma visão reducionista pensar a saúde apenas em termos de técnicas cientificamente testadas e seria apenas uma validação do poder do establishment científico e da indústria da saúde.

Mas o próprio MS justifica as PICs como sendo: "tratamentos que utilizam recursos terapêuticos, baseados em conhecimentos tradicionais, voltados para curar e prevenir diversas doenças como depressão e hipertensão". Se a alegação é de que curam e previnem doenças, é bom que curem e previnam doenças. Além disso, as PICs, também denominadas de "medicina tradicional" e "medicina complementar e alternativa" (CAM, na sigla em inglês), não são pobres coitadinhas, é um setor da própria indústria da saúde e um bem grande. (Apenas nos EUA, em 2009, a CAM correspondeu a gastos pela população adulta de US$ 33,9 bilhões. É um montante que colocaria fácil a CAM entre as maiores empresas farmacêuticas do mundo. Mesmo que esse montante seja diluído entre um grande número de empresas e indivíduos, mostra que a as "medicina alternativa" é uma indústria solidamente consolidada e que movimenta muito dinheiro.)

Então, embora não esgotando a questão, há, sim, necessidade de se examinar a validade de tais práticas.

Disclêimer: Não sou da área da saúde, procurarei nesta série de postagens, então, trazer o que a literatura científica tem de consenso mais atual. Darei preferência a meta-análises (que fazem um apanhado estatístico em cima de uma coleção de estudos individuais menores) e revisões sistemáticas (o autor ou os autores da revisão colige/m os melhores estudos e procura/m extrair uma conclusão geral) sempre que estiverem disponíveis no Google Scholar. Se tiverem alguma referência melhor, por favor, fiquem à vontade para indicar nos comentários.*

.homeopatia
>O que é?: proposta de tratamento através de administração de formulações ultradiluídas (diluição sucessiva em álcool ou água, moléculas do princípio ativo podem não estar mais presentes na solução final) de compostos que se supõe produzir sintomas similares à doença que se pretende combater quando administrada em indivíduos saudáveis. Vide, p.e., Jonas et al. 2003.
>Status: não funciona além de nível de placebo.
É ofertado pelo SUS como PIC desde o estabelecimento do PNPIC em 2006.

