Já usaram o termo biomática com outros significados: como sinônimo (contração) de bioinformática (biomatics), como um novo paradigma das ciências da vida (integral biomathics) e como bioengenharia de sistemas (biomatics). (Atente-se para as grafias no inglês: -matics e -mathics. Isso traduz a etimologia e a intenção original do neologismo. -matics, de um lado, calca-se em 'informatics', e 'mathematics', -mathics, em 'máthos, máthesis', do gr. 'conhecimento, ciência'.)
Uso aqui com um significado um tanto distinto, ainda que se aproxime do 'integral biomathics' e da 'systems bioengineering' (mas que se afasta de modo bastante profundo de ambos). (Só não me dou ao trabalho de cunhar um termo distinto, porque eu o havia já criado há muito tempo de modo independente - em termos etimológicos, em inglês, resultaria em 'biomathics'.)
A proposta se parece, em um primeiro momento, com a da biologia de sistemas (usa conceitos derivados da cibernética, por exemplo; e procura analisar sistemas vivos como elementos complexos), mas, ao contrário desta, parte de uma base eminentemente reducionista.
A idéia é reduzir os problemas das ciências da vida a elementos puramente abstratos, tanto quanto possível, em entidades matemáticas. Em certa medida, englobando uma 'metabiologia': versando não apenas sobre a biologia dos organismos conhecidos, não apenas sobre a biologia do possível (ainda que não realizado), mas também sobre a biologia do 'e se' ('e se não houvesse tais restrições físicas ou biológicas?').
Não é algo que surgiria do nada. A cibernética, como comentado, teria muito a contribuir nas questões do fluxo e controle de informações que passam de um ponto a outro. A abstração matemática, aliás, está já bastante presente: como os grafos e as topologias nos estudos da filogênese, as teias representando as relações ecológicas de fluxo de matéria e energia, as equações químicas, as fórmulas matemáticas sobre crescimento populacional, evolução, metabolismo, etc.
Seria a biologia como ciência exata e abstrata. Não é uma teoria, não é um paradigma, mas sim um programa de pesquisa, ou melhor dizendo, um programa metafísico no sentido popperiano do termo - ainda necessitando ser burilado. Demandaria o trabalho intenso de várias pessoas de várias especialidades. O resultado seria incerto de dois modos: se a empreitada seria viável ao final de contas e se o produto teria alguma utilidade -, mas creio que a viagem compensaria por si só.
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