Brasil
Depois de atingir um pico de 7,9 bilhões de reais em 2010 (e um crescimento constante desde 2003), o orçamento do MCTI vem minguando cerca de 20% ao ano; para 2012 o orçamento será de apenas R$ 5,2 bilhões. O gráfico abaixo mostra a evolução orçamentária para CT&I com valores corrigidos pela inflação oficial.Figura 1. Evolução do orçamento do MCTI. Valores corrigidos. Diversas fontes. LOA - orçamento aprovado no congresso após emendas parlamentares. pós-corte - valores após contingenciamentos anunciados.
Os cortes são justificados em função da crise econômica mundial, mas criticados pelas entidades científicas por minar a capacidade brasileira de inovação - componente essencial para o desenvolvimento econômico sustentado. Alguns efeitos do contingenciamento são observados como a participação brasileira na construção do telescópio ESO. Em franco constraste com a expectativa que havia há dois anos, como no editorial da Nature (High hopes for Brazilian science) e da Science (no embalo também da descoberta das reservas de pré-sal, Brazilian science: riding a gusher).
Ainda durante a gestão Mercadante à frente do MCT (que ele rebatizou de MCTI), foi criado o programa Ciência Sem Fronteiras, oferecendo bolsas para estudantes brasileiros no exterior e financiamento para pesquisadores estrangeiros no Brasil. Mas as bolsas de pós-graduação dos programas federais estão há quatro anos sem reajustes.
Rússia
O recém-eleito presidente russo Vladmir Putin anunciou a pretensão de dar um gás na ciência do país com um ambicioso programa que pretende implantar várias universidades de pesquisa de ponta até 2020. Diz ainda que dará transparência ao processo de financiamento às pesquisas e aumentará o orçamento das agências de fomento de US$ 500 milhões para US$ 830 milhões, descentralizando a receita das mãos da Academia Russa de Ciências. Segundo a Nature, no entanto, o anúncio é recebido com bastante ceticismo pelos cientistas.
Índia
O vigoroso crescimento dos investimentos em ciência nos últimos 5 anos (incremento de cerca de 25% anuais) também foi afetado pela crise econômica mundial. Não haverá cortes como no Brasil, mas o aumento mais modesto previsto para o biênio 2012-13, entre 2% e 18%, deverá ser comido pela inflação anual na casa de 7%.
China
Em termos orçamentários, a ciência chinesa continuará muito bem, obrigado. Em 2012, os investimentos governamentais em C&T deverá ser de US$ 36,1 bilhões - cerca de 12,6 MCTIs - aumento de mais de 12% em relação ao ano passado.
África do Sul
O orçamento sul-africano deve sair em maio. Ano passado as verbas públicas para C&T foram de US$ 628 milhões, aumento de 7,3% em relação aos valores de 2010/11.
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As situações atuais e as perspectivas para o futuro próximo das ciências nos países do BRICS são bastante heterogêneas - como são em diversas outras áreas. Em termos relativos, a situação brasileira é a mais preocupante e os esforços da academia e instituições científicas como a ABC e a SBPC parecem não surtir muito efeito na sensibilização do governo para a questão.
Upideite(21/mar/2012): Nos comentários, Sibele Fausto, sugere o sítio web SJR para comparar dados cientométricos (ou cienciométricos como preferem alguns). Bastante interessante. Embora seja uma pena que os dados sejam referentes somente até 2010, não permitindo ainda analisar os efeitos dos cortes orçamentários no Brasil, mostra algumas tendências. A produção científica, desde 1996, aumentou modestamente na África do Sul, de modo mais vigoroso no Brasil e na Índia, explodindo na China e estagnando-se na Rússia. Os índices de citações caíram de modo correspondente - o que leva à discussão da quantidade x qualidade (o que leva à discussão dos índices de citação como medida de qualidade). Medida de colaboração internacional nos artigos tem oscilado entre os BRICS.
2 comentários:
Compare a produção científica desses países no SJR (SCImago Journal & Country Rank): http://www.scimagojr.com
Valeu, Sibele.
[]s,
Roberto Takata
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