NHMRC (Austrália). 2015. 57 revisões sistemáticas (176 artigos):
>>sem efeito além de placebo para: vegetação adenóide infantil (crescimento anormal das tonsilas adenóides por trás do nariz), asma, ansiedade ou condições relacionadas ao stress, diarréia infantil (homeopatia clínica), dor de cabeça e enxaqueca, dor muscular tardia, indução ou abreviação do trabalho de parto, dor durante tratamento dentário, dor por circurgia ortopédica, movimentos intestinais lentos no pós-operatório da circurgia de íleo, síndrome pré-menstrual, infecções do trato respiratório superior (como resfriado), verrugas.
>>ausência de indício sólido de efeito para: rinite alérgica, transtorno de déficit de atenção ou hiperatividade em crianças, contusão (bruising), síndrome de fatiga crônica, diarréia infantil (homeopatia individual), fibromialgia, ondas de calor (hot flushes) em mulheres que tiveram câncer de mama, infecção por HIV, doenças similares à gripe, artrite reumatóide, sinusite, distúrbio do sono ou do ritmo circadiano, estomatite por quimioterapia, úlcera.
Mathie et al. 2016. Meta-análise com 54 estudos RTC (ensaio clínico controlado e aleatorizado)
>>ausência de indício sólido de efeito para: asma alérgica, toxicidade de arsênico, infertilidade feminina/amenorréia, gripe, síndrome do intestino irritável, dor muscular, dor pós-operatória, rinite alérgica sazonal. (É encontrado algum efeito positivo no geral, mas que pode ser atribuído ao viés de publicação - maior tendência a publicar estudos com resultados positivos - e à baixa qualidade dos estudos.)
Nota: Uma famigerada (famosa/infame a depender da pessoa) meta-análise é a de Linde et al. 1997. Ali, o grupo conclui que a homeopatia teria um efeito maior do que o placebo (embora não conseguissem detectar superioridade em nenhuma condição clínica específica). O mesmo grupo, Linde et al. 1999, reanalisou os dados levando em conta a variação na qualidade dos estudos, e observaram que estudos com mais qualidade (aleatorização dos grupos, design duplo cego, descrição dos desistentes e dos removidos dos estudos...) tendiam a reportar menores efeitos da homeopatia. O que os levou a dizerem: "It  seems,  therefore,  likely  that our  meta-analysis at  least  overestimated  the  effects  of homeopathic treatments." ["Parece, então, provável que nossa meta-análise tenha pelo menos superestimado os efeitos dos tratamentos homeopáticos".] Shang et al. 2005 voltam à questão da qualidade dos estudos sobre homeopatia e sua relação com o resultado. Considerando apenas os estudos com grande número de participantes e de boa qualidade metodológica, os 8 estudos sobre homeopatia (de 110 analisados) apresentam uma razão de chances (odd ratio) de 0,88 (IC 95% 0,65–1,19) - praticamente igual a uma razão de 1,00 quando o tratamento homeopática é indistinguível do placebo (note-se que o valor 1,00 está dentro do intervalo de confiaça). Para os tratamentos convencionais, em 6 estudos de alta qualidade (de 110), o OD é de 0,58 (0,39–0,85) mostrando claramente o efeito superior do tratamento sobre o placebo. Hahn, RG. 2013 critica a análise do gráfico em funil ('funnel plot') de Shang por misturar diferentes doenças: o poder estatístico ('power') de estudos em que se esperam efeitos maiores tende a ser diminuído por razões éticas, enquanto estudos em que se esperam efeito menores necessitam de poder estatístico maior, as meta-análises deveriam se focar, assim, em doenças específicas para comparação, em vez de juntar todas em uma análise só; Hahn também critica o fato de mais de 90% dos estudos acaberem sendo descartados. Em sendo válidas as críticas de Hahn, no máximo, até 2013, a situação seria que não haveria demonstração sólidal de que a homeopatia não funcionasse além do placebo; porém, significaria apenas que tampouco não haveria demonstração sólida de que a homeopatia funcione além do placebo. A meta-análise de Mathie 2016 e a revisão de NHMRC 2015 levam em conta doenças específicas.

Parte 2: Plantas medicinais e fitoterapia.

*Upideite(11/abr/2017): adido a esta data.

Upideite(13/mar/2018): o MS anunciou a inclusão de outras 10 PICs.

Upideite(20/mar/2018): Veja também.
Pirula. 20.mar.2018. Pseudociência no SUS. (vídeo)
Frank Jaava. 24.mar.2018. "Pseudociência no SUS"? Resposta a Pirula. (vídeo)

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Medicina vs. terapias alternativas: mal menor?

Venho adiando a publicação desta postagem por vários motivos: necessidade de uma investigação maior, superveniência de outros temas mais candentes, outras tarefas... Mas com a publicação da postagem de Carlos Orsi sobre um novo estudo da influência (negativa) do uso de terapias alternativas e complementares no tratamento do câncer, creio que este texto possa servir como um bom... ahem, complemento.

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Críticos das ciências (ou do cientificismo), com razão, apontam para os perigos da crença cega no conhecimento científico. Por outro lado, a rejeição cega às ciências também é danosa.

Uma pergunta que lancei há algum tempo era: o que é pior, acreditar cegamente nas ciências ou adotar uma postura de rejeição automática a ela?
Um campo potencial de se tentar responder a isso é a medicina. Há perigo maior, por exemplo, em seguir todas as recomendações médicas (incluindo exames desnecessários, remédios e procedimentos errados e outras iatrogenias - doenças e problemas de saúde causadas pelos próprios agentes de saúde) ou ignorá-las e seguir terapias alternativas?

Levantamentos a respeito do uso de técnicas classificadas como "medicina complementar e alternativa" (CAM, "complementary and alternative medicine") resultam em uma fração variada de prevalência entre pacientes de câncer (dependendo, por exemplo, da definição adotada de CAM). Uma variação de 7% a 64% tem sido obtido - com valor médio de 30 a 35%.

