Número de casos - eixo principal:
25 confirmados em 24/abr/2009; 39.620 casos confirmados em 17/jun/2009.
Mortes - eixo secundário:
7 em 27/abr/2009; 167 em 17/jun/2009.
Países (inclui territórios ultramarinos) - eixo secundário:
2 em 24/abr/2009; 90 em 17/jun/2009.
Mortalidade ‰ - eixo secundário:
96 mortes por 1.000 casos em 27/abr/2009; 4 casos por 1.000 em 17/jun/2009.
Fonte: OMS.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Sensacionalismo no laboratório
Na Folha:
"DNA" artificial dá pistas sobre surgimento da vida
A Wired foi ainda menos contida:
Scientists Create a Form of Pre-Life
O que *realmente* foi feito? Yasuyuki Ura e colaboradores conseguiram sintetizar em laboratório uma sequência de uma molécula conhecida como tPNA (ácido de tioéster peptidonucléico): os ácidos nucléicos comuns possuem um esqueleto de açúcar (ribose no caso do RNA e desoxirribose no caso do DNA), os PNA possuem uma molécula derivada da glicina (um aminoácido). Tem uma cara parecida com a figura abaixo:
Mas tem um átomo de enxofre no meio da cadeia, ligado a dois átomos de carbono - que dá o nome de tioéster. A hipótese de que seja um precursor do ARN no processo que deu origem aos seres vivos não é nova como se dá a entender na leitura das reportagens - fica a parecer que a novidade é a descoberta desse tipo de molécula. A novidade mesmo foi que observaram que a polimerização espontânea criava uma molécula curta correspondente à cadeia molde - com a complementação equivalente do pareamento Watson-Crick (A com U, C com G). Já se sabia há muito - mais de 10 anos - que os PNAs hibridizavam seletivamente com ADN e ARN, então o resultado obtido não é exatamente uma surpresa.
Agora, disso vai um *longo* passo para "dar pistas sobre a origem da vida". Embora os PNAs tenham propriedades interessantes em relação ao ARN, ainda não se conhece nenhuma via de síntese prebiótica de seus precursores - enquanto que os precursores de ARN podem ser sintetizados em diversas condições prebióticas. O PNA são totalmente artificiais em mais de um sentido, além desse - de não se conhecer vias espontâneas de formação de seus precursores -, simplesmente não é encontrado em nenhum organismo vivo.
E chute de balde total é o título da Wired, a distância para "pré-vida" é astronômica.
Não que o estudo seja de se jogar fora - se fosse não seria publicado em uma revista como a Science -, mas há *muita* coisa a ser feita para dar mais alento aos tPNAs como candidatos a precursores dos ARNs: seria preciso mostrar a viabilidade da síntese de cadeias mais longas de tPNA, que tais cadeias poderiam ter atividade catalítica e, mais, autocatalítica. São propriedadades bem conhecidas dos ARNs.
De resto, reproduzo as palavras de Leslie Orgel, um dos autores (póstumo) do estudo, em artigo de mais de dez anos atrás:
"Peptide nucleic acid (PNA) is another nucleic acid analog that has been studied extensively. It was synthesized by Nielsen and colleagues during work on antisense RNA. PNA is an uncharged, achiral analog of RNA or DNA; the ribose-phosphate backbone of the nucleic acid is replaced by a backbone held together by amide bonds. PNA forms very stable double helices with complementary RNA or DNA. We have shown that information can be transferred from PNA to RNA, and vice versa, in template-directed reactions and that PNA–DNA chimeras form readily on either DNA or PNA templates. Thus, a transition from a PNA world to an RNA world is possible. Nonetheless, I think it unlikely that PNA was ever important on the early earth, because PNA monomers cyclize when they are activated; this would make oligomer formation very difficult under prebiotic conditions."
