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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Entrevista com um entomólogo - Elidiomar Silva

O Prof. Dr. Elidiomar Ribeiro da Silva é entomólogo da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Recentemente, no XXX Congresso Brasileiro de Zoologia, seu grupo apresentou um trabalho inusitado no sisudo meio acadêmico: uma análise demográfica de personagens de quadrinhos de super-heróis das duas principais editoras do ramo (Marvel Comics e DC Comics) inspirados em aracnídeos. Foi o Luiz Bento, do Discutindo Ecologia, quem me chamou a atenção para o trabalho.

Abaixo reproduzo a íntegra da entrevista gentilmente concedida via email por Elidiomar Silva (e, ao fim, o resumo do trabalho).

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GR. Poderia falar resumidamente (para um público que não é da área) sobre a linha de trabalho desenvolvida por sua equipe?

ES. Sou professor de zoologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), lecionando nos cursos de Ciências Biológicas (tanto Bacharelado quanto Licenciatura). Minha pesquisa principal é sobre a taxonomia de determinados grupos de insetos. Recentemente passei a me interessar pela ligação entre o conhecimento científico e as manifestações culturais. Dentro dessa área o tema que mais me interessa de fato é a utilização de animais de um modo geral como inspiração para a criação de personagens de histórias em quadrinhos. O pessoal que me acompanha nessa empreitada (quase todos biólogos, a maior parte cursando Pós-Doc, doutorado ou mestrado) têm diferentes áreas de especialização. Na maioria são entomólogos como eu, mas há também um aracnólogo e até um botânico.

GR. Como surgiu a ideia do trabalho e como ele foi desenvolvido?

ES. Há tempos venho observando algo que me preocupa. O homem sempre foi fascinado pelos animais de um modo geral. Prova desse interesse é o sucesso que fazem os canais por assinatura que têm em sua grade documentários sobre natureza e vida selvagem. É impossível hoje em dia não se impressionar tanto com a qualidade dos vídeos quanto com as informações que eles passam. Isso é Zoologia, uma parte da Ciência extremamente interessante e atrativa até para o público leigo. Porém, nas aulas, o quadro é diferente. Temos um conteúdo técnico vasto (morfologia, fisiologia, taxonomia, filogenia) que deve ser ministrado e, embora a clientela seja amigável (afinal, alunos de Ciências Biológicas naturalmente têm interesse no estudo dos animais), eu percebia que faltava algo em meus alunos, faltava tipo um "brilho nos olhos". Brilho que muitas vezes eu vejo nos telespectadores (eu, inclusive) de documentários da TV. Conversando com colegas e alunos que passaram pelas minhas disciplinas chegamos à conclusão que o caminho é tentar tornar as aulas mais agradáveis, palatáveis (mas sem abrir mão do conteúdo técnico). Assim, de uns tempos para cá, tenho proposto aos alunos uma atividade opcional: escolher um personagem de HQ que tenha sido baseado em algum artrópode e fazer uma análise, à luz dos conhecimentos técnicos obtidos na disciplina, das suas características (poderes, comportamento, vestimentas, etc.). O resultado tem sido bem satisfatório, os alunos se empolgam completamente com a atividade. Aí reuni um pessoal com interesse no tema, pesquisamos e nos impressionamos com a quantidade de personagens. Realmente há muita coisa a fazer.

GR. Quando submeteram o resumo, tinham confiança de que a organização do congresso teria abertura para um trabalho dessa natureza?

