Talvez eu lance verde lá no 2o euclipo (II EWCLiPo): a comunidade bloguista filomática (e adjacências) poderia fazer um mutirão para criar e manter uma revista de divulgação de ciências lusófonas (tanto a revista quanto as ciências).
Não, não é uma tarefa fácil, mas se cada um contribuir um pouco - com texto, trabalho de editoração e pesquisa, entrevistas e conhecimentos jornalísticos e de edição de imagens - creio que seria possível lançar uma revista eletrônica (em pdf para valorizar o visual) de caráter, digamos, bimensal ou trimestral.
Se fosse formalizada, permitiria até estágios para estudantes de jornalismo que queiram se especializar na área de jornalismo de ciências - ajudando na formação de profissionais qualificados para cobrir a área.
Seria distribuída em licença Creative Commons - das mais abrangentes: permitindo uso comercial e adaptação, bastando citar a autoria devida e a fonte. (Upideite (09/set/2009): ah, sim, claro, e a obra derivada também deve manter o tipo de licença original.)
É uma área um tanto carente. Superinteressante e Galileu não contam, são mais revistas de variedades juvenis do que especializadas em ciências. Há várias institucionais, com focos nos trabalhos desenvolvidos por pesquisadores vinculados às universidades e institutos de pesquisa patrocinadores ou agências de fomento. No Brasil, temos basicamente a família SciAm Brasil, mas em boa medida é uma tradução da matriz americana.
Claro que ainda assim haveria um custo envolvido. Mesmo com contribuição voluntária dos bloguistas, não seria justo não remunerar os estagiários - seja a título simbólico (sem falar nas garantias sociais legalmente exigidas). Haveria de ter inserção de páginas publicitárias para tentar cobrir parte dos custos. Cobrar pela distribuição não seria viável, mas poderiam se aceitar as esporádicas e escassas doações.
Enfim, é coisa que precisaria mesmo amadurecer. Poderiam ser feitas uma ou duas edições para testes - verificar a viabilidade técnica e econômica.
Haveria de ter alguns princípios fundamentais:
- morte ao sensacionalismo;
- portanto pseudociências passam longe;
- clareza *e* correção (se for inviável reduzir um conceito científico a um parágrafo, que se estenda em tantas páginas quanto necessárias; por outro lado, nada de pedantismo acadêmico: se um parágrafo é suficiente, nada de se estender por páginas em digressões verborrágicas);
- pluralidade temática (não, não é a senha para liberalidades com as pseudociências, devidamente barradas pelos dois primeiros princípios - primeiros na ordem de listagem, não de importância): falar de temas que normalmente não são abordados nas editorias de ciências das mídias convencionais, mas que sejam importantes (ou pelo caráter teórico ou pelas consequências na vida do cidadão comum) - sim, não quer dizer que não se vá cobrir as áreas de saúde, meio ambiente, astronomia, biotecnologia...
- foco na produção lusófona;
- destaque para as eventuais correções de informações equivocadas que tenham sido veiculadas pela revista;
- distinção tão cristalina quanto possível entre opinião e informação;
- total e radical separação entre o comercial e o editorial;
- corolário: distinção absolutamente clara entre páginas editoriais e publicitárias;
- veto à publicidade de bebidas alcoólicas e de fumígeros.
Upideite (09/set/2009): Várias ideias surgindo na discussão feita nos comentários (acho que irei subi-los em uma postagem - Upideite (15/set/2009): publicado aqui). A maioria excelente, uma... péssima, o que me faz incluir mais um princípio editorial fundamental:
- nunca, jamais, nem em pensamento, colocar eu, Roberto Takata, como editor.
Upideite (02/out/2009): mais aqui e aqui.
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
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9 comentários:
Oi, Roberto!
Acho a idéia excelente e gostaria muito de participar.
