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segunda-feira, 17 de março de 2014

interCiência: revelando o (não-)segredo

Em janeiro do ano passado, o Scienceblogs Brasil organizou o interCiência e o GR tomou parte e recebeu um texto com curiosidades a respeito do número 42.

Vários participantes já revelaram quais textos eram seus, outros ainda não. Reproduzo abaixo a minha contribuição - um segredo de polichinelo.

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Um dos critérios da concessão de prêmios Nobel é que o laureado esteja vivo (desde 1974, premiação póstuma só pode ocorrer se a morte do ganhador sobrevier após o anúncio dos vencedores; e, antes, só se a morte ocorresse depois da escolha [1]). Isso evita que pesquisadores vivos sejam preteridos por grandes nomes de um passado mais remoto e que a morte de um cientista influa em sua escolha (como uma espécie de homenagem in memoriam); mas, como também a tendência é de os prêmios serem concedidos por realizações já muito bem estabelecidas (coisa que pode levar muitas vezes décadas), abre espaço para algumas injustiças: indivíduos com contribuições relevantes deixam de ser homenageados porque decidiram expirar antes.
Um dos casos de grande injustiça, a meu ver, é em relação ao físico britânico John Stewart Bell. O breve relato biográfico a seguir é copiado descaradamentebaseado em texto de Andrew Whitaker [2], a menos onde indicado em contrário.
Bell nasceu a 28 de julho de 1928 em Belfastat, capital da Irlanda do Norte. Em 1945, ingressou no Queen’s Belfast University, graduando-se com louvor em Física Experimental (1948) e em Física Matemática (1949). Ainda como estudante de graduação, discutia com seus professores mostrando insatisfação com a Física Quântica e sua interpretação de modo acalorado e até agressivo.
Ao se graduar, passou a trabalhar no UK Atomic Research Establishment em Harwell, Inglaterra, sendo posteriormente realocado para o grupo de projeto de aceleradores em Malvern, também na Inglaterra – desenvolvendo modos de traçar a trajetória de partículas carregadas.
Em 1951, em ano sabático, no laboratório do físico Rudolf Peierls na Birmingham University, Bell desenvolveu seu trabalho com o teorema CPT (uma teoria quântica de campo canônica – basicamente sem considerar ações imediatas de longa distância e que trabalhe com transformações do espaço-tempo de acordo com a teoria da relatividade de Einstein – é invariante sob operações CPT [3]). Os físicos alemães Gerhard Lüders e Wolfgang Pauli, porém, publicaram seus achados um pouco antes de Bell, de modo que o britânico não tem levado quase nenhum crédito pela descoberta.
Casou-se com a física Mary Ross em 1954. Haviam se conhecido em Malvern e manteriam uma intensa parceria – afetiva e profissional – por toda a vida, publicando, inclusive, alguns trabalhos conjuntos.
Obteve o doutorado em 1956 e, em 1960, mudou-se com a esposa para o CERN. Algumas fontes [2] dizem que a mudança ocorreu pela alteração da linha de pesquisa em física teórica para aplicada em Harwell; outras, que se deu pelo redirecionamento dos esforços britânicos na pesquisa experimental com física de partículas para o CERN [4]. De todo modo, Bell passaria o resto de sua vida trabalhando no CERN.
Seus principais trabalhos abordando a questão das variáveis ocultas exposta no chamado paradoxo EPR (de Einstein, Podolsky e Rosen, os autores do artigo original que apresentava um questionamento sobre a completude da física quântica), juntamente com crítica ao argumento do matemático von Neumann contra a existência de variáveis ocultas foram desenvolvidos em 1964 (mas publicado só em 1966).
Em 1969, juntamente com o físico polonês naturalizado americano Roman Jackiw e com contribuição de Stephen Adler, físico americano, resolveram um problema na teoria quântica de campos. Pela teoria, um píon neutro não deveria decair em dois fótons, mas era exatamente o que ocorria na prática. O modelo algébrico padrão utilizado continha uma falha e quando procedeu-se a quantização (em vez de soluções contínuas), obteve-se a quebra de simetria no modelo, o que explicava o decaimento do píon. Isso é conhecido como anomalia ABJ ou anomalia quiral.
Foi eleito membro da Royal Society em 1972. Em 1988 recebeu a Medalha Dirac do Physics Institute [5], em 1989 foi agraciado com a Medalha Hughes da Royal Society [6] e com o Prêmio Dannie Heinemann de Física Matemática pela American Physics Society [7].