ES. O primeiro trabalho que elaboramos dentro desse tema foi centrado em 50 personagens baseados em animais, tendo sido apresentado em um congresso interno da minha universidade. O segundo trabalho foi apresentado no II Entomorio (Simpósio de Entomologia do Rio de Janeiro) e versava sobre personagens baseados em insetos. Houve ainda um terceiro, constituído do relato das atividades dos alunos da minha disciplina, também apresentado internamente na UNIRIO. Os três resumos foram submetidos ao crivo de avaliadores anônimos, mas que certamente me conhecem de alguma forma. Eu achava que talvez isso pudesse ter ocasionado um cenário favorável à aceitação dos resumos. Ao submetermos o trabalho sobre personagens baseados em aracnídeos a um congresso de âmbito nacional, não tínhamos a menor noção do que poderia acontecer. Na verdade, penso que o trabalho tem qualidade, está bem escrito, é relevante e apresenta uma abordagem inédita dos dados, ou seja, considero justíssima sua aprovação por parte da organização do congresso. Mas como normalmente o cientista é um sujeito conservador por natureza (embora paradoxalmente viva de descobertas e novidades) e nosso trabalho não é lá muito convencional, eu tinha um certo receio que ele fosse rejeitado.

GR. Como foi a reação dos participantes do CBZ durante a sessão de pôsteres?

ES. Infelizmente não pude estar presente na apresentação, mas meus colegas me relataram que a reação foi a melhor possível. O trabalho já é por si só atraente por fugir do padrão, mas, além disso, o pessoal conseguiu ver Ciência na nossa abordagem.

GR. Há, claro, um lado inusitado da abordagem da cultura pop dentro de um evento de ciências naturais; mas, para além do inusitado, como seu grupo enxerga a contribuição que o trabalho traz: dentro da academia e em termos de divulgação das ciências?

ES. Estamos muito entusiasmados. Se em uma sala de aula de graduação a incorporação de elementos da cultura pop (ou seja, coisas que estão no nosso dia a dia) se mostrou benéfica, o que dirá no ensino fundamental e médio? Grande parte dos alunos da minha disciplina é formada por licenciandos. Daqui a pouco essa garotada estará lecionando, muitas vezes em locais carentes, e a busca pela atenção dos alunos será um desafio. Esse pode ser um caminho a ser explorado. Quanto à academia, tenho percebido um cenário cada vez mais favorável, vejo com bons olhos o número crescente de publicações que abordam a associação entre ciência e literatura, música, cultura de um modo geral. Estamos finalizando um artigo sobre o tema e, tudo correndo bem, acredito que dentro de 1 ou 2 meses partiremos para a submissão.

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Os Aracnídeos como inspiração para personagens dos Universos Marvel e DC
Elidiomar Ribeiro Da-Silva*, Luci Boa Nova Coelho**, Thiago Rodas Müller de Campos*, Allan Carelli***, Gustavo Silva de Miranda***, Edson Luiz de Souza dos Santos*, Tainá Boa Nova Ribeiro Silva**** & Maria Inês da Silva dos Passos
* Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, **Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,***Museu Nacional, Rio de Janeiro, ****Sistema Elite de Ensino

A despeito de ser um processo com liberdade criativa, a composição de um personagem das histórias em quadrinhos (HQs) muitas vezes recebe interessantes influências da vida real. Face à forte ligação dos aracnídeos (especialmente aranhas, escorpiões e ácaros) com o ser humano, não é de se estranhar que eles tenham servido de inspiração para muitos personagens da ficção. Considerando apenas as duas principais editoras estadunidenses de HQs, a DC Comics e a Marvel Comics, foi realizado um inventário dos personagens de algum modo inspirados em aracnídeos. Os personagens foram classificados de acordo com a editora, o papel social (herói ou vilão), a classificação taxonômica (ordem) do aracnídeo que o inspirou e a década de criação. Os personagens foram ainda classificados quanto à presença ou ausência de alguma característica popularmente associada a aracnídeos, como produção de teia, inoculação de peçonha, quatro pares de pernas e capacidade de escalar superfícies verticais. As classes foram estatisticamente comparadas por meio do teste do Qui-quadrado de Pearson. Até o presente foram contabilizados 78 personagens da Marvel e 22 da DC com algum tipo de inspiração em aracnídeos. A maioria dos personagens foi criada mais recentemente, a partir dos anos 1990. Como provável consequência do extremo sucesso do Homem-Aranha, sua principal criação e um dos ícones da cultura pop, a Marvel possui significativamente mais personagens aracnídeos que a DC. Quanto à classificação taxonômica, os personagens foram baseados majoritariamente na ordem Araneae, em relação às outras ordens (Scorpiones e Acari). Significativa parcela do montante de personagens é formada por vilões, o que está dentro do esperado, posto que aranhas, escorpiões e ácaros costumam ser considerados “nocivos” pelo público em geral. A esmagadora maioria dos personagens possui pelo menos uma das características consideradas como típicas de aracnídeos. É interessante destacar que, embora os personagens aracnídeos constituam um grupo relativamente numeroso, pouquíssimos são aqueles de reconhecido destaque, todos concentrados na Marvel. Além do já citado Homem-Aranha, suas encarnações em realidades alternativas e universos paralelos, e seus vilões (como Venom, Carnificina, Tarântula e Escorpião), somente a Viúva Negra é bem conhecida por parte do não-aficionados em HQs. Isso devido aos recentes lançamentos da Marvel no cinema. 
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O pôster pode ser melhor visualizado aqui.