Entendo as questões práticas para viabilização sem, digamos, o respaudo de uma instituição. Mas acho que várias cabeças pensam melhor que uma e um grupo que se reúna e esteja a fim de tocar esse projeto adiante tem condições de pensar as soluções.
Mór apoio pra vc lançar a idéia no encontro de blogueiros de ciência, não vejo lugar melhor!
Temos alguns professores universitários dentro da comunidade de blogueiros científicos. Sempre rola ajuda do CNPq, FAPERJ, CAPES, etc para a editoração de periódicos e acho que eles exigem apenas que o periódico já tenha uma certa periodicidade.
Será que não rola pensar nisso? Já é o segundo evento financiado por agências de fomento. Acho que podemos continuar nesse caminho...
Tati, Luiz Bento,
Legal! Vão já agitando os neurônios para pensar em uma melhor formulação da revista: tanto na parte técnica (formato: seções fixas?, tamanho, display...) quanto na parte econômica: rola mesmo financiamento dos órgãos de fomento? inclusive para estágios?
Seria interessante também se pudessem comentar com outras pessoas que deverão ir ao 2o euclipo: medir a temperatura e já encaminhar uma discussão que pode rolar lá (assim, as pessoas podem ir com ideias mais amadurecidas, mais concretas eventualmente). Quem sabe não saímos do encontro com uma revista em andamento? (Sim, claro, estou sonhando alto aqui.)
[]s,
Roberto Takata
Achei uma ideia muito interessante. Gostaria de jogar outra: Formarmos uma SBBC (Sociedade Brasileira de Blogs Científicos), uma sociedade como outras sociedades cientificas e de divulgaçãocientifica (talvez mais informal, com carater de rede, se sede propria).
A SBBC ficaria responsavel pela organização anual do EWCLiPo, pelos premios ABC (que poderiam mudar de nome) e pela publicação da revista.
Sei que o pessoal (principalmente eu) não gosta de sociedades porque parece coisa de politico, mas acho que são necessarias no final das contas. Haveria um peso bem maior quando se for pedir financiamento para a revista e para o EWCLIPO.
O dinheiro levantado pela sociedade (contribuição dos membros, publicidade na revista, que deveria ser de preferencia de revistas de divulgação, universidades, cursos de jornalismo cientifico etc) poderia ser usado em itens de dificil financiamento (como o coffee break do EWCLIPO, pagamento de viagens de carro dos palestrantes etc).
Os membros da SBBC ficariam isentos das taxas de inscrição no EWCLIPO, e poderia receber uma versão em papel da revista.
E já proponho Takata para editor da revista!
Olha só como já estão surgindo ótimas ideias!!!
Gostei bastante da ideia da sociedade, já resolve vários "problemas" de uma vez (exceto a parte da edição impressa, acho que seria mais gasto desnecessário e que até depõem contra a gente, nossa mídia é a digital, né...)
Legal, vamos divulgar isso sim, assim o pessoal já chega no encontro com a lição de casa feita.
Eu coloquei no blog e no twitter; vou mandar o link pro Mauro e pro Carlos Hotta, quem sabe eles não arrumam um espacinho "oficial" no evento pra essa discussão?
Algumas idéias que surgiram no EWCLiPo:
1. Nome da Revista: BLOG
Voces teriam outras sugestões?
2. Juntar blogueiros de ciencia, cultura e politica como colaboradores
3. Fazer um numero zero, digital, pra ver como fica e ter um projeto concreto na hora de pedir grana para algum financiador
Excelente idéia, Takata! Eu me ofereço para diagramar, cuidar da parte gráfica da revista -- isto, claro, se algum profissional de verdade não surgir para a tarefa.
Diagramei as revistas Terra Redonda há alguns anos:
http://issuu.com/ceticismoaberto/docs/rtr03
Takata e Kentaro, estaremos fazendo uma reuniao sobre a revista na Livraria Cultura, dia 8 de outubro, às 19:30 h. Compareçam!
A Tatiana do Ciencia na Midia é de São Paulo
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