Em 1990, Bell faleceu em decorrência de um derrame cerebral.
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O teorema CPT e a anomalia ABJ já dão mostras do papel importantíssimo de Bell na física teórica e, em particular, na física quântica. Mas Bell foi fundamental com o resultado de seu trabalho de 1964. A partir dele derivaram-se as desigualdades (ou inequações) de Bell. Essas desigualdades puderam ser experimentalmente testadas e os resultados contradisseram as esperanças de Einstein com seu paradoxo EPR (e do próprio Bell, que acreditava nas variáveis ocultas e no realismo local).
Para tentar entendermos melhor a genialidade das inequações de Bell, precisamos entender a questão do realismo local. Até o desenvolvimento da física quântica nas primeiras décadas do século 20, a visão que predominava era a do determinismo. Esse determinismo era ilustrado pelo demônio de Laplace: uma inteligência a quem fosse dado saber o estado de todas as partículas do universo em um determinado instante, poderia simplesmente aplicar as leis da mecânica e conhecer o estado de cada partícula em qualquer outro momento futuro ou passado [8]. Heisenberg mudaria o quadro com seu princípio da incerteza (ou indeterminação).
Duas grandezas conjugadas, como velocidade e momento, não poderiam ter seus valores conhecidos com grau infinito de precisão ao mesmo tempo: quanto mais precisa a determinação do valor de uma das grandezas, menor a precisão do valor de outra. Heisenberg ilustrou com um experimento mental para a observação de um elétron ao microscópio. Para determinar a posição do elétron, seria preciso lançar fótons sobre ele e verificar o espalhamento (difração). Quanto menor o comprimento de onda, menor o espalhamento e maior a precisão da posição do elétron. Porém, quanto menor o comprimento de onda, maior a energia dos fótons e maior a transferência de momento ao elétron, tornando mais imprecisa a determinação da velocidade do elétron. Quanto menos energético o elétron, menos interferência no momento e mais precisa a determinação da velocidade do elétron. Porém o espalhamento é maior e a precisão da posição é menor. [9]
Na interpretação radical, para a época, da Escola de Copenhagen, isso significaria que, antes da observação, uma partícula não teria um estado definido: ela não estaria na posição x, y ou z. Ela estaria em um estado de sobreposição, em que a partícula estaria ao mesmo tempo na posição x, y e z. Uma função de onda (uma expressão matemática que descreve uma onda) indicaria a probabilidade de a partícula estar na posição x, y ou z depois da observação.
Albert Einstein não aceitava essa interpretação. Para ele (e boa parte dos físicos de então), a partícula tinha uma posição definida antes mesmo da observação. Apenas não saberíamos qual era. É o que os físicos chamam de interpretação realista – qualquer sistema tem um estado bem definido independentemente de observação. No artigo que escreveria com o físico russo Eric Podolsky e com o físico americano e israelense Nathan Rose, é proposto o seguinte experimento mental: dois sistemas (p.e. partículas) são colocados em contato e deixados interagir e se afastarem em linha reta. Princípios físicos bem estabelecidos (e aceitos na física quântica), garantiam a conservação de certas grandezas, como o momento de um sistema. Assim, sendo duas partículas de mesma natureza, teriam a mesma massa, ao se afastarem entre si, partindo da situação de repouso na interação inicial, a velocidade de uma seria exatamente igual a de outra, mas em sentidos opostos – conservando o momento inicial (qual seja, zero). Partindo do mesmo ponto, a posição de uma seriaestaria a uma mesma distância do ponto inicial do que a da posição de outra. Assim, quando suficientemente afastadoas, se medíssemos a posição de uma, imediatamente saberíamos a posição de outra; e, medindo a velocidade da outra, saberíamos a velocidade de uma. Segundo os autores, como a velocidade da luz é finita e nenhum sinal pode ter velocidade maior – isto é, não haveria nenhum efeito imediato à distância (o princípio da localidade – qualquer evento só pode ser afetado por outro evento que esteja nas imediações, não há uma ação imediata à distância); não haveria tempo de qualquer medição na posição na primeira partícula alterar a velocidade na segunda partícula e vice-versa. Isso permitiria que se conhecessem com precisão tanto a posição de ambas as partículas quanto suas velocidades (e, portanto, momento). Em não havendo possibilidade de um sinal superluminal (com velocidade acima da da luz) ir de um sistema ao outro, os valores das grandezas só poderiam estar definidos desde o começo. [10] Ou será que não?