Upideite(16/jul/2014): O professor Elidiomar Silva e colaboradores publicaram um novo trabalho: Da Silva, E. R.; Coelho, L.B.N. & Silva, T.B.N.R. 2014 - A Zoologia de 'Sete Soldados da Vitória': análise dos animais presentes na obra e sua possível utilização para fin didáticos. Encicl. Biosf. 10(18): 3502-25.

Upideite(10/out/2015): Leia também "Revista em quadrinhos é objeto de estudo de zoólogos"

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Forrobodó Universitário: a polêmica do RUF

"To say that dinosaur classification is contentious is like saying that the Atlantic Ocean is a bit damp. The number of different dinosaur classifications operational at any time can be described by the formula
C = (N + A) - 1
where C is the number of classifications, A is the number of amateur paleontologists, and N is the number of dinosaur paleontologists. The '-1' represents the true classification, which we shall never know (part of Durham's law)." (p. 62)
Farlow, J.O. & Brett-Suman, M.K. (eds.) 1997. The Complete Dinosaur. Indiana University Press. 752 pp.


Não falamos aqui de dinossauros (apesar da opinião eventualmente em contrário de alguns), mas de universidades - instituições surgidas entre o fim do século 9 e começo do 10, algumas das pioneiras resistem até hoje (como a Universidade de Al-Azhar, fundada no Cairo em cerca de 970) - e classificações ou rankings.

Já oO hábito de classificação certamente precede em muito as primeiras universidades. Junte a necessidade de categorização dos objetos (como por exemplo, coisas que se pode comer e coisas que não se pode), a necessidade de quantificação (quanto de alimentos foi produzido nesta safra, será o suficiente para sustentar a população?) e o hábito competitivo (razão da existência de tantos esportes) e, presto, eis os rankings: listas ordenadas de acordo com alguma qualidade (normalmente por diferenças quantitativas).

Os rankings invariavelmente vêm acompanhados de polêmicas e contestações. Em boa parte porque a criação de rankings é motivada justamente pela existência de divergência de opiniões sobre quem (ou o quê) é melhor do que quem (ou o quê) - naturalmente o resultado final irá frustrar expectativas.

Então todo ranking é inútil no fim das contas? Não exageremos. Eles são úteis na medida em que deixam suas metodologias transparentes - quem contesta poderá apontar mais objetivamente (ou menos subjetivamente) os pontos de divergência e ainda poderá tentar reproduzir o processo (ou introduzir-lhe modificações) e verificar se resultados similares são obtidos (ou mais próximo do que se esperava). Então qualquer ranking é útil? Não exageremos tampouco por este extremo. Há metodologias inadequadas para os objetivos pretendidos: entrevistar as pessoas em um show promovido pela Gaviões da Fiel para saber qual o time do coração não irá revelar muita coisa sobre qual o clube de preferência dos paulistanos em geral - para um caso menos caricatural, enquetes feitas por internet não têm validade de amostragem estatisticamente justificada para representar, digamos, a população de um país.