Há uma visão da população em geral - e de muitos políticos e autoridades sanitárias - de benignidade da CAM: no pior dos casos, não funcionariam, mas serviriam de alento aos pacientes. Um estudo com pacientes noruegueses publicado em 2003 mostra, no entanto, o perigo dessas técnicas. Pacientes com câncer que lançam mão delas têm um risco 30% maior de morrer do que pacientes que não as usam.

Mas e quanto aos problemas causados pela própria medicina - como erros médicos, excessos, negligências, ganâncias, informações incompletas e outros -?

Só nos EUA, estimam-se as mortes iatrogênicas como algo entre 44.000 a 225.000 casos por ano. Algo entre 1,7 a 8,7% do total de mortes nos EUA. Muita coisa.*

E no caso de câncer? Um estudo com câncer testicular nos EUA, de 1982, detectou uma razão de morte iatrogênica de 6%. Outro, de 2004, no Japão, com carcinoma esofágico, reportou 1 caso iatrogênico em 43 mortes relatadas (2,3%).

Considerando-se as cerca de 590 mil mortes em 2015 por câncer nos EUA, em pouco menos de 14,5 milhões de pacientes com a doença por lá; aplicando-se uma prevalência de 30% no uso de CAM e a razão de perigo de 1,3 em seu uso, por ano teremos cerca de 48.700 mortes atribuíveis ao uso de técnicas ditas alternativas em pacientes de câncer. Ao mesmo tempo, considerando uma razão de 6% de morte iatrogênica, serão 35.400 mortes atribuíveis a diversos erros e negligências médicas em pacientes com câncer.

O risco, pelos melhores dados que temos, é substancialmente maior no uso de CAM do que em decorrência de problemas iatrogênicos: 30% vs. 6%. Em termos absolutos, parte disso é compensado pela maior base de casos de pacientes submetidos a procedimentos médicos - virtualmente 100% - do que a procedimentos ditos alternativos: cerca de 30%.
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Hendriks et al. (2015) desenvolveram um teste para diagnosticar as características que as pessoas leigas usam (um dia entro na polêmica sobre o uso do termo 'leigo' para se referir às pessoas sem especialização em um dado tema) como critério para confiar ou não em especialistas. Talvez seja o caso de aplicar tal teste para orientar como os especialistas que usam métodos cientificamente validados possam se apresentar como mais confiáveis do que terapeutas ditos alternativos.

*Upideite(17/mai/2016): Para uma visão crítica em relação estes números, uma postagem do Respectful Insolence. (via @carlosom71)

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Nem tudo que doureja é lúzio 5

Uma nova rodada de gaiata ciência.


segunda-feira, 23 de junho de 2014

Comensais das ciências: conceitos satélites às ciências

Filósofos, historiadores, sociólogos das ciências e cia. gastam bastante energia para definir o que são as ciências. Sem consenso. Mas além das ciências em si, uma série de conceitos correlacionados surgem identificando elementos que se parecem com ciência, mas não chegam a sê-lo ou ficam em uma zona cinza entre ciência bona fide e algo claramente não científico.

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Ciência de borda/marginal (fringe science): "ideias altamente especulativas ou fracamente confirmadasSteven I. Dutch 1982.

Ciência extrapolada (extrapolated science): concepção de estado da arte da ciência e tecnologia de um futuro - imediato ou mais distante -, a partir da extrapolação do desenvolvimento científico e tecnológico atual: especialmente aplicado em obras de ficção científica. Particularmente úteis para essa concepção são relações como a lei de Moore ou a curva de Carlson.