Os seguidores da interpretação de Copenhagen mantinham que os valores não estavam predeterminados. Bell, que defendia a posição de Einstein, então bolou um modo de verificar a diferença entre as duas interpretações.
Consideremos três parâmetros A, B e C. Digamos, A – é loiro; B – tem menos de 1,60m de altura; C – é do sexo masculino. Em qualquer sala de aula, há um certo número (igual ou maior do que zero) de alunos que são loiros e têm 1,60m ou mais de altura N(A~B); um certo número que são loiros e do sexo feminino N(A~C) e que têm menos de 1,60m e são do sexo feminino N(B~C). É fácil ver que:
N(A~B) + N(B~C) ≥ N(A~C) [ineq. 1]
Se todos que são B são também C, então o número de alunos que são A, mas não são B, é igual ao número de alunos que são A, mas não são C (e, naturalmente, o número de alunos que são B, mas não são C, é igual a zero). Se nenhum que é B é C; o número de alunos que são A, mas não B, é igual ao de alunos que são A e C; o número de alunos que são B, mas não C, é igual ao número de alunos que são B; e o número de alunos que são A, mas não C, é igual ao número de alunos que são A e B. O número de alunos que são A e B, no máximo, é igual ao número de alunos que são B (caso todos os que são A sejam também B). Então, qualquer situação intermediária também obedece à inequação 1.
Isso vale para quaisquer conjuntos de variáveis A, B e C, desde que sejam variáveis clássicas: que obedeçam aos princípios do realismo e da localidade – o realismo local.
Se os estados das partículas, como elétrons, são definidos independentemente de observação, então teríamos a estatística das observações de parâmetros A, B e C que obedecem à inequação.
Obviamente não faz sentido falar em elétrons garotos ou elétrons loiros (embora certamente todos sejam menores do que 1,60m). Uma característica quântica do elétron que se pode medir é o spin (grosso modo correspondente ao momento angular). Se um par de elétrons é gerado a partir de um processo em que se possa aplicar os princípios de conservação (digamos decaimento de uma partícula com spin 0, como um fóton), então teríamos um determinado número de elétrons com spin a 0°, 45° e 90° em uma dada direção para a direita ou para a esquerda (cuja soma ao fim fosse de 0). Sendo A = 0° direita; B = 45°direita e C = 90° direita:
N(0° direita e 45° esquerda) + N(45° direita e 90° esquerda) ≥ N(0° direita e 90° esquerda) [ineq. 2]
(Não há nada de particularmente especial nesses valores de ângulos para o spin, poderiam ser outros.)
Em 1982, equipe liderada pelo físico francês Alain Aspect colocou o teorema de Bell à prova. Usando fótons no lugar de elétrons e medindo ângulo de polarização no lugar de spin por razões técnicas. A inequação de Bell foi violada [11a, b]. A esperança de Einstein (e de Bell) em que variáveis ocultas locais salvariam o realismo local estava abalada.
Alguns modelos abandonam a localidade para tentar salvar o realismo. Mas alguns resultados relativamente recentes descartam um certo grupo de teorias de realismo com variáveis ocultas não-locais [12].
O trabalho de Bell abriu caminho para uma linha de investigação que permitiu avançar sobre o paradoxo EPR e colocar a estranha (por anti-intuitiva) interpretação de Copenhagen do estranho (por além de nossa experiência cotidiana) mundo quântico em bases experimentais bem sólidas. As implicações disso na visão de mundo que podemos ter é alvo de intenso debate entre epistemologistas [13]. Mas podemos dizer com segurança que mudou o mundo (ao menos o modo como o enxergamos) para sempre. E a Academia Sueca perdeu uma grande oportunidade de reconhecer tal fato.
[Este texto é parte da primeira rodada do InterCiência, o intercâmbio de divulgação científica. Saiba mais e participe em: http://scienceblogs.com.br/raiox/2013/01/interciencia/]
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O fardo de receber o texto acima coube ao Caderno de Laboratório.

