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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mais sobre os emails roubados - agora pegaram uma coisa séria

Agora parece que encontraram um problema gravíssimo naqueles emails roubados do grupo CRU/EAU. A suspeita - até mais do que suspeita - é de uma falha muito séria de conduta e até fraude. Detalhes aqui.

A questão afeta um ponto importante no último relatório do IPCC, a influência da urbanização no aumento da temperatura na China. O artigo questionado (Jones et al. 1990) apontava que não havia influência (ou melhor, que a influência era 10 vezes menor do que a variação total da temperatura). Porém, quando os dados da localização das estações urbanas e rurais foram liberadas - sob o FOI britânico (lei de liberdade de informação) -, 40 de 42 localizações rurais não batiam.

Refazendo as contas, em 2008, Jones et al. detectaram uma influência do efeito de ilha de calor urbana de 39,55% - 0,81oC da variação de temperatura na China continental entre 1951 e 2004 seria devido ao aquecimento global propriamente dito e 0,53oC à urbanização.

Bem, até aí são dados publicados e a reinterpretação era conhecida. O que vem à tona é a possibilidade de manipulação dos dados no artigo publicado originalmente na Nature. A suspeita recai sobre Wei-Chyung Wang, coautor do trabalho. Por quê, uma vez alertado/ameaçado por email sobre as falhas das localizações, Jones não optou por anular (retract) o artigo é algo que ele precisa responder. O tom de ameaça talvez o tenha feito imaginar que seria ceder à chantagem; explicaria, mas a retirada ainda seria a coisa certa fazer.

Um ponto que é bom deixar claro. Isso não afeta a conclusão geral do aquecimento global antropogênico. Por quê? Esse resultado corrigido reflete a situação da China (e notemos que a maior parte ainda é imputável ao aquecimento global propriamente dito), mas o aumento de temperatura é detectado também em regiões em que não ocorreu um aumento tão intenso de urbanização e também é detectado nas temperaturas superficiais oceânicas, além de em regiões terrestres mais afastadas de zonas urbanas - com estações de localização conhecida. Além de ser uma tendência detectada também por medidas de satélite - mas para uma série mais curta.

(Via Marcelo Leite/Ciência em Dia)

Referências
Jones, P., Groisman, P., Coughlan, M., Plummer, N., Wang, W., & Karl, T. (1990). Assessment of urbanization effects in time series of surface air temperature over land Nature, 347 (6289), 169-172 DOI: 10.1038/347169a0

Jones, P., Lister, D., & Li, Q. (2008). Urbanization effects in large-scale temperature records, with an emphasis on China Journal of Geophysical Research, 113 (D16) DOI: 10.1029/2008JD009916

4 comentários:

Unknown disse...

qualquer pessoa que tenha termometro no carro verá não 0,51C de diferença entre cidade e campo. A diferença estará entre 2 e enormes 7C de diferença. Ao dizer que UHI era irrelevante e tentar impedir que estudos per review que contradiziam isso fossem parar no AR4, mostram como o pessoal da UEA e Realclimate são desonestos. Mas isso eu já sabia.

none disse...

Ari,

Não é que a diferença entre a cidade e o campo seja de 0,51oC e sim que, do total de diferença entre a cidade e o campo, a urbanização é responsável por 0,51oC.

[]s,

Roberto Takata

Unknown disse...

Takata,
Não estou fazendo apologia dos termometros dos carros. Acho 0,51C enorme em relação ao aquecimento global médio de 0,8C em um século e não irrelevante como disseram alguns.

none disse...

Ari,

Sim, é um valor significativo.

[]s,

Roberto Takata

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