http://dx.doi.org/10.1016/S0968-0004(98)01300-0
"DNA" artificial dá pistas sobre surgimento da vida
A Wired foi ainda menos contida:
Scientists Create a Form of Pre-Life
O que *realmente* foi feito? Yasuyuki Ura e colaboradores conseguiram sintetizar em laboratório uma sequência de uma molécula conhecida como tPNA (ácido de tioéster peptidonucléico): os ácidos nucléicos comuns possuem um esqueleto de açúcar (ribose no caso do RNA e desoxirribose no caso do DNA), os PNA possuem uma molécula derivada da glicina (um aminoácido). Tem uma cara parecida com a figura abaixo:
Mas tem um átomo de enxofre no meio da cadeia, ligado a dois átomos de carbono - que dá o nome de tioéster. A hipótese de que seja um precursor do ARN no processo que deu origem aos seres vivos não é nova como se dá a entender na leitura das reportagens - fica a parecer que a novidade é a descoberta desse tipo de molécula. A novidade mesmo foi que observaram que a polimerização espontânea criava uma molécula curta correspondente à cadeia molde - com a complementação equivalente do pareamento Watson-Crick (A com U, C com G). Já se sabia há muito - mais de 10 anos - que os PNAs hibridizavam seletivamente com ADN e ARN, então o resultado obtido não é exatamente uma surpresa.
Agora, disso vai um *longo* passo para "dar pistas sobre a origem da vida". Embora os PNAs tenham propriedades interessantes em relação ao ARN, ainda não se conhece nenhuma via de síntese prebiótica de seus precursores - enquanto que os precursores de ARN podem ser sintetizados em diversas condições prebióticas. O PNA são totalmente artificiais em mais de um sentido, além desse - de não se conhecer vias espontâneas de formação de seus precursores -, simplesmente não é encontrado em nenhum organismo vivo.
E chute de balde total é o título da Wired, a distância para "pré-vida" é astronômica.
Não que o estudo seja de se jogar fora - se fosse não seria publicado em uma revista como a Science -, mas há *muita* coisa a ser feita para dar mais alento aos tPNAs como candidatos a precursores dos ARNs: seria preciso mostrar a viabilidade da síntese de cadeias mais longas de tPNA, que tais cadeias poderiam ter atividade catalítica e, mais, autocatalítica. São propriedadades bem conhecidas dos ARNs.
De resto, reproduzo as palavras de Leslie Orgel, um dos autores (póstumo) do estudo, em artigo de mais de dez anos atrás:
"Peptide nucleic acid (PNA) is another nucleic acid analog that has been studied extensively. It was synthesized by Nielsen and colleagues during work on antisense RNA. PNA is an uncharged, achiral analog of RNA or DNA; the ribose-phosphate backbone of the nucleic acid is replaced by a backbone held together by amide bonds. PNA forms very stable double helices with complementary RNA or DNA. We have shown that information can be transferred from PNA to RNA, and vice versa, in template-directed reactions and that PNA–DNA chimeras form readily on either DNA or PNA templates. Thus, a transition from a PNA world to an RNA world is possible. Nonetheless, I think it unlikely that PNA was ever important on the early earth, because PNA monomers cyclize when they are activated; this would make oligomer formation very difficult under prebiotic conditions."
http://dx.doi.org/10.1016/S0968-0004(98)01300-0
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RNA
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Mala influenza - 7
Número de casos - eixo principal:
25 confirmados em 24/abr/2009; 27.737 casos confirmados em 10/jun/2009.
Mortes - eixo secundário:
7 em 27/abr/2009; 141 em 10/jun/2009.
Países - eixo secundário:
2 em 24/abr/2009; 74 em 10/jun/2009.
Mortalidade ‰ - eixo secundário:
96 mortes por 1.000 casos em 27/abr/2009; 5 casos por 1.000 em 10/jun/2009.
A gripe A (suína) agora é de nível 6 - pandêmica.
Fonte: OMS.
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gripe A,
gripe suína,
influenza
Darwin 200: HQ
Tomei conhecimento do trabalho pelo blogue Discutindo Ecologia, há coisa de três semanas.
Os artistas Simon Gurr e Eugene Byrne criaram uma biografia de Charles Darwin na forma de quadrinhos - ou, em termos eisnerianos, arte sequencial - sob auspícios do projeto Darwin 200 do Museu de História Natural de Londres em parceria com a Bristol Cultural Development Partnership.
O livro não é vendido, mas distribuído gratuitamente em vários locais: escolas, bibliotecas, grupos de leitura - britânicos, naturalmente. Consegui um exemplar com Gurr, que gentilmente enviou-me uma cópia.