A quizila e quizumba da vez é o resultado do Ranking Universitário Folha. Menos no aspecto geral - que bate com o amplo consenso que as IES públicas são, em geral, muito melhores do que as congêneres privadas - do que em alguns detalhes. Um em específico. A avaliação da Unicamp no quesito 'mercado', em comparação, por exemplo, com a Unip. Leandro Tessler, em seu Cultura Científica, explicitou sua divergência. Outros, como o Dr. Tufi Soares, creem que deva haver alteração no modo de avaliação do quesito 'ensino'.

É possível que seja necessário algum refinamento na metodologia - o que, em geral, implica em custos aumentados na obtenção dos resultados; porém, não me parece que seja o caso de explodir ou implodir o RUF.

Não encontrei detalhes da validação da metodologia adotada pela Folha. Mas podemos fazer algumas análises de correlação de parâmetros - os usados pela própria Folha e outros obtidos de modo independente.

Tessler questiona: "No entanto, entre as 40 primeiras segundo a Avaliação do Mercado 10 receberam ZERO em Avaliação do Ensino. É razoável supor que o 'mercado' privilegie universidades com um ensino tão mal avaliado? Haveria uma máfia de responsáveis por recursos humanos que de propósito privilegiaria egressos de certas escolas, ainda que de qualidade inferior?"

Há que se observar que o grupo que avaliou o fator 'mercado' (profissionais de RH) é diferente do que avaliou o fator 'ensino' (cientistas de maior produtividade). Os critérios de cada grupo tendem a ser distintos: o segundo grupo tenderá a avaliar a questão do ponto de vista de formação do profissional voltado para a pesquisa; o primeiro grupo, de profissionais voltados para o mercado. Isso invalida a metodologia? Creio que não. Até porque, na verdade, apesar das divergências de critérios (subjetivos dos avaliadores), na *média*, há convergência da avaliação (Fig. 1).*

Figura 1. Correlação entre médias de notas de avaliação do ensino e de avaliação de mercado no RUF. Barra: desvio padrão. Fonte: Folha.

Os avaliadores da qualidade de educação foram rigorosos atribuindo notas 0 para 142 instituições analisadas: 74,35%. Não é de se espantar que entre as 40 mais bem avaliadas pelo mercado haja uma parte com notas 0: 16/40 = 40% (bem menos do que no geral, como não é tampouco de se espantar).

Considerando-se um critério independente de avaliação da qualidade de ensino - a média dos Conceitos Preliminares de Curso no Enade 2010 - também temos uma correlação razoável com a avaliação do critério 'mercado' no RUF (Fig. 2).**

Figura 2. Correlação entre médias de CPC - Enade 2010 - e avaliação do mercado pelo RUF 2012. Fontes: Folha e Inep.

Os rankings internacionais que inspiraram a metodologia adotada no RUF tampouco são livres de polêmicas.

A minha visão é que se deve ter uma leitura menos a ferro e a fogo dos rankings. Nenhum (ou quase nenhum) traz, por exemplo, valores de desvio padrão das medidas adotadas. Como a teoria do erro nos garante (e a prática mais ainda), toda medida importa algum erro. Então se se está em 2o ou 5o lugar - ainda mais com um diferença de apenas 5,48 pontos em 100 possíveis (sendo o desvio padrão de 20,99 - atenção: como os valores não têm distribuição normal [vide abaixo], não são aplicáveis boa parte dos testes estatísticos para se avaliar as diferenças***) - não quer dizer que haja realmente uma diferença significativa entre as IES. Desse modo, avaliação de medidas individuais - como se esta ou aquela universidade está nesta ou naquela posição - são menos informativas. Análises menos problemáticas são avaliação em relação a *grupos*: como privadas vs. públicas (24,47±15,01 vs. 42,02±23,36), do Sudeste vs. de outras regiões (33,62±23,62 vs. 33,84±20,27); ou um exame de séries históricas - no caso do RUF, obviamente isso ainda não é possível. Para avaliação de IES individuais convém também comparar entre os diferentes rankings.