Ciência patológica (pathological science): "não há desonestidade envolvida, mas as pessoas são iludidas por resultados falsos devido à falta de compreensão dos modos como os humanos podem ser desencaminhados por efeitos subjetivos, pensamentos sequiosos [wishful thinking] ou interações limítrofes [threshold interacions]. [...] São coisas que atraem grande atenção. Normalmente centenas de artigos são publicados sobre isso. Às vezes duram por 15, 20 anos e, então, gradualmente desaparecem."
"Sintomas de ciência patológica: 1) O efeito máximo observado é produzido por agentes causativos de intensidade quase indetectável e a magnitude do efeito é substancialmente independente da intensidade da causa; 2) O efeito é de uma magnitude que se mantém perto do limite da detectabilidade ou muitas medidas são necessárias por causa da baixa significância estatística dos resultados; 3) alegações de grande exatidão; 4) teorias fantásticas contrárias à experiência; 5) as críticas são respondidas com desculpas ad hoc inventadas na hora; 6) a razão entre apoiadores e críticos aumenta para algo próximo a 50% e então gradualmente cai no esquecimento." Irving Langmuir 1953.

Metaciência (metascience): "estudo da estrutura lógica das teorias científicas." Pearce & Rantala 1982.

Paraciência (parascience): "sistema pseudocientífico de crenças não testáveis baseadas em ilusão, erro e fraude." Marks 1986.

Protociência, ciência emergente (proto-science, emerging science): "obviamente é uma ciência em statu nascendi. Se sobreviver, tal campo pode se desenvolver eventualmente em uma ciência matuda, em uma semiciência ou em uma pseudociência. Em outras palavras, quando uma disciplina é chamada de protociência, é muito cedo para dizer se ela é científica ou não. Por exemplos: a física antes de Galiley e Huygens, a química antes de Lavoisier e a medicina antes de Virchov e Bernard. Todas essas disciplinas amadureceram rapidamente e se tornaram científicas por completo. (A medicina e a engenharia pode ser chamadas de científicas mesmo que elas sejam mais tecnologias do que propriamente ciências.)Bunge 2006.

Pseudociência (pseudoscience): "usa terminologias científicas, mas não critérios científicos. [...] Não há 'nenhuma linha demarcação bem definida entre ciência e pseudociência, mas a ausência de quadro teórico independentemente testável capaz de apoiar, conectar e explicar as alegações'. (Groove 1986). Nas pseudociências, com frequência é difícil de se falsear uma afirmação, o que significa que é provar que ela não seja verdadeira. 'A virtude das ciências como sistema é que elas podem remover seus erros e o fazem. As pseudociência, não' (Gould 1986). [...] Os três principais pecados das pseudociências em sua [(Derksen 1989)] opinião são: opinião baseada em evidências observacionais insuficientes; imunização [desconsideração de dados contrários] infundada; abdução (abdução = tirar conclusão a partir de coincidências; prática que, como primeiro passo, não é errada em si e é comum nas ciências) infundada.Cornelis de Jager 1990.

Semiciência (semi-science): "disciplina surgida como ciência e normalmente chamada de ciência, mas que ainda não se qualifica totalmente como talBunge 2010.

Transciência (trans-science): "Muitaos dos problemas que surgem no curso da interação entre ciência ou tecnologia e sociedade - p.e., os efeitos colaterais deletérios dos procedimentos científicos - estão ligados a questões que podem ser feitas pelas ciências, mas não podem por elas ser respondidas. Proponho o termo transcientífico para essas questões uma vez que, embora sejam, epistemologicamente falando, questões de fatos e podem ser feitas na linguagem das ciências, são irrespondíveis pelas ciências; elas transcendem às ciências." Weinberg 1972.

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Outros termos para os quais não consegui encontrar uma definição.
Quasiciência (quasi-science), perisciência (periscience).