Impresso em papel de qualidade com muitas ilustrações (preto e branco) baseadas em fotografias históricas, a narrativa conta, como era de se esperar, com toques do legítimo humor britânico: à página 7, em nota de rodapé a respeito da expressão "vespas amigáveis", uma série de observações - "Isto é uma piada. Vespas não são amigáveis. Se você perturbar uma vespa, ela o picará."; "Sim, sabemos que você sabe que vespas picam. Mas o pessoal de Segurança & Saúde disse que deveríamos alertá-lo de qualquer modo."; "E também que poderíamos ser processados. Se alguma criança fosse picada depois de ler isso, seus pais poderiam querer nos processar em um milhão de libras pelo tempo que tiveram que gastar beijando-a mais."; "Isto é, beijando mais a criança, não a vespa. Óbvio."; "Não beije vespas. Sério. Não beije."
A narração é sob a perspectiva de um grupo de documentaristas da natureza. Mas em lugar de Sir David Attenborough, Jeff Corwin ou do finado Steve Irwin, uma equipe de primatas: a orangotango Jenny e o gorila Dave como apresentadores, o chimpanzé Tony como diretor e a ai-ai (ou aie-aie) Helen como editora; além de prestativos lêmures-de-cauda-anelada em diversas funções: cinegrafista, contrarregra, assistente...
Há um pecadilho ou outro. Na página 87: "Darwin's other big problem was that he had no idea how natural selection happens. What causes de changes - the longer necks, the bigger claws, the camouflage colours etc. - that enable evolution." Aqui, o texto parece misturar seleção natural - que Darwin sabia muito bem como operava, na forma de competição intraespecífica por recursos como alimentos, abrigo, parceiros reprodutivos, etc. - com a origem das variedades.
Mas no geral o resultado é excelente. Seria muito bom se pudessem traduzir para o português e distribuir às escolas da rede pública brasileira.
Os artistas Simon Gurr e Eugene Byrne criaram uma biografia de Charles Darwin na forma de quadrinhos - ou, em termos eisnerianos, arte sequencial - sob auspícios do projeto Darwin 200 do Museu de História Natural de Londres em parceria com a Bristol Cultural Development Partnership.
O livro não é vendido, mas distribuído gratuitamente em vários locais: escolas, bibliotecas, grupos de leitura - britânicos, naturalmente. Consegui um exemplar com Gurr, que gentilmente enviou-me uma cópia.
Impresso em papel de qualidade com muitas ilustrações (preto e branco) baseadas em fotografias históricas, a narrativa conta, como era de se esperar, com toques do legítimo humor britânico: à página 7, em nota de rodapé a respeito da expressão "vespas amigáveis", uma série de observações - "Isto é uma piada. Vespas não são amigáveis. Se você perturbar uma vespa, ela o picará."; "Sim, sabemos que você sabe que vespas picam. Mas o pessoal de Segurança & Saúde disse que deveríamos alertá-lo de qualquer modo."; "E também que poderíamos ser processados. Se alguma criança fosse picada depois de ler isso, seus pais poderiam querer nos processar em um milhão de libras pelo tempo que tiveram que gastar beijando-a mais."; "Isto é, beijando mais a criança, não a vespa. Óbvio."; "Não beije vespas. Sério. Não beije."
A narração é sob a perspectiva de um grupo de documentaristas da natureza. Mas em lugar de Sir David Attenborough, Jeff Corwin ou do finado Steve Irwin, uma equipe de primatas: a orangotango Jenny e o gorila Dave como apresentadores, o chimpanzé Tony como diretor e a ai-ai (ou aie-aie) Helen como editora; além de prestativos lêmures-de-cauda-anelada em diversas funções: cinegrafista, contrarregra, assistente...
Há um pecadilho ou outro. Na página 87: "Darwin's other big problem was that he had no idea how natural selection happens. What causes de changes - the longer necks, the bigger claws, the camouflage colours etc. - that enable evolution." Aqui, o texto parece misturar seleção natural - que Darwin sabia muito bem como operava, na forma de competição intraespecífica por recursos como alimentos, abrigo, parceiros reprodutivos, etc. - com a origem das variedades.
Mas no geral o resultado é excelente. Seria muito bom se pudessem traduzir para o português e distribuir às escolas da rede pública brasileira.