O método de análise de estrutura de texto acabou acertando minha contribuição. Os parâmetros não foram ajustados usando a informação que eu sabia com certeza.

quinta-feira, 14 de março de 2013

interCiência: conferindo as previsões

Alguns textos da primeira rodada do interCiência tiveram suas autorias reveladas. Por enquanto o meu método não está se saindo muito bem: quatrp cinco seis* erros e só um acerto**. Tem que haver pelo menos 4 acertos para podermos considerar o método como acertando mais do que o acaso (com alfa arbitrariamente definido em 5%). Oremos Aguardemos.


Tabela 1. Desempenho da análise de complexidade na atribuição de autoria aos textos do interCiência.
blogueprevisãoresultadoacerto
42RC
CEDEEM0
CLGR
CNCECE1
CPCR0
CRRVCN0
DECN420
EMCL
GR420
RVEMCR0
RCSB
SBCPCP1

total

*Upideite(19/mar/2013): atualizado a esta data.
**Upideite(19/abr/2013): agora são seis erros e dois acertos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

interCiência: calibrando os chutes

O Gene Repórter participou da ação interCiência do Scienceblogs Brasil. Como os textos enviados não foram identificados, a brincadeira é adivinhar quem é o autor de cada um.

Nos textos há pistas variadas, como escolha dos temas e dos termos, estilo de escrita e composição do texto, uso de imagens, etc. Mas não são fáceis de se usar por portarem uma ampla variação: muitos blogueiros ocultos saíram de sua área de conhecimento habitual para escrever um tema mais adequado ao blogue receptor (como um ou uma profissional da área de psicologia a falar sobre biologia sintética), podem ainda ter misturado com o estilo do autor do blogue receptor e incluído pistas falsas.

  1. 42 vezes 42 - Gene Repórter 
  2. A dança do sexo (com vídeos!) - 42
  3. As Origens do Emaranhamento - Ecce Medicus
  4. Em algum lugar do passado… molecular - Ciência ao Natural
  5. Injustiça Fisiológica - Ciensinando
  6. Os meus dias já foram mais pequenos - Curioso Realista
  7. Neurobiologia Sintética - SynbioBrasil
  8. Por quem os sinos dobram. Longa vida a Bell. - Caderno de Laboratório
  9. Procrastinação, ou o porquê desse post estar dois dias atrasado - CogPsi
  10. Rastro de Mercúrio - Rastro de Carbono
  11. São Michael, padroeiro dos inventores - O Divã de Einstein
  12. Walt Disney, Motörhead e Fungos - Rainha Vermelha

Abaixo uma nuvem de palavras das postagens mais recentes dos blogues e dos textos publicados através do interCiência.




Figura 1. Nuvens de palavras dos textos dos blogues participantes (à esquerda) e do texto do blogueiro oculto (à direita) no blogue correspondente. Nuvens geradas com o Wordle.

