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domingo, 6 de dezembro de 2009

Mais sobre os emails roubados - a brincadeira continua...

O que está circulando agora entre os negacionistas são comentários inseridos nas linhas de programação das análises conduzidas por Michael E. Mann. Dada a inocuidade do que eles revelam não me surpreenderia se forem verdadeiros. Reproduzo abaixo e comento:
function mkp2correlation,indts,depts,remts,t,filter=filter,refperiod=refperiod,$
datathresh=datathresh
;
; THIS WORKS WITH REMTS BEING A 2D ARRAY (nseries,ntime) OF MULTIPLE TIMESERIES
; WHOSE INFLUENCE IS TO BE REMOVED. UNFORTUNATELY THE IDL5.4 p_correlate
; FAILS WITH >1 SERIES TO HOLD CONSTANT, SO I HAVE TO REMOVE THEIR INFLUENCE
; FROM BOTH INDTS AND DEPTS USING MULTIPLE LINEAR REGRESSION AND THEN USE THE
; USUAL correlate FUNCTION ON THE RESIDUALS.
;
pro maps12,yrstart,doinfill=doinfill
;
; Plots 24 yearly maps of calibrated (PCR-infilled or not) MXD reconstructions
; of growing season temperatures.
Uses “corrected” MXD – but shouldn’t usually
; plot past 1960 because these will be artificially adjusted to look closer to
; the real temperatures.

;
E, em outra parte do código:
;
; Plots (1 at a time) yearly maps of calibrated (PCR-infilled or not) MXD
; reconstructions
; of growing season temperatures.
Uses “corrected” MXD – but shouldn’t usually
; plot past 1960 because these will be artificially adjusted to look closer to
; the real temperatures.
Os arquivos em que estão tais linhas são: maps12.pro, maps15.pro, maps24.pro. IDL é uma linguagem de programação de análise de dados (Interactive Data Language). O que Mann tinha eram várias séries de dados com as datas correspondentes. A ideia era ver como todos esses dados estavam correlacionados uns com os outros e como isso influi na temperatura - a contribuição individual de cada fator. Depois disso, essa influência poderia ser removida para saber a relação específica entre a temperatura e os dados dos anéis das árvores - mais especificamente de um dos componentes, a densidade máxima da madeira formada no fim do período de crescimento anual. O texto destacado em vermelho, que os negacionistas têm por comprometores, na verdade, revela o cuidado que tiveram Mann e colaboradores para *não* contaminar os dados - evitar que a curva se ajustasse aos dados de modo artificial.

Pequeno glossário dos termos:
  • datatresh - data threshold
  • depts - dependent time series
  • indts - independent time series
  • mkp2correlation - ?McKinley Park correlation
  • MXD - maximum latewood density
  • PCR - principal component regression
  • p_correlate - função de correlação parcial do IDL
  • refperiod - reference period
  • remts - multiple time series ?regression random effect model time series*
  • yrstart - year of start

Sobre o comitê revisor independente na auditoria dos dados da CRU/EAU: aqui.

Terão que cavoucar mais nos emails.

*Upideite(08/12/2009).

8 comentários:

Unknown disse...

Takata,

O hockey stick é podre, mas isso você já sabe, e ademais ele não tem muita importância mesmo, a não ser pela propaganda.
O que me admira é que você não vê é que a ciencia do clima enveredou para a política e que o debate está contaminado, que o peer-review está sendo manipulado. No Brasil temos a palavra perfeita para isso: patrulhamento. Veja um exemplo perfeito (e vergonhoso):
Este email de Michael Schlesinger Universidade de Illinois é público e não roubado, sobre entrevista de Revkin (NYT) com R. Pielke Sr.



Andy:

Copenhagen prostitutes?

Climate prostitutes?

Shame on you for this gutter reportage. This is the second time this week I have written you thereon, the first about giving space in your blog to the Pielkes.

The vibe that I am getting from here, there and everywhere is that your reportage is very worrisome to most climate scientists. Of course, your blog is your blog. But, I sense that you are about to experience the 'Big Cutoff' from those of us who believe we can no longer trust you, me included.

Copenhagen prostitutes?
Unbelievable and unacceptable.

What are you doing and why?

Michael

Depois vá para realclimate e veja como Eric Steig editou parte da entevista. Lembra realmente o tempo dos militares.

Unknown disse...

Esqueci o link,
http://pielkeclimatesci.wordpress.com/2009/12/07/comment-on-new-york-times-by-andrew-c-revkin-and-john-m-broder-before-climate-meeting-a-revival-of-skepticism/

Você pode não concordar, mas um benefício que essa polemica toda gerou é que muitas pessoas vão descobrir é que CO2 sozinho não pode muito. Ele precisa que o clima tenha alta sensibilidade para que os cenários aterradores dos modelos estejam certos(sinceramente acho que não estão).

none disse...

Ari,

Os cálculos das forçantes indica que o CO2 (e os gases estufa em conjunto) é o principal componente.

Há outros que devem ser levados em conta, mas não quer dizer que o CO2 não seja um ponto importante.

Quanto à questão política, eu comecei a série de postagens assim: "Há, também, tentativas de debate ideológico - que tem seu lugar, mas não deve se sobrepor aos dados na análise da situação."
http://genereporter.blogspot.com/2009/04/aquecimento-global-parte-1-de-3.html
---------------------

[]s,

Roberto Takata

Unknown disse...