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sexta-feira, 5 de junho de 2009
Xixi no Banho
Mandei há duas semanas o seguinte email para a SOS Mata Atlântica a respeito da campanha Xixi no Banho:
--------------
From: rmtakata@xxx.com
To: comunicacao@xxx.org.br
Subject: Questões sobre a campanha "Xixi no banho"
Date: Fri, 15 May 2009 02:29:02 -0300
Prezados Senhores,
Meu nome é Roberto Takata, [...] e mantenho um blog de ciências (genereporter.blogspot.com).
Pretendo escrever algo a respeito da campanha "Xixi no Banho" da Fundação SOS Mata Atlântica (em outro blogue) e gostaria de obter algumas informações.
1) Como surgiu a idéia para a campanha? Como foi o processo de criação da campanha? Ficou a cargo inteiramente a agência de publicidade (F/Nazca)?
2) Foi realizado algum pré-estudo (qualis, p.e.) para o lançamento nacional da campanha? (Em caso positivo, que pontos interessantes foram levantados?)
3) Há já alguma avaliação por parte da fundação a respeito da repercussão? Consideram que o resultado é positivo, satisfatório? Há algum ponto negativo?
4) Sei que fizeram uma enquete (ainda em andamento) no sítio web da SOS Mata Atlântica sobre a opinião dos visitantes, mas a instituição pretende fazer um levantamento mais sistemático (estatisticamente válido) a respeito do alcance da campanha? E em relação a resultados práticos quanto à economia de água, também pretendem fazer (ou não fazer) algum estudo?
5) No sítio web é dito: "uma informação importante para aqueles que têm dúvida se é uma prática higiênica: o xixi é composto 95% de água e 5% de outras substâncias como uréia e sal." - mas o esgoto doméstico e industrial também é compostos de 95% de água e 5% de outras substâncias, não seria uma informação que por si só não informa tanto assim?
6) Foi feita uma avaliação do risco da campanha ser mal interpretada? Não há um risco da tentativa de descontração levar à irrelevância ou perda de respeitabilidade da SOS Mata Atlântica e das campanhas em geral em prol do meio ambiente? (Não consideram que seja uma banalização ou aviltamento?)
7) A proporção de pessoas que fazem xixi no banho e que não fazem exibida no sítio web da campanha foi feita apenas em cima da resposta dos visitantes do sítio web ou foi feita de outra forma (qual)?
8) No sítio da campanha há um gráfico sobre o desperdício de água pelo ato de fazer xixi em diferentes lugares. Há um valor pequeno, mas aparentemente positivo para "fazer xixi na chuva", por que haveria gasto de água nessa situação?
9) Foi levado em consideração na campanha que o chuveiro gasta energia elétrica? A energia elétrica a mais que se gasta compensa a economia de água?
10) Foi levado em consideração que fazer xixi durante o banho pode prolongar a duração da chuveirada? (As pessoas não param de se ensaboar enquanto estão urinando?)
11) O que significa o gráfico: "trajetória do xixi"? É a altura de um pingo de urina, o volume presente no local de banho?
12) O hotsite da campanha está todo em flash. Isso ajuda a incrementar o visual. Mas não prejudica o acesso da maior parte das pessoas que usam internet discada?
13) O sítio diz que não é nojento. Isso não é uma avaliação subjetiva?
14) O sítio diz que não transmite doenças. Há um número significativo de pessoas com infecção urinária (20 a 30% das mulheres já tiveram em algum momento). Mesmo fazendo xixi no começo do banho, respingos podem parar em outros cantos. E eventuais microorganismos presentes na urina podem se prender ao substrato sem serem lavados pela água - sabe-se que a _Legionella_ pode se espalhar pelo chuveirinho. Quão segura é a informação de que xixi no banho não transmite doenças?
No momento são esses os esclarecimentos que gostaria de obter.
Grato pela atenção.
Cordialmente,
Roberto Takata
-------------------
(Obs: 1) fiz uma pequenas correções ortográficas no teor original da mensagem. 2) suprimi um trecho indicado por [...] sem prejuízo para a compreensão. 3) reproduzi esta postagem no Brutti, Sporchi e Cattivi. 4) pelas últimas postagens vai parecer que estou apenas seguindo a pauta do Sem Ciência, mas esta postagem, como se pode ver pela data do email, estava em preparação há algum tempo - aliás, a maioria das postagens no Gene Repórter são feitas sobre pauta fria, por opção não sigo muito hypes - o caso da Ruth Aquino é uma exceção -, permite uma melhor avaliação do quadro geral e serve como desculpa para longos períodos sem postagens.)
