O Scienceblog Brasil fez uma blogagem coletiva procurando atrair interneteiros incautos que procurassem por outros temas sob o mote: "
Cientista também caça paraquedista". (Ok, essa introdução provavelmente lhe é inútil, já que certamente você sabia disso.)
O
resultado foi, não inesperadamente, um tanto enviesado para o lado sexual. Embora sem um rigor de um levantamento estatístico apropriado, os temas sexuais foram
exclusivos (
Upideite (31/ago/2009): isso já não é mais verdade, já que Tatiana Nahas do Ciência na Mídia fez
esta postagem) predominantemente dos blogueiros homens - dominantes (numericamente) em relação às blogueiras de ciências.
Sem entrar em questionamentos sobre o que tais escolhas refletem sobre.. aham, a visão de mundo de cada bloguista, creio que a caça seria mais proveitosa se se utilizassem uma metodologia, digamos, mais científica. Como?
Analisando-se as palavras e expressões mais procuradas pelos interneteiros. Há várias ferramentas disponíveis, uma das mais famosas é o
Google Trends. Sim, ela, claro se baseia nos termos pesquisados no Google. Mas, como a campanha é voltada para os usuários desse sistema de busca, é mais do que apropriado.
As expressões mais procuradas no Google, no Brasil, nos últimos 12 meses são:
- jogos
- orkut
- youtube
- fotos
- videos
- globo
- musicas
- uol
- musica
- msn
Um aspecto que salta aos olhos é o fato das palavras mais pesquisadas referirem a nomes de sítios web bem conhecidos: orkut, YouTube, Globo, UOL, MSN - para isso bastaria escrever na caixa de endereços. Se se analisa o que as pessoas procuram relacionados a esses sítios, verificamos que são serviços comuns: no UOL, o Rádio UOL e o bate-papo; no orkut, as mensagens e recados; no Globo, esportes, novelas, rádio e TV; no MSN, o Hotmail e o Messenger. Um doce para quem adivinhar o que buscam no YouTube - sim, videos (e, ok, música). Isso parece refletir a inabilidade em busca e navegação por parte dos interneteiros brazucas (não, tio Houaiss, não vou escrever brasuca!) - alternativamente poderia refletir um gosto mais amplo: buscam "música" sem se importar exatamente com o estilo, com o grupo musical; ou que confiam muito nos resultados do Google (que se ajustam um tanto ao gosto dos usuários) - mas, na falta de maiores indícios em contrário, fico mais com a hipótese de que os brasileiros não sabem fazer pesquisa objetiva mesmo. (Há uma outra alternativa que não se pode descartar - a presença ostensiva de nomes de companhias pode ser fruto de ações das próprias empresas para elevar sua posição e se destacar: conseguindo uma publicidade gratuita. Outra possibilidade é que os usuários façam uma busca direcionada a sítios específicos: p.e. "letra musica caminhoneiro roberto carlos uol".)
Nota-se ainda que jogos, videos e músicas são os principais interesses. Sexo parece ser mesmo coisa para meninos - ao menos em relação à busca na internet. Sim, o Google não faz distinção pelo sexo dos usuários - ainda... Mas podemos ver pelos termos que mais cresceram entre as buscas.
- jogos de meninas
- youtube
- esporte
- hotmail
- globo
- vivo
- jogos online
- jogos
- vagalume
- tradutor
Nota-se em primeiro lugar "jogos de menina". Isso reflete bem que a internet não é mais domínio dos homens. Ou seja, as escolhas dos paraquedistas pelos scibloggers é focado em apenas uma parte do público da internet. Pode-se argumentar que o interesse por ciências é, tanto quanto por sexo (ao menos como busca na internet), uma característica eminentemente masculina - a predominância de XYs entre os bloguistas de ciências deve refletir esse fato. Mas, por outro lado, não seria então mais interessante diversificar a freguesia? Especialmente considerando-se que a caça é por paraquedistas?
Uma outra palavra que chama atenção é "vagalume". Uma análise mais detalhada indica que é um sítio web de música no UOL. Entre as buscas chama a atenção que "vagalume gospel" é a quinta colocada entre as que mais crescem (dentro dessa subcategoria) - indicando uma forte presença de evangélicos na internet (o que não espanta dado que constituem uma fração considerável da população - cerca de 1/5 do total -, isso também explica a presença aborrecida e ostensiva do criacionismo diletante na web).
Upideite(01/set/2009): Fernanda Polleto, do
Bala Mágica, nos
comentários do
Ciência na Mídia chama a atenção para a filtragem do Google de certos termos em sua listagem final. Considerando-se isso, ainda assim temos: preco (92) à frente de sexo (79), que empata com celular, messenger e radio. Outros termos: televisão (80), saude, escola, casa, trabalho de casa, internet (81), uol, dinheiro (84), brasil, computador (86), terra (88), msn (90)...
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