Ñ acho legal chamar o Callorhinchus milii de tubarão elefante. Em primeiro lugar por ñ ser tubarão (sim, ñ é elefante tb, mas é outro caso).
— Roberto Takata (@rmtakata) January 19, 2014
Mas em português, "tubarão elefante" é mais usado para Cetorrhinus maximus.
— Roberto Takata (@rmtakata) January 19, 2014
Eu usaria a tradução de plownose chimaera (quimera nariz de arado).
— Roberto Takata (@rmtakata) January 19, 2014
Pois eis que vejo que o G1, reproduzindo material da EFE, confundiu as duas espécies (Fig. 1). (Sim,é coisa de janeiro, mas até agora não foi corrigido.*)***
Figura 1. Print de tela da reportagem do G1.
"Pesquisadores da Espanha sequenciaram o genoma do tubarão-elefante (Cetorhinus maximus) e encontraram genes que impedem a calcificação das cartilagens, o que pode abrir novas vias de estudo voltados a doenças ósseas como a osteoporose, de acordo com a revista 'Nature', que teve publicada nesta quinta-feira (9) sua edição impressa."
O artigo na revista cientifica britânica, claramente, denomina Callorhinchus milii. Não sei como se deu exatamente a transmutação: se alguém tentou corrigir o nome científico da espécie ou se o press release não mencionava (acho pouco provável) e isso foi introduzido na reportagem.
Como vários sítios web que reproduzem material da EFE não mencionam o nome científico, apenas "tiburón elefante" (nota, o Cetorhinus maximus, em espanhol é mais comumente chamado de "tiburón peregrino"), por exemplo, este, este e este (repare-se que as redações não são exatamente iguais), parece que a introdução posterior foi realizada pelo próprio G1. A foto usada para ilustrar a reportagem é a mesma que aparece no artigo da Wiki-PT sobre "tubarão elefante" e o artigo da Wiki-PT é o primeiro resultado na busca por "tubarão elefante" no Google. Se foi isso que ocorreu não posso dizer, mas me parece plausível.**
Dá algumas coisas a se pensar a respeito da prática atual do jornalismo sobre ciências. Vai desde a necessidade de se conferir a fonte original, à pressa da apuração, da necessidade de se investir na qualidade do profissional à crise atual do jornalismo em geral (com redações reduzidas, profissionais sobrecarregados, preferência a profissionais inexperientes por mais baratos...)
(Via Victor Rossetti FB.)*
*Upideite(17/jan/2014): adido a esta data.
Upideite(17/fev/2014): Veja se "quimera nariz de arado" não é um nome muito mais descritivo (além de bem menos indutor de erro) na foto abaixo (Fig. 2) do Callorhinchus miliii.
Figura 2. Callorhinchus miliii, nomes populares em inglês: "Australian ghostshark", "elephant shark", "makorepe", "whitefish", "plownose chimaera", "elephant fish". Fonte: Wikimedia Commons.
**Upideite(18/fev/2014): Em contato com o G1, eles informam que o erro foi da Efe.***Upideite(19/fev/2014): Corrigiram o nome, mas ainda não trocaram a foto.****
***Upideite(19/fev/2014): Já trocaram a foto.
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