Visualmente é difícil associar qual texto do interCiência pertence a qual blogue. Mas é possível se fazer uma comparação quantitativa, sob o raciocínio de que a escolha de palavras em um texto, em parte, está ligada ao autor (seu vocabulário operacional, seus modos característicos de expressão). Também é possível fazer uma comparação quantitativa de parâmetros de complexidade do texto: tamanho dos parágrafos, uso de parênteses, comprimento das sentenças, igualmente sob o raciocínio de que tais características não são aleatórias e revelam o estilo de expressão do autor. Na Figura 2, o resultado de uma análise comparativa de complexidade.

Figura 2. Análise de complexidade (parâmetros utilizados: tamanho de frase, de parágrafo, pontuações - vírgulas, dois pontos, ponto e vírgulas e exclamações). Em vermelho, valores acima de valor arbitrário de corte; em azul, valores abaixo de valores arbitrário de corte: quanto mais próximo de 0, mais similares os parâmetros de complexidade dos textos.

Em termos de complexidade*, o texto do interCiência publicado no blogue Rastro de Carbono (RC) é mais similar aos textos normalmente publicados no blogue SynbioBrasil (SB - e menos similar aos textos publicados aqui no GR). O texto no Ecce Medicus (EM) tem uma complexidade mais parecida com a dos textos do Caderno de Laboratório (CL - e mais diferente dos textos publicados no Rainha Vermelha - RV). E assim por diante.

Obviamente aqui é uma análise bastante simplificada. O tamanho amostral dos textos também é bastante limitado (10 textos normais dos blogues e apenas um texto do interCiência). É possível maior sofisticação, com calibração de pesos de cada fator - p.e., procedendo-se à maximização da verossimilhança com teste contra outros textos dos blogues - e uma amostragem mais ampla.

Veremos como esta análise se sai caso os verdadeiros autores dos textos sejam revelados futuramente. Algumas comparações podem ser feitas com outras informações:
1) a estrutura do texto publicado no RC é muito similar aos textos do SB (textos divididos por intertítulos e estes com determinado tamanho de fonte e em negrito);
2) o texto publicado no Curioso Realista (CR) está em português de portugal e, entre os participantes, é a variante usada nos textos do Ciência ao Natural (CN): a similaridade na complexidade, no entanto, não foi das maiores (na verdade, os textos de CN se aproximam mais ao texto publicado aqui no GR);
3) o texto no RV foi produzido por alguém ligado à microbiologia (além do próprio autor do RV, o autor do CR é microbiólogo): o índice de complexidade também não foi particularmente similar;
4) o único que trabalha com física entre os participantes da primeira rodada é o autor do CL; a similaridade maior é com o texto publicado no EM (que é sobre física; outro texto com a mesma temática foi publicado no próprio CL);
5) O texto publicado aqui no GR é mais similar aos textos do blogue 42 e a temática são exatamente curiosidades sobre o número 42;
6) O texto no SB foi escrito por alguém ligado à psicologia e à neurobiologia; entre os blogues participantes, são psicólogos os autores de O Divã de Einstein (DE) e de CogPsi (CP). Os textos de CP têm uma boa similaridade com o publicado no SB;
7) No CP, o texto é sobre psicologia, mas não é particularmente similar aos textos de DE (é mais similar aos textos de CR em complexidade);
8) No 42, o tema de sexo de animais e vídeos de aranhas remete ao RV; embora não seja particularmente similar no índice, a maior similaridade é com os textos do RV (e muito próximo com os do RC);
9) No Ciensinando (CE), o texto é sobre fisiologia, tema explorado no EM. Mas o valor não é muito similar, aproxima-se mais do 42.

Se essas informações estiverem corretas, mesmo uma análise bastante simples como a feita aqui, embora muito longe da perfeição, parece não ser completamente furada.

E você, leitor, leitora, quais os seus chutes? (Os dados brutos que usei para a análise estão aqui.) O Scienceblogs Brasil dará um exemplar de O Livro dos Milagres (de Carlos Orsi) para quem acertar o maior número de autores: saiba mais aqui.

