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sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Discutindo ciências palpiteiramente

Lanço um desafio para a comunidade filomática lusófona: É possível criar um programa de autoalfabetização científica eficiente?

Aos que acham que sim - um programa genérico que funcione para a maior parte das pessoas e/ou que possa ser adaptado às necessidades particulares de cada um - como seria?

Tenhamos em mente que tal tipo de programa teria que levar em conta alguns aspectos:
- Quais os conhecimentos científicos mínimos necessários que um cidadão comum precisaria ter?
- Quais as justificativas - teóricas e práticas - para a necessidade de um tal programa?
- Quais as características dos indivíduos que desejaria ou necessitaria passar por um programa de autoalfabetização?
- Que metodologia ou conjunto de metodologia deve ser utilizado?
- Quais os parâmetros para verificar se as metas e objetivos estão a ser alcançados?
E outros que não listei acima.

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Meu pitaco é que, sim, tal tipo de programa seria desejável porque:
a) Conhecimento científico no mundo de hoje é essencial para que as pessoas possam exercer plenamente sua cidadania - como poderiam discutir sobre transgênicos, células-tronco, eutanásia, energia nuclear, biocombustíveis, pré-sal, biodiversidade, mudanças climáticas, etc., etc., etc. - sem um conhecimento básico a respeito da biologia, da física, da química, da sociologia, da climatologia e assim por diante?
b) O ensino formal não está dando conta de suprir essa formação básica (vide os vários indicadores de grau de conhecimento científico da população); divulgadores de ciência e jornalistas ajudam, mas um programa de autoalfabetização daria autonomia aos cidadãos (o que significa que tal programa deveria ter como uma das metas principais a formação de um espírito crítico e ferramentas para análise crítica dos dados e dos argumentos);

Meu pressuposto não é que a academia saiba de antemão tudo o que os cidadãos deveriam conhecer - idealmente tal programa seria uma construção coletiva que envolveria sobretudo a participação ativa da comunidade não-acadêmica (especialmente os próprios cidadãos para quem esse programa seria voltado).

Upideite(22/out/2017):
Blanco-López et al. 2015. Key aspects of scientific competence for citizenship: A Delphi study of the expert community in Spain. JRST 52(2): 164-98.
Stocklmayer & Bryant. 2012. Science and the Public—What should people know? IJSE B 2(1) 80-101.

Upideite(20.mai.2018):
Osborne et al. 2003. What “ideas‐about‐science” should be taught in school science? A Delphi study of the expert community. JRST 40(7): 692-720.

2 comentários:

Luiz Bento disse...

Fala Takata,

Acho que a discussão sobre alfabetização científica não é nova e as medidas tomadas tantos por americanos como europeus de se buscar "o conjunto de conhecimento mínimo" para a alfabetização científica ideal fracassaram.

Hoje em dia é assumido que o conhecimento científico é sim importante, mas trazer a discussão cultural e social é mais. Gosto muito da opinião do John Durant e Jean-Marc Lévy-Leblond sobre o assunto. Hoje em dia esse contexto de mensurar conhecimento científico como conteúdo é até considerado um mito, o famoso modelo de déficit.

Li a opinião dos dois no "Terra Incógnita" (http://www.casadaciencia.ufrj.br/Publicacoes/terraincognita/cienciainterface/cienciainterface.html)

Gostei tanto que comprei um livro do Jean-Marc Lévy-Leblond "Pensar e a prática da ciência, O". Ainda está para chegar.

Abraços.

none disse...

Valeu, pelos comentário, Luiz.

Vou subir e depois complemento com minhas observações (ou subo e deixo o pessoal comentar).

[]s,

Roberto Takata

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