Tomei conhecimento do trabalho pelo blogue Discutindo Ecologia, há coisa de três semanas.
Os artistas Simon Gurr e Eugene Byrne criaram uma biografia de Charles Darwin na forma de quadrinhos - ou, em termos eisnerianos, arte sequencial - sob auspícios do projeto Darwin 200 do Museu de História Natural de Londres em parceria com a Bristol Cultural Development Partnership.
O livro não é vendido, mas distribuído gratuitamente em vários locais: escolas, bibliotecas, grupos de leitura - britânicos, naturalmente. Consegui um exemplar com Gurr, que gentilmente enviou-me uma cópia.
Impresso em papel de qualidade com muitas ilustrações (preto e branco) baseadas em fotografias históricas, a narrativa conta, como era de se esperar, com toques do legítimo humor britânico: à página 7, em nota de rodapé a respeito da expressão "vespas amigáveis", uma série de observações - "Isto é uma piada. Vespas não são amigáveis. Se você perturbar uma vespa, ela o picará."; "Sim, sabemos que você sabe que vespas picam. Mas o pessoal de Segurança & Saúde disse que deveríamos alertá-lo de qualquer modo."; "E também que poderíamos ser processados. Se alguma criança fosse picada depois de ler isso, seus pais poderiam querer nos processar em um milhão de libras pelo tempo que tiveram que gastar beijando-a mais."; "Isto é, beijando mais a criança, não a vespa. Óbvio."; "Não beije vespas. Sério. Não beije."
A narração é sob a perspectiva de um grupo de documentaristas da natureza. Mas em lugar de Sir David Attenborough, Jeff Corwin ou do finado Steve Irwin, uma equipe de primatas: a orangotango Jenny e o gorila Dave como apresentadores, o chimpanzé Tony como diretor e a ai-ai (ou aie-aie) Helen como editora; além de prestativos lêmures-de-cauda-anelada em diversas funções: cinegrafista, contrarregra, assistente...
Há um pecadilho ou outro. Na página 87: "Darwin's other big problem was that he had no idea how natural selection happens. What causes de changes - the longer necks, the bigger claws, the camouflage colours etc. - that enable evolution." Aqui, o texto parece misturar seleção natural - que Darwin sabia muito bem como operava, na forma de competição intraespecífica por recursos como alimentos, abrigo, parceiros reprodutivos, etc. - com a origem das variedades.
Mas no geral o resultado é excelente. Seria muito bom se pudessem traduzir para o português e distribuir às escolas da rede pública brasileira.
quinta-feira, 11 de junho de 2009
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