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*A metodologia foi bastante simples - ainda que um tanto braçal. Foram contados (com ajuda da função de busca em processadores de texto) os números de palavras, parágrafos, linhas e pontuações. Parâmetros como tamanho de frase (dividindo-se o número de palavras pelo número de pontos), tamanho de parágrafo (dividindo-se o número de linhas pelo de parágrafos), índice de vírgulas (número de palavras sobre o de vírgulas), de parênteses, de dois pontos, de ponto e vírgula e de exclamações foram calculados e comparados: para cada par de blogue e texto do interCiência publicado, foi considerada a soma dos módulos das diferenças relativas entre os parâmetros. Se a complexidade for exatamente a mesma, a soma deve ser zero. Quanto maior a diferença, maior a soma.

Upideite(05/fev/2013): Aqui como seria a previsão final baseada unicamente em critérios de complexidade:
Será? (Tem pelo menos um que muito provavelmente está errado, no entanto.)

Upideite(06/fev/2013): As chances de se acertar ao acaso ao autores dos textos:

0 (acerto): ~34%; 1: ~37%; 2: ~20%; 3: ~7%; 4: ~2%; 5: ~0,4%; 6: ~0,07%; 7: ~0,01%; 8: ~0,002%; 9: ~0,0003%; 10: ~0%; 11: 0% (exatamente 0, é impossível se errar somente 1); 12: 1/12! = 1/479.001.600

Abaixo, tabela com as previsões e os resultados do interCiência:

Tabela 1. Desempenho da análise de complexidade na atribuição de autoria aos textos do interCiência.
blogue previsão resultado acerto
42 RC
CE DE EM 0
CL GR
CN CE CE 1
CP CR 0
CR RV CN 0
DE CN 42 0
EM CL
GR 42 0
RV EM CR 0
RC SB
SB CP CP 1

total

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

interCiência: 42 vezes 42

O Scienceblogs Brasil está promovendo um amigo secreto científico com troca de textos anônimos entre os blogues participantes, o interCiência. Confira abaixo o que meu cientófilo oculto coligiu de curiosidades sobre a resposta para a vida, o universo e tudo mais. Quem será o autor ou a autora desta quadrigintadueta compilação?

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42 vezes 42

A célebre frase "com a lei, pela lei e dentro da lei; porque fora da lei não há salvação. Eu ouso dizer que este é o programa da República" foi proferida por Rui Barbosa, aos 42 anos.

Um taco oficial de beisebol pode ter no máximo 42 polegadas.

Quando Edwarda O'Bara morreu no final de 2012, ficou estabelecido um novo recorde para coma mais longo: 42 anos.

O seriado de animação Os Simpsons é escrito e produzido no prédio 42 do pátio da Fox Broadcasting Company.

O elemento de número atômico 42, molibdênio, é o 42° elemento mais comum no sistema solar.

A média de duração dos álbuns (de estúdio, não-póstumos) do Led Zeppelin é 42 minutos.

O primeiro livro impresso em massa, a famosa Bíblia de Gutemberg, tinha 42 linhas por página.

Tradicionalmente, uma viola (da família do violino e não o exemplar de dez cordas parente do violão) tem um comprimento médio de 42 centímetros.

A nota máxima na Olimpíada Internacional de Matemática é 42 pontos.

Em 1971, 42 anos atrás, ocorreu o infame experimento da prisão de Stanford.

O ângulo máximo de refração da luz (em gotas d’água) que forma os arco-íris é 42 graus.

Em 2010, a revista Forbes classificou Steve Jobs como o 42ª americano mais rico. No ano seguinte foi lançada sua biografia autorizada com 42 capítulos.

Marie Curie isolou o rádio metálico puro com sucesso aos 42 anos.

Segundo o FBI, no ano de 2011, a cada 42 segundos em média uma pessoa foi presa nos EUA por porte de maconha.

Uma tonelada de petróleo libera uma energia equivalente a aproximadamente 42 gigajoules.

Uma regra geral em locução profissional de rádio diz que um spot de dez segundos contém 42 sílabas.