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As notas não estão calibradas de modo a se obter uma distribuição normal (Fig. 3)

Figura 3. Distribuição das classes de notas do RUF. (Teste Shapiro-Wilk, W = 0,955, p < 0,001.) Folha.

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Não há necessidade de que notas tenham uma distribuição normal, mas isso permitiria algumas análises estatísticas interessantes - como a mencionada análise estatística da significância das diferenças das notas***.
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Confesso que tenho uma certa coceira de criar um ranking de rankings - classificados, por exemplo, pelo número de citações em certos tipos de documentos.

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*Obs. Listando-se pela classificação geral RUF e fazendo-se a média de grupos de 10 em 10 para as notas de critérios de ensino e mercado. Menos para o último grupo, com 11 elementos - os últimos do ranking.
**Obs2. As IES foram listadas por ordem crescente dos valores de CPCs e foram tomadas as médias em grupos de 10 e 10 instituições. Exceto o grupo de 6 mais bem avaliadas pelo critério de CPC.

Abaixo relacionarei postagens de blogues analisando o RUF (se souberem de outros, por favor, avisem-me nos comentários):
Devaneios Docentes: Ranking Universitário
Hum Historiador: Rankings universitários e sua manipulação para fins propagandísticos
Arcos (Henrique Araújo Costa): Sobre o ranking de universidades da Folha
Observatório da Imprensa (Sylvia Moretzsohn): Sobre universidades, campeonatos e reportagem
Observatório da Imprensa (João de Abreu): Celebração da pesquisa a quilo

Upideite(08/set/2012): Por sugestão do Prof. Tessler nos comentários, fiz um exame um pouco mais detido (mas ainda assim um tanto superficial), da componente 'ensino'. De fato, a componente 'ensino' do RUF não apresentou correlação maior com o CPC do Enade. Mas, ao contrário do suposto, parece não se dever ao fato do CPC ser influenciado pelo fator pesquisa, e, sim, pelo fator *'ensino' do RUF* estar mais correlacionado a questões referentes à pesquisa e menos ao ensino em si.

Na Fig. 4, correlação entre as notas de ensino atribuídas pelo painel de pesquisadores consultados pelo RUF e componentes do Enade. As instituições foram ordenadas de acordo com a nota de critério 'ensino' do RUF e tomada as médias dos valores das componentes. A classe de média 0 de 'ensino' contém 130 IES, a classe de média mais alta, 8 IES; as demais classes são formadas por 10 IES.

Figura 4. Correlação entre notas de 'ensino' do RUF e algumas componentes do Enade 2010. Eixo horizontal: média de nota de 'ensino RUF', vertical, valores das componentes do Enade. Fontes: Folha e Inep.


Há alguma correlação entre o 'ensino' do RUF e elementos como proporção de mestres e doutores e a nota de regime de dedicação exclusiva avaliados pelo Inep. Mas não em relação ao desempenho dos alunos (nota dos ingressantes, dos concluintes, diferença de desempenho), infraestrutura e componente pedagógico. Aparentemente, a nota dada pelo painel de especialistas no critério 'ensino' reflete mais a qualidade do corpo docente do que outros fatores relacionados à qualidade do ensino.

Um ponto que sugeriria para análise mais detida na metodologia do RUF seria justamente essa componente 'ensino'.

Não está mostrada na figura, mas há alguma correlação entre a componente 'ensino' e as componentes 'pesquisa' e 'inovação' - o que não é de todo surpreendente. Não por outra coisa, a componente 'pesquisa' foi avaliado pelo mesmo painel e inovação está bastante ligada à pesquisa (de fato, a correlação é quase 100% - Fig. 5 - que, no fundo, o critério 'inovação' é redundante ao de 'pesquisa').

Uma sugestão que faço é uma análise de correlação multifatorial para a determinação dos pesos dos componentes para evitar a redundância.

Figura 5. Correlação das componentes 'pesquisa' e 'inovação' do RUF. Fonte: Folha.

***Upideite(09/set/2012): adido a esta data.

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