Desta vez foram menos participantes em São Paulo, mas acho que se obteve um impacto até maior junto à população.
O tempo ajudou e no sábado dia 02 de setembro, ao contrário do dia da primeira Marcha pela Ciência em São Paulo, não choveu. E também não era emendado com feriado como foi em abril. Mas a segunda edição da Marcha na capital paulista contou com menos tempo de organização ainda do que na anterior. Se o tempo de um mês já foi curto para a edição de 22 de abril, imaginem que desta vez decidiram na terça, dia 28 de agosto, que o evento seria no sábado, dia 02 de setembro. E a coisa é ainda pior se considerarmos o tempo em que se estava cogitando a organização da marcha em São Paulo: no sábado, dia 26, frente a um pedido no grupo da Marcha pela Ciência no Brasil no facebook (o evento no Rio já havia sido definido há bem mais tempo) resolvemos tentar criar um grupo para tocar a manifestação paulistana (inicialmente, tentou-se via Whatsapp, mas não estava funcionando e mudamos pra um grupo no facebook mesmo)*. Sem data definida para quando seria.
Toca enviar email para associações científicas e a acadêmicas ainda no sábado e no domingo. Até a segunda feira somente a Aciesp havia respondido (e positivamente). Conseguimos a confirmação da adesão logo depois da ANPG. Ou seja, ainda não havia se consolidado nem a articulação dentro da comunidade científica para a marcha em São Paulo quando acabaram decidindo pela data. Eu estive fora o dia 29 de agosto (terça) e nem acessei a internet. Quando volto no fim da tarde e abro o grupo, já haviam fechado a data, no sábado (dia 02 de setembro)* mesmo, e criado a página de eventos.
Ok. Não havia mais nada a ser feito a não ser tentar loucamente divulgar para o máximo possível de pessoas. Convidei para o evento todos os meus conhecidos no facezucko que eu achava que estariam em um raio razoável para poderem ir à marcha. Divulgadores científicos, compreensivelmente, ficaram aborrecidos com o modo súbito com que definiram a data. (Não estou completamente por dentro dos eventos que levaram à essa definição. Mas há uma preocupação forte na SBPC e na comunidade científica brasileira com os cortes - e a versão inicial da lei orçamentária para 2018 parece tornar a situação do financiamento da ciência brasileira ainda pior. Uma demonstração era necessária antes da votação e definição da LOA 2018. E possivelmente quiseram dar um alcance maior coordenando com o evento carioca. Além de São Paulo e Rio, programaram para a mesma data: Porto Alegre, Brasília e São Luís; Natal escolheu dia 04 de setembro.)
Dadas essas circunstâncias, meio que de brincadeira, defini um corte pessoal de 10 pessoas (mais ou menos o tamanho do número de participantes dos organizadores da marcha em São Paulo) como critério para sucesso: se aparecessem 11 ou mais gatos pingados, eu me daria por satisfeito. De terça a sexta pouco mais de 400 pessoas haviam confirmado presença na página do evento no fb (em abril, das cerca de 1.500 confirmações, umas 300-500 pessoas apareceram de fato). Até às 15h30 (o evento havia sido marcado para começar às 15h), não mais do que umas 50 pessoas estavam sob o vão do Masp, local definido para o protesto. De fato, até umas 14h50, havia somente um manifestante - eu. Mas, enfim, para meu critério já era um sucesso, porém o clima era de um certo constrangimento e a sensação era de que a manifestação havia fracassado (alguns até foram embora nesse tempo). Pouco a pouco, porém, foram chegando mais gente. Até as 16h00 deveriam ser algo como 150 pessoas.
Não havia programação definida e nem previsão de deslocamento. Mas, na hora, decidiu-se coletivamente subir do Masp até o prédio do escritório da Presidência da República (na esquina com a rua Augusta). A PM fez a escolta e duas pistas foram fechadas localmente para a passeata. Alguns carros passaram buzinando em apoio ao protesto, vários transeuntes pararam pra acompanhar e registrar com seus celulares, eu flagrei pelo menos um lendo os cartazes com palavras de ordem e denúncia contra os cortes e a situação da ciência no Brasil, um ciclista e alguns passantes levantaram o braço agitando-o em apoio durante o trajeto. Acho que decisão de se deslocar acabou acertada, ainda que alguns tenham chegado ao Masp depois que saímos e achado que a manifestação já houvesse acabado. (Não deu tempo nem de organizar um canal de mídia social que fizesse atualização em tempo real da movimentação.)
A primeira marcha ficou concentrada no Largo da Batata, sem deslocamento. Embora os 150-200 manifestantes da edição de setembro sejam significativamente menos numerosos, acho que o deslocamento criou um maior impacto junto à população e uma maior visibilidade.
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O fórum permanente criado pela SBPC com as entidades científicas associadas para discutir a crise na ciência brasileira poderia ser ampliado para incluir entidades não-estritamente acadêmicas, como representantes da comunidade de divulgadores da ciência, do movimento estudantil e sindical, de ONGs ambientalistas, entidades da cultura e outras. É preciso uma articulação e diálogo mais amplo e fluido para um movimento mais robusto - há fortes interseções da C&T com educação, meio ambiente e até cultura.
Upideite(03/set/2017): Veja também
03.set. Carlos Orsi. Ciência marcha em legítima defesa.
04.set. Maurício Tuffani/Direto da Ciência. Marcha pela ciência precisa dizer #vemprarua para os próprios cientistas.
04.set. Daniela Klebis/Jornal da Ciência. Pesquisadores denunciam situação crítica em 2a. Marcha pela Ciência no Brasil.
*Upideite(03/set/2017): adido a esta data.
domingo, 3 de setembro de 2017
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