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Nem tudo que doureja é lúzio 4

Mais gaiata ciência.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Nem tudo que doureja é lúzio 3

Um pouco mais da gaiata ciência.
  • Cyr, C. & Lanthier, L. 2007. One giant leap for mankind? A cost-utility of abolishing the law of gravity. (Um estudo sobre o quanto seria economizado em saúde se por uma simples canetada fosse possível diminuir a intensidade do campo gravitacional terrestre. Inspirado por uma proposta galhofa do Neo Rhino Party do Canadá - sim, eles têm o Cacareco deles.) (via @Cardoso)
  • Dickison, M.R. 2009? Paedomorphic flightlessness and taxonomic affinities of a enormous Recent bird of What, if anything, is Big Bird?
  • (Afinal, qual a afinidade taxonômica de Garibaldo (Grandicrocavis viasesamensis)?) (via @john_s_wilkins)

  • Kamp, M.A.; Slotty, P.; Sarikaya-Seiwert,S.; Steiger, H.J. & Hänggi, D. 2011. Traumatic brain injuries in illustrated literature: experience from a series of over 700 head injuries in the Asterix comic books. Acta Neurochir (Wien) 153(6):1351-5. (Uma análise de golpes na cabeça em 34 livros dos valentes gauleses de Goscinny e Uderzo e os fatores de riscos associados à severidade dos traumas.) (via @carlosom71)
  • Hurlber, S.H. 1990. Spatial Distribution of the Montane Unicorn. Oikos 58(3): 257-71. (Populações da fictícia espécie recém-descoberta do unicórnio de Montana - Monoceros montanus - serve como base para uma crítica a respeito dos critérios analíticos usados na caracterização da distribuição espacial de organismos.)
  • Johnsgard, P.A. & Jonsgard, K. 1992. Dragons & Unicorn: A Natural History. St. Martin Press. 76 pp. (Professor emérito em Ciências Biológicas da Universidade de Nebraska em Lincoln, Paul Jonsgard traça no livro toda a história natural - biologia, anatomia, ecologia e evolução - de dragões e unicórnios.)
  • Sandvik, H. & Baerheim, A. 1994. [Does garlic protect against vampires? An experimental study]. Tidsskr Nor Laegeforen 114(30): 3.583-6. (Artigo em norueguês sobre o efeito do alho na ação de sanguessugas, que foram usadas no lugar de vampiros. Infelizmente o tamanho amostral - n = 3 - é bem pequeno.. (via @scienceblogsbr e astropt)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Nem tudo que doureja é lúzio 2

Um pouco mais da gaiata ciência.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Nem tudo o que doureja é lúzio

Nem toda falsa ciência é pseudociência. Há uma classe de falsa ciência que procura apenas ser divertida - admitindo não ser o que finge ser (resisto aqui a fazer a batida citação pessoniana da autopsicografia).

Há ainda a ciência legítima que atua, propositadamente, sobre campos imaginários: algumas vezes para servir de exercício didático a respeito dos princípios subjacentes - aclarar a lógica de um mecanismo ou processo analítico.

(Mas explorar as causas profundas desse fenômeno é uma tarefa da psicossociologia das ciências. Desconheço algum trabalho que analise a fundo a necessidade dos cientistas em produzir esse tipo de artigo.)

A quintessência do processo científico é o paper. Quando se fala em conhecimento científico legitimado o ícone é o artigo científico publicado em revista indexada revisado por pares. (É um dos poucos casos em que se fala de autorregulação sem se ouvir tosses dissimuladas, engasgos ou ver narizes torcidos - talvez por não se explicitar que isso significa apenas que é ciência aquilo que os cientistas mesmos dizem que é ciência...) É a medida de produtividade, em cima dele derivam-se os valores bibliométricos e cienciométricos - que irão embasar o mérito de uma pesquisa e de seus pesquisadores.

Nada mais natural então que essa peça central da comunicação (disseminação) científica seja um dos alvos preferenciais da gaiata ciência (com o devido perdão a Nietzsche pela corrutela).

Segue uma coleção de artigos científicos (publicados em revistas científicas ou livros, de outro modo, sérios), falsos artigos científicos (incluindo os publicados em revistas científicas - especialmente os que vão dentro do espírito do 1o de abril) e artigos de natureza intermediária (ou indeterminada):
(Provavelmente acrescentarei mais referências posteriormente, mas por certo não há pretensão de se fazer aqui uma listagem exaustiva... há muitos mais do que pode caber em uma simples postagem.)

Upideite(15/mar/2011): Parte 2, a missão.

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