Não me responderam até agora.
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SOS Mata Atlântica
The burdens of being upright*
Já se sabia que a inteligência não é uma característica onivantajosa - isto é, cuja vantagem seja independente de contexto. Vide, p.e., Mery, F. & Kawecki, T.J. 2003 – A fitness cost of learning ability in Drosophila melanogaster. Proc. Biol. Sci. 270: 2465-9.
Em ambientes muito previsíveis, a inteligência é desnecessária - comportamentos automáticos tendem a ser mais eficientes. Em ambientes excessivamente imprevisíveis, a inteligência é inútil, já que toda projeção e tentativa de conexão de informações não resultarão em nada - é menos custoso adotar uma estratégia aleatória ou mesmo fixa.
(Claro que isso varia um pouco de acordo com a definição de inteligência adotada, mas a essência do raciocínio acima não deve mudar.)
Agora, o gênio nobelista racista (não necessariamente nessa ordem), James Watson, especula que a inteligência na espécie humana pode ter consequências desvantajosas do ponto de vista genético: o velhinho sugere que variantes de genes ligadas à inteligência estariam também ligadas a doenças mentais como o autismo e a esquizofrenia. Ele mesmo admite que é tudo especulação e que não pode provar. Mas, como é um nobelista, tudo o que ele diz ganha uma dimensão muito maior.
Não que essa especulação (sobre inteligência e problemas mentais) seja totalmente sem base. Percebemos a quantidade de gênios pirados por aí: só na matemática, Göedel, Cantor, Turing (ok, podemos atribuir os problemas dele à opressão da sociedade inglesa de meados do século passado contra os homossexuais), Nash, Newton... Talvez a idéia de cientista maluco ou de doido genial não seja completamente desprovida de fundamentos afinal. Mas pode ser que sejam apenas casos anedóticos, seria preciso uma pesquisa comparativa mais inclusiva.
Um amigo meu, membro da Mensa, tentou me convencer a me filiar a ela. Porém para tanto é preciso obter uma pontuação alta em teste de QI - ali a partir de 120. O meu não vai muito além do 110-115 - os testes são ajustados geralmente para que a média populacional corresponda a 100 pontos, o padrão de normalidade é em torno de 90 a 110. Claro, dá uma certa inveja dessas pessoas inteligentes - ou que tenham o dom para a matemática, ou para a música, ou para a literatura, ou para a física, etc. Porém, bancando um pouco a raposa a desdenhar das uvas, se se é inteligente demais, creio que a pessoa passe a se sentir um tanto deslocada em meio a uma multidão de pessoas intelectualmente menos dotadas. Deve ser chato se ver em meio a pessoas que não entendem nada do que você diz, por mais claramente que você diga as coisas, elas simplesmente não alcançam o ponto em que você está. (Ocasionalmente tenho uma pálida idéia disso quando me vejo em discussões interneteiras sem fim com sujeitos amalucados a falar de coisas sem nexo - claro que não sei bem se a pessoa é que não tem um nível suficiente para me compreender, um borderline, ou se ela está no nível de gênio de modo que eu é que não sou capaz de entendê-la completamente.) Nesse sentido, a mediocridade é muito boa - você conseguirá se comunicar com um número muito maior de pessoas, sem se sentir fora de lugar. Então, sob esse aspecto, não tenho tanta inveja de estar abaixo da linha da genialidade. Mas se é para ser medíocre, que seja um mediano superior: assim, na faixa entre 90 e 110, melhor ficar próximo do 110. Se se esforçar muito e prestar bastante atenção, talvez seja possível entender uma coisa e outra do que os gênios dizem. Isso ilumina nossas mentes. Sim, desde que não seja uma imprecação racista a la Watson.
*título do álbum de estréia (1996) de Tracy Bonham.
Em ambientes muito previsíveis, a inteligência é desnecessária - comportamentos automáticos tendem a ser mais eficientes. Em ambientes excessivamente imprevisíveis, a inteligência é inútil, já que toda projeção e tentativa de conexão de informações não resultarão em nada - é menos custoso adotar uma estratégia aleatória ou mesmo fixa.
