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domingo, 30 de dezembro de 2018

Divagação científica - divulgando ciências cientificamente 34

Minhas anotações do trabalho de Zorn et al. 2012. É o único que vi medindo quantitativamente alterações da atitude dos participantes em modelo dialógico. (Não quer dizer que não haja outros, apenas que eu não fui capaz de encontrar em uma busca rápida. Se souberem de mais, por favor, indiquem nos comentários.)

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Zorn, TE et al. 2012. Influence in science dialogue: Individual attitude changes as a result of dialogue between laypersons and scientists. PUS 21(7): 848-864. doi: 10.1177/0963662510386292.

Metodologia
Público não-especialista neo-zelandês foi formado por produtores rurais, pessoas de negócios, mães de crianças em idade pré-escola, estudantes de cursos superiores de artes e ciências sociais e maoris recrutados por pesquisadores, assistentes de pesquisas, empresas comerciais de pesquisa - entre contatos pessoais e listas publicamente disponíveis - por meio do método bola de neve (em que os participantes indicam outros participantes)

14 cientistas participarem de até 3 grupos de diálogo: cada grupo contava com 2 a 3 cientistas.

4 formas de diálogos foram usadas: pequenos grupos, 'diálogo cidadão', fórum público e grupos de discussão online. Participantes dos três primeiros tipos de grupo receberam folhetos informativos e recortes de notícias de jornais sobre o tema para se inteirarem a respeito da biotecnologia em humanos (HBT - human biotechnology).

Para cada grupo, facilitadores prepararam os cientistas e os não-especialistas a respeito dos princípios e regras do diálogo: o modelo usado foi o de diálogo de Bohm (um diálogo livre, em que os participantes têm como objetivo a compreensão mútua de modo respeitoso e sem julgamentos).

Pequenos grupos: 4 grupos formados por cientistas (2 cada) e não-especialistas (pelo menos um de cada grupo, exceto produtores rurais - pela distância geográfica), com 4 a 15 não-cientistas por grupo. Total de 39 não-especialistas.

Grupos online: 5 grupos  (1 para cada grupo alvo) com cientistas (5 participando em todos os grupos) e não-especialistas (5 a 9 de um dos grupos alvo). 42 participantes no total. Formulário online usado para avaliação.

'Diálogo cidadão': 12 cidadãos ouviram a apresentação de 4 cientistas (10 minutos cada): em que cada cientista se apresentava brevemente e expunha seu ponto de vista em relação ao tema. Após cada apresentação os cidadãos poderiam perguntar para os cientistas. Em seguida, os cientistas e os não-especialistas eram levados a salas separadas para discutir entre si e avaliar o diálogo. Depois eram novamente reunidos para trocarem suas impressões.

Fórum público: convites foram enviados para organizações científicas, escolas secundárias, departamentos de universidade, organizações jornalísticas, conselhos municipais e regionais, que poderiam se interessar pelo tema HBT. 3 cientistas e 25 não-especialistas participaram do fórum. Os cientistas fizeram uma breve apresentação (5 minutos cada) no início do evento. O protocolo seguiu o modelo dos pequenos grupos.

117 participantes não-especialistas, 86 respostas (39 pequenos grupos, 11 diálogo cidadão, 16 online e 20 fórum público). 14 cientistas, 13 respostas (no caso de cientistas que participaram de mais de um evento, apenas o formulário do primeiro evento foi considerado).

Medidas
1. Atitudes em relação aos cientistas de HBT;
2. Empatia em relação aos cientistas de HBT e à ciência de HBT;
3. Atitudes em relação à HBT: favorabilidade em relação à HBT + preocupação em relação à HBT;
4. Autoeficácia para o diálogo (conforto, confiança e motivação para se envolver em discussões públicas sobre HBT).

Resultados
*pré-diálogo
favorabilidade à HBT: cientistas (M=5,67; SD=0,75); não-cientistas (M=4,26; SD=1,14), t(89)=4.59, p<0 cientistas="" favor="" mais="" p="" unicaudal="" veis="">preocupação com HBT: cientistas (M=5,40; SD=1.00); não-cientistas (M=6.47; SD=0,67), t(16,55) = 3,95, p <0 cientistas="" menos="" p="" preocupados="" unicaudal="">
*hipótese 1: atitudes em relação aos ciensitas de HBT e empatia em relação aos ciensitas de HBT devem aumentar com o diálogo
atitudes: pré-diálogo (M=3,98; SD=0,98), pós-diálogo (M=4,33; SD=0,96), t(73)=-4,86, p<0 cohen="0,36</p" d="" de="" unicaudal="">empatia: pré (M=4,90; SD=1,06), pós (M=5,10; SD=1,02), t(72) = -2,13; p <0 cohen="0,19</p" d="" de="" unicaudal="">
*hipótese 2: atitudes em relação à HBT de cientistas e não-especialistas devem convergir
.não-especialistas:
favorabilidade: pré (M=4,26; SD=1,14), pós (M=4,58; SD=1,20), t(75) = -3,46, p<0 d="0,27</p" unicaudal="">preocupação: pré (M=6,47; SD=0,67), pós (M=6,32; SD=0,66), t(75) = -1,92, p <0 d="0,23</p" unicaudal="">.cientistas:
favorabilidade: pré (M=5,49; SD=0,66); pós (M=4,36; SD=0,77), t(10) =0,83, p=n.s.
preocupação: pré (M=5,22; SD=1,03); pós (M=5,64; SD=0,78), T(11)=-1,94, p<0 d="0,46</p" unicaudal="">
*autoeficácia:
.não-especialistas: pré (M=4,61; SD=1.04); pós (M=4,92; SD=1.09), t(73) = -3,22, p<0 bicaudal="" d="0,29;</p">.cientistas: pré (M=5,51; SD=0,45); pós (M=5,78; SD = 0,26); t(9)=1,82, p=n.s.

A Tabela 1 sumariza os efeitos em diferentes formatos de diálogo.

Tabela 1. Diferenças das médias (e desvios padrões) das variáveis
favorabilidade preocupação autoeficácia empatia atitude em relação aos cientistas
pequenos grupos 0,59 (0,67)a -0,28 (0,51)b 0,44 (0,80) 0,14 (0,86) 0,51 (0,51)
diálogo cidadão 0,26 (0,66) -0,45 (0,72)c 0,45 (1,27) 0,20 (0,76) 0,04 (0,67)
fórum público -0,11 (0,51)a 0,28 (0,79) 0,28 (0,53) 0,13 (0,51) 0,46 (0,72)
online 0,29 (0,53) -0,16 (0,40) -0,08 (0,69) 0,17 (0,77) 0,24 (0,53)
Letras: Comparação univariada significativa a 0,05.

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