Takata,
O CO2 é o GEE mais importante. Só que o "feedback" é altamente positivo. A duplicação do CO2 levaria ao aumente de 1 grau na temperatura, e todo o resto depende do feedback. Acontece que há estudos que mostram que o feedback pode ser negativo o que levaria um aumento modesto da temperatura. Quanto ao aquecimento ha tres hipóteses:

* A influência humana sobre a variabilidade climática e da mudança é de importância mínima, e causas naturais, dominam as variações climáticas e alterações em todas as escalas de tempo. Nas próximas décadas, a influência humana continuará a ser mínima.

Este é o ponto de vista "cético"

* Apesar das causas naturais das variações climáticas serem importantes, sem dúvida, as influências humanas são significativas e envolvem uma gama diversificada de primeira-ordem forçantes climáticas, incluindo, MAS NÃO SE LIMITANDO, à entrada humana de dióxido de carbono (CO2). A maioria, senão todas, influências humanas sobre o clima regional e global continuará a ser motivo de preocupação durante as próximas décadas.

Este é o ponto de vista que tem sido quase ignorado na ciência do clima / discussões políticas.

* Apesar das causas naturais de variações climáticas serem importantes, sem dúvida, as influências humanas são significativas e são dominadas por emissões para a atmosfera de gases com efeito de estufa, o mais importante dos quais é o CO2. O impacto negativo desses gases sobre o clima regional e global, constitui o principal problema das alterações climáticas para as próximas décadas.

Este é o ponto de vista do IPCC 2007 e, portanto, o foco da Conferência de Copenhague em 2009, que começa na próxima semana.

Uma prova cabal da hipótese 2 (influencia regional) tivemos ontem em São Paulo. A hipótese 3 pode explicar aquilo?

none disse...

Ari,

Assim como o Katrina não é prova do aquecimento global, as chuvas de ontem em São Paulo também não é prova de nenhum modelo de aquecimento global.

Fenômenos pontuais não evidenciam nenhuma tendência.

Vamos supor que os efeitos "diretos" do CO2 e outros gases sejam menores do que os "indiretos". Ainda assim seriam os principais componentes. Se uma pessoa joga um fósforo aceso em um posto de gasolina e o posto explode, a explosão é um efeito indireto da ação da pessoa (a causa primária é a liberação de grande quantidade de energia) - mas ainda assim, pela vinculação causal, a pessoa pode ser plenamente responsabilizada. Isso porque embora indireta, é a ação da pessoa o fator diferencial entre a explosão ou não do posto.

Quanto a outros fatores, sim, há outros fatores, já foi dito aqui. O que ocorre é que os gases de efeito estufa são um dos principais elementos - e analisando em termos de forçante são os principais.

[]s,

Roberto Takata

Unknown disse...

Fenomeno ilha de calor (aquecimento regional)e impermeabilização da superfície são as causas dos estragos em SP.
Quanto a anolagia você está supondo que o posto está carregado de gases e combustível. Se não estiver...
Tudo é sobre o efeito da ação humana na Terra. Se preferimos gastar bilhões por causa de cenários previstos em modelos que podem não estar corretos e não com os efeitos REAIS da ação humana no ambiente, com mortes e destruições, tudo bem.
Você falou que não conhecia nenhum cientista cético, eu sugeri alguns. Seria importante pra você e para sua profissão conhecer seus trabalhos. Lembre-se, eu disse cético e não "cético".

abraços

Unknown disse...

Fenomeno ilha de calor (aquecimento regional)e impermeabilização da superfície são as causas dos estragos em SP.
Quanto a anolagia você está supondo que o posto está carregado de gases e combustível. Se não estiver...
Tudo é sobre o efeito da ação humana na Terra. Se preferimos gastar bilhões por causa de cenários previstos em modelos que podem não estar corretos e não com os efeitos REAIS da ação humana no ambiente, com mortes e destruições, tudo bem.
Você falou que não conhecia nenhum cientista cético, eu sugeri alguns. Seria importante pra você e para sua profissão conhecer seus trabalhos. Lembre-se, eu disse cético e não "cético".

abraços

none disse...

"Fenomeno ilha de calor (aquecimento regional)e impermeabilização da superfície são as causas dos estragos em SP."

Contribuem, mas não são as causas da chuva torrencial de ontem.

"Quanto a anolagia você está supondo que o posto está carregado de gases e combustível. Se não estiver..."

Se não estiver, nenhum problema, a comparação é com outra coisa. O q importa aqui é o vínculo causal e o fator alterado.

"podem não estar corretos e não com os efeitos REAIS da ação humana no ambiente, com mortes e destruições, tudo bem."

Na verdade terá que se gastar com as duas coisas: mitigação e prevenção.

Podem não estar corretos no sentido de que qualquer hipótese científica pode estar errada. Mas a base que sustenta a hipótese é bem sólida.

"Você falou que não conhecia nenhum cientista cético, eu sugeri alguns."

Eu não falei isso. O que eu disse foi: "Qto aos 'céticos que só querem contribuir', preciso ser apresentado a eles..."

Cientistas céticos - inclusive negacionistas climáticos - conheço vários: alguns pessoalmente.

[]s,

Roberto Takata

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