(Claro que isso varia um pouco de acordo com a definição de inteligência adotada, mas a essência do raciocínio acima não deve mudar.)
Agora, o gênio nobelista racista (não necessariamente nessa ordem), James Watson, especula que a inteligência na espécie humana pode ter consequências desvantajosas do ponto de vista genético: o velhinho sugere que variantes de genes ligadas à inteligência estariam também ligadas a doenças mentais como o autismo e a esquizofrenia. Ele mesmo admite que é tudo especulação e que não pode provar. Mas, como é um nobelista, tudo o que ele diz ganha uma dimensão muito maior.
Não que essa especulação (sobre inteligência e problemas mentais) seja totalmente sem base. Percebemos a quantidade de gênios pirados por aí: só na matemática, Göedel, Cantor, Turing (ok, podemos atribuir os problemas dele à opressão da sociedade inglesa de meados do século passado contra os homossexuais), Nash, Newton... Talvez a idéia de cientista maluco ou de doido genial não seja completamente desprovida de fundamentos afinal. Mas pode ser que sejam apenas casos anedóticos, seria preciso uma pesquisa comparativa mais inclusiva.
Um amigo meu, membro da Mensa, tentou me convencer a me filiar a ela. Porém para tanto é preciso obter uma pontuação alta em teste de QI - ali a partir de 120. O meu não vai muito além do 110-115 - os testes são ajustados geralmente para que a média populacional corresponda a 100 pontos, o padrão de normalidade é em torno de 90 a 110. Claro, dá uma certa inveja dessas pessoas inteligentes - ou que tenham o dom para a matemática, ou para a música, ou para a literatura, ou para a física, etc. Porém, bancando um pouco a raposa a desdenhar das uvas, se se é inteligente demais, creio que a pessoa passe a se sentir um tanto deslocada em meio a uma multidão de pessoas intelectualmente menos dotadas. Deve ser chato se ver em meio a pessoas que não entendem nada do que você diz, por mais claramente que você diga as coisas, elas simplesmente não alcançam o ponto em que você está. (Ocasionalmente tenho uma pálida idéia disso quando me vejo em discussões interneteiras sem fim com sujeitos amalucados a falar de coisas sem nexo - claro que não sei bem se a pessoa é que não tem um nível suficiente para me compreender, um borderline, ou se ela está no nível de gênio de modo que eu é que não sou capaz de entendê-la completamente.) Nesse sentido, a mediocridade é muito boa - você conseguirá se comunicar com um número muito maior de pessoas, sem se sentir fora de lugar. Então, sob esse aspecto, não tenho tanta inveja de estar abaixo da linha da genialidade. Mas se é para ser medíocre, que seja um mediano superior: assim, na faixa entre 90 e 110, melhor ficar próximo do 110. Se se esforçar muito e prestar bastante atenção, talvez seja possível entender uma coisa e outra do que os gênios dizem. Isso ilumina nossas mentes. Sim, desde que não seja uma imprecação racista a la Watson.
*título do álbum de estréia (1996) de Tracy Bonham.
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quarta-feira, 3 de junho de 2009
Mala influenza - 6
Número de casos - eixo principal:
25 confirmados em 24/abr/2009; 19.273 casos confirmados em 03/jun/2009.
Mortes - eixo secundário:
7 em 27/abr/2009; 117 em 03/jun/2009.
Países - eixo secundário:
2 em 24/abr/2009; 66 em 03/jun/2009.
Mortalidade ‰ - eixo secundário:
96 mortes por 1.000 casos em 27/abr/2009; 6 casos por 1.000 em 03/jun/2009.
Fonte: OMS.
25 confirmados em 24/abr/2009; 19.273 casos confirmados em 03/jun/2009.
Mortes - eixo secundário:
7 em 27/abr/2009; 117 em 03/jun/2009.
Países - eixo secundário:
2 em 24/abr/2009; 66 em 03/jun/2009.
Mortalidade ‰ - eixo secundário:
96 mortes por 1.000 casos em 27/abr/2009; 6 casos por 1.000 em 03/jun/2009.
Fonte: OMS.
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