De acordo com a edição de novembro de 2012 do "Boletim do Desmatamento" do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), 42% da área desmatada na Amazônia Legal se deu em assentamentos de reforma agrária.

No ano passado, a aranha Nefertiti foi lançada ao espaço (e trazida de volta em segurança), onde percorreu aproximadamente 42 milhões de milhas.

Carl Sagan ajudou a desenhar os discos de ouro que foram levados pelas sondas Voyager I e II, lançadas quando ele tinha 42 anos.

Existem 42 territórios no jogo de tabuleiro War.

Dia 15 de janeiro de 2013, Kimiko Date-Krumm se tornou a tenista mais velha a ganhar uma partida no Australian Open, aos 42 anos.

No filme de animação Procurando Nemo, o endereço do consultório odontológico onde Nemo está sendo mantido é 42 Wallaby Way, em Sydney.

O tamanho médio do pé masculino europeu é pouco mais que 26 centímetros, ou, um sapato de número 42.

Em dois clássicos da ficção científica vitoriana, a página 42 traz revelações importantes da trama: em Dracula, Jonathan Harker descobre que é prisioneiro de um vampiro e em Frankenstein, o cientista epônimo revela ser capaz de criar vida.

Ainda em outro clássico, Romeu e Julieta, a poção que a trágica heroína toma para ficar “num estado semelhante à morte”, a deixaria em coma por 42 horas.

Durante um julgamento em Alice no País das Maravilhas, o rei afirma que a regra 42, que reza “todas as pessoas com mais de uma milha de altura devem abandonar a corte” é o “artigo mais antigo do código”.

Cães adultos têm 42 dentes, sendo 12 incisivos, 4 caninos, 16 pré-molares e 10 molares.

O percurso de uma maratona é de pouco mais de 42 quilômetros.

De acordo com cálculos, uma viagem num trem gravitacional (hipotético meio de transporte entre dois pontos da superfície do planeta através de um túnel em linha reta) duraria aproximadamente 42 minutos.

O estado australiano da Tasmânia, cortado pelo paralelo 42 sul, é assim nomeada por causa de Abel Tasman, primeiro europeu a registrar sua existência, em 1642. Duzentos anos depois, em 1842, sua capital, Hobart, é declarada como cidade.

O ponto de ebulição do propano também é 42 graus centígrados negativos.

42 é o resultado da soma de três quadrados: 1² + 4² + 5².

Na tabela ASCII, o asterisco (comumente conhecido em computação como "caractere coringa" por seu uso em substituições de outros caracteres) ocupa a posição 42.

De acordo com um documentário do canal National Geographic, houve 42 tentativas de assassinar Hitler.

42 é um número esfênico - ou seja, é igual ao produto de três números primos (2, 3 e 7).

O 42º dígito de Pi e seu subseqüente formam o par 93. O 93º dígito de Pi e seu antecedente formam o par 42.

O calendário islâmico (ou hegírico), por ser estritamente baseado no ciclo lunar, está aproximadamente 42 anos defasado em relação ao ciclo solar (estações do ano).

11 de fevereiro, o 42º dia do ano, é lembrado internacionalmente como o dia da libertação de Nelson Mandela (1990) e da posse da Dama de Ferro, Margareth Thatcher (1975).

Em contraponto, a 42 dias do fim do ano (19 de novembro), é observado no Brasil o Dia da Bandeira e, ao redor do mundo, o peculiar Dia Internacional do Homem.

O período Paleógeno, que viu a explosão evolutiva dos mamíferos, durou 42 milhões de anos.

Apesar da miríade de partidos políticos que surgiram e se desmancharam no Brasil ao longo os anos, nunca houve um de número 42.

Aos 42 anos, Douglas Adams escalou o Monte Kilimanjaro vestindo uma fantasia de rinoceronte.
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[Este texto é parte da primeira rodada do InterCiência, o intercâmbio de divulgação científica. Saiba mais e participe em: http://scienceblogs.com.br/raiox/2013/